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Café premiado do ES é comprado em leilão por R$ 26,7 mil a saca

Café premiado do ES é comprado em leilão por R$ 26,7 mil a saca

Grão produzido em Venda Nova do Imigrante, na região Serrana capixaba, tinha sido escolhido o melhor café arábica do país em concurso. Agora, ele foi vendido por um valor recorde no leilão de cafés especiais

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 21:18

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Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa, de 20 anos, produtor de café em Venda Nova do Imigrante. (Divugação/BSCA)

Que o Espírito Santo é a terra onde se produzem os melhores cafés do mundo muita gente já sabe. Agora, além disso, mais uma vez ele entra para a história por ter os grãos mais valorizados do país. Em um leilão realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) na última quinta-feira (10), uma saca de 60kg de café arábica produzida no Estado foi vendida a R$ 26,7 mil.

Os grãos foram produzidos por Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa, 20 anos, no Sítio Escondica, em Venda Nova do Imigrante, na região Serrana do Espírito Santo. Há poucos dias o café produzido por ele foi campeão da Cup of Excellence – Brazil edição 2020, sendo eleito o melhor do país.

O produto capixaba teve o maior lance no pregão dos vencedores do principal concurso de qualidade de café do mundo, realizado pela BSCA em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE).

De acordo com o BSCA, foram leiloados dois lotes de sacas, de 60kg cada, do café produzido por Luiz. O primeiro recebeu o equivalente a R$ 26,7 mil por saca (US$ 40 por libra-peso ou US$ 5.291,20). Já a segunda saiu por R$ 25,9 mil (US$ 38,9/libra-peso ou US$ 5.145,69). 

O leilão registrou ainda o maior preço médio da história, ao atingir US$ 14,5 por libra-peso, o que equivale a R$ 9.662,99 (US$ 1.918,06) por saca de 60 kg. A arrecadação total foi de R$ 1.864.740,60 (US$ 370.142,44). Segundo a BSCA, esse foi o melhor nível em reais alcançado no leilão do Cup of Excellence no país. O resultado completo pode ser acessado no site.

A diretora da BSCA, Vanusia Nogueira, comemorou os resultados alcançados e destacou que a qualidade e a sustentabilidade dos cafés brasileiros fidelizam parceiros e clientes em todo o mundo. Segundo ela, apesar do delicado cenário econômico internacional, o leilão alcançou recordes.

"Creio que esses patamares só foram alcançados pelo grau de conhecimento que os principais compradores mundiais adquiram sobre todo o processo produtivo do café brasileiro e pela possibilidade de o Brasil cultivar cafés com potencial para atender a todos os paladares", comentou.

Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa (de azul), José Luiz Bozzi Pimenta de Sousa (de verde claro) e Luiz Henrique Bozzi Pimenta de Sousa (de chapéu) cultivam café em Venda Nova do Imigrante
Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa (de azul), José Luiz Bozzi Pimenta de Sousa (de verde claro) e Luiz Henrique Bozzi Pimenta de Sousa (de chapéu) cultivam café em Venda Nova do Imigrante. (Arquivo pessoal)

Em entrevista para A Gazeta após vencer o concurso, Luiz Ricardo brincou chamando o café produzido pela família de "néctar dos deuses" e ainda contou: "O segredo é trabalhar com amor, tratar as plantas como elas merecem e fazer com a maior dedicação possível".

Luiz também comentou que ele os irmãos buscaram se especializar no assunto. "Quando a gente (irmãos) começou [a trabalhar com café especiais], a gente não teve tanto apoio da família, porque eles sabiam que era algo difícil de ser feito, porém, eu e meu irmão estudamos fora da propriedade para trazer conhecimento e a gente foi se apaixonando. Isso fez a gente permanecer na propriedade e almejar ter os melhores cafés. Hoje a gente brinca que temos um néctar dos deuses".

PREÇO ALÉM DO CONVENCIONAL

A título de comparação, os desempenhos alcançados no leilão são significativamente maiores do que os preços praticados na Bolsa de Nova York, principal referência para comércio de café arábica no mundo.

O lance pago pelo campeão (US$ 40 por libra-peso), por exemplo, é 3.304% superior ao valor de US$ 1,2105 por libra-peso do café com vencimento para março de 2021 do contrato “C”, o mais negociado na plataforma nova iorquina.

Apesar de ser o maior valor pago em um concurso, R$ 26,7 mil na saca não é o maior valor pago pelo café arábica capixaba. Em 2017, uma saca de 60 kg do fruto natural produzido pela Fazenda Camocim, em Pedra Azul, Domingos Martins, bateu o recorde mundial e foi vendida por R$ 39,2 mil para quatro empresas japonesas.

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