Taxistas e motoristas de aplicativo: insegurança passou dos limites

Essa violência sucessiva faz crescer o medo entre esses profissionais que realizam o transporte privativo de pessoas na Grande Vitória. E com razão: a recorrência nas últimas semanas é preocupante

Publicado em 12/03/2024 às 01h00
Táxi
Taxista é encontrado morto no porta-malas do carro na Serra. Crédito: Paulo Ricardo Sobral/TV Gazeta

O caso do motorista de táxi encontrado morto dentro do porta-malas neste sábado (9), em uma estrada pouco movimentada na região do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, teve elementos trágicos. As investigações apontam que o taxista, de 75 anos, foi mantido preso no carro abandonado pelos bandidos porque eles acreditaram que a vítima conseguiria sair de lá.

A família contou que o motorista voltava todos os dias para casa para almoçar, o que não ocorreu no sábado. O desaparecimento foi então registrado. O  corpo da vítima foi encontrado à tarde no porta-malas e não apresentava sinais de violência, o que levou a perícia a crer que ele teve dificuldades de respirar.

Nesta segunda-feira (11), a notícia de uma outra ocorrência, agora envolvendo um motorista de aplicativo desaparecido desde a sexta-feira (8), visto pela última vez na Avenida Fernando Ferrari, em Vitória, também causou apreensão. Ainda no sábado, o veículo foi encontrado trafegando pela Avenida Beira-Mar, também na Capital, com dois adolescentes de 17 anos. O condutor segue desaparecido.

Semanas atrás, o desaparecimento de um motorista de aplicativo no domingo de carnaval causou comoção durante quase uma semana, até o corpo ser encontrado em Cariacica. Um dos suspeitos foi preso.

Isso sem falar nos episódios também recentes em que os profissionais foram abordados por bandidos, mas conseguiram escapar.  No dia 1º de março, um condutor de aplicativo foi assaltado por três homens em Cariacica. Eles levaram o carro, mas não conseguiram seguir adiante porque a vítima arremessou uma pedra no veículo e os criminosos bateram em uma árvore.

Na madrugada do dia 4,  um taxista foi feito refém com dois passageiros em um beco do bairro Bonfim, em Vitória. "Eles falaram que era para eu ficar tranquilo porque não ia acontecer nada, que não era assalto, só queriam o carro para fazer alguma missão. Eu fiquei desesperado, fiquei quietinho, na minha", contou a vítima.

Essa violência sucessiva faz crescer o medo entre esses profissionais que realizam o transporte particular de pessoas na Grande Vitória.  E com razão: a recorrência nas últimas semanas é uma preocupação a mais para taxistas e motoristas de aplicativo.

De alguma forma, os criminosos estão enxergando oportunidades nesse tipo de ação, quase sempre difícil de ser detectada por testemunhas. Mesmo que as empresas que gerenciam os aplicativos tenham estabelecidos medidas de segurança, como a exigência de CPF mesmo de passageiros que pagam com dinheiro, ainda é fácil burlar as regras. Nos casos dos táxis, então, a vulnerabilidade é ainda maior.

Em 21 de fevereiro,  a Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado aprovou projeto de lei que obriga as empresas de transporte  por aplicativo a instalar botões de pânico nos veículos. O projeto seguiu para a análise da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).

É um mecanismo de defesa importante, mais um aliado dos motoristas, mas não é infalível durante uma situação de risco. É importante que se regulamente seu uso, inclusive entre taxistas. 

O que pode realmente fazer a diferença é a investigação efetiva desses crimes, com a devida punição de quem os pratica. Cercos inteligentes e câmeras de segurança já são uma realidade que pode ajudar a salvar vidas e a identificar esses criminosos com mais rapidez. Esse tipo de abordagem precisa de reação policial rápida para que sirva de exemplo e assim consiga inibir novos crimes.

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