Publicado em 11 de agosto de 2023 às 04:59
Aplicativos, sensores e melhoramento genético são alguns trunfos utilizados pelos produtores capixabas para revitalizar a pecuária leiteira, garantindo, ao mesmo tempo, bem-estar animal e aumento da produtividade. >
Entre as inovações, está uma coleira que emite informações sobre a saúde do gado em tempo real para um aplicativo instalado no celular ou no computador. >
“O equipamento detecta alterações no comportamento do animal. O sistema indica se está doente ou no período reprodutivo, por exemplo”, explica o coordenador técnico de Produção Animal do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Bernardo Mello. >
Ao indicar se a vaca está apta à inseminação, o dispositivo resolve um dos problemas da pecuária, que é o cio silencioso. “Vaca que não emprenha no período reprodutivo é prejuízo”, frisa. >
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Um dos produtores que passou a fazer uso desse sistema é Emanuel Moulin, de Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado. “Nossos animais tinham muito cio silencioso. Com a coleira, conseguimos identificar e fazer o protocolo correto. Além disso, passamos a avaliar a ruminação do gado, para saber quanto está comendo, quanto tempo ficou em ócio, tudo isso via aplicativo”, conta Moulin.>
Na propriedade dele, foram iniciados testes em 65 animais, com avaliação positiva dos resultados. “Conseguimos mapear como está a saúde do animal e tratá-lo antes que fique doente”, aponta.>
Além dos colares, alguns produtores capixabas têm usado outros sensores para monitorar o comportamento dos animais, como explica o gerente de Bovinocultura e Assistência Técnica da Nater Coop, Filipe Ton Fialho. >
“O sensoriamento de bovinos é uma tecnologia relativamente nova no Brasil. Já há fazendas de médio a grande porte utilizando. A proposta é utilizar os podômetros (aparelho que registra o número de passos) instalados unitariamente. Cada vaca do rebanho recebe um, que fornece informações sobre doenças e comportamento do animal”, detalha Fialho.>
Esses sensores analisam se a vaca está andando menos do que o habitual e lançam um alerta para o operador do sistema, o vaqueiro ou o auxiliar de pecuária. >
“Esse animal pode estar doente, com febre ou algum problema que gere comorbidade. O sistema também alerta se a vaca estiver andando mais que o costume, já que há uma possibilidade de estar no cio”, pontua Fialho. >
Outra inovação implementada pela Nater Coop é o condomínio leiteiro, onde é feito o resfriamento do gado. Espaço que a cooperativa divide com os associados. “É uma atitude inédita no Espírito Santo”, aponta o coordenador técnico do Incaper Bernardo Mello.>
Ele comenta que a técnica de resfriamento antes da ordenha aumenta a produtividade.>
“Cerca de 80% dos produtores erram ao colocar as vacas em um ambiente muito quente. Mas é possível prover áreas de sombra tanto de forma artificial quanto natural, colocando linhas de árvores no pasto”, exemplifica o coordenador do Incaper.>
Mello cita outros exemplos de tecnologia no campo, como a inseminação artificial, que tem gerado animais mais produtivos e resistentes a doenças. >
“A produção de gado no Estado deu um salto muito grande nos últimos 15 anos, com a multiplicação de animais geneticamente superiores por inseminação in vitro, principalmente no gado de leite”, destaca.>
Também há avanços nos alimentos dados aos animais leiteiros, como explica o pesquisador Antônio Vander Pereira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que atua no desenvolvimento de melhoramentos para plantas forrageiras, destinadas à pastagem. “As pastagens evoluíram. Até 1960, eram utilizadas espécies que vieram nos navios que traficavam escravos para o Brasil, como o capim-colonião, muito comum no Espírito Santo, o capim-gordura e o capim-jaraguá”, contextualiza. >
Embora tenham boa adaptação às condições tropicais, são capins com potencial baixo de produção. Com a criação da Embrapa, em 1970, iniciou-se um programa de melhoramento, introduzindo coleções de forrageiras, mais produtivas e com melhor valor nutricional. “O capim-colonião precisava de dois a três hectares para suportar uma cabeça animal. Já com as cultivares melhoradas, é possível colocar quatro cabeças de animais por hectare”, compara.>
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