Só com mais educação bikes e patinetes compartilhadas darão certo

Sem patrocínio e subsídios, as startups que foram a vanguarda do serviço de aluguel no Brasil tiveram gastos com manutenção que se mostraram cada vez mais altos, principalmente por conta do vandalismo

Publicado em 27/01/2020 às 04h00
Atualizado em 27/01/2020 às 04h03
Bicicleta da Yellow em cima de ponto de ônibus. Crédito: Renan Bagatelli
Bicicleta da Yellow em cima de ponto de ônibus. Crédito: Renan Bagatelli

Os olhares mais atentos nas ruas de Vitória já tinham percebido o sumiço das bicicletas “amarelinhas” desde o final de novembro. As patinetes, alvo de tanta polêmica em 2019, continuavam empilhadas nas calçadas, mas cada vez menos eram vistas em atividade.

Não foi, portanto, uma surpresa o anúncio da Grow de que encerraria as operações dos dois veículos por aqui e em outras cidades do país (São Paulo, Rio e Curitiba são os únicos centros que ainda terão patinetes, mas também sem as bikes).

A promessa de avanço para a mobilidade urbana se concretizou no uso para pequenos trajetos, o que os especialistas denominam de micromobilidade.

As patinetes eram uma novidade por si só, e o diferencial das bicicletas era o fato de elas não necessitarem de estações: podiam ser estacionadas em qualquer lugar, o que a transformava em um meio de transporte mais eficiente, por permitir um deslocamento amplo e livre, dentro da área delimitada pela empresa. Patinete e bicicleta foram, também, muito usadas para o lazer.

O modelo, contudo, tem mostrado problemas de viabilidade em todo o mundo por seus custos. Sem patrocínio e subsídios, as startups que foram a vanguarda do serviço de aluguel no Brasil tiveram gastos com manutenção que se mostraram cada vez mais altos, principalmente por conta do vandalismo.

As bicicletas tinham um sistema de travas automático que não se mostrou intransponível a bandidos. E, no caso das patinetes elétricas, a controvérsia esteve sempre presente, com registros de acidentes que impuseram inclusive regulamentação municipal para o seu uso.

A própria logística, com a necessidade de espalhar as bicicletas pela cidade e de reabastecer as patinetes, foi encarecendo a operação e, consequentemente, o custo foi repassado ao consumidor. Quando os preços ficaram mais salgados, no meio do ano passado, foi perceptível a redução sistemática de usuários por Vitória.

Patinetes e bicicletas se multiplicaram pela cidade no ano passado; acabaram sendo um lampejo de uma civilidade que ainda não parece possível. Espera-se que as reestruturações que deem viabilidade ao negócio e o comportamento mais educado da população não demorem a se encontrar pelo caminho, para que outras iniciativas parecidas sejam capazes de vingar.

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