Com passaporte, quem recusa vacina vai se isolar por escolha própria

Se a regra for devidamente cumprida, a permissão do acesso a eventos somente a imunizados passa a ser um estímulo para as pessoas completarem o esquema vacinal

Publicado em 18/10/2021 às 02h00
Passaporte
Passaporte da vacina: aplicativo Conecte SUS permite o o controle da vacinação contra a Covid-19 na palma da mão. Crédito: Ministério da Saúde/Divulgação

O perfil das pessoas que não retornaram para receber a segunda dose contra a Covid-19 é uma justificativa e tanto para a adoção do passaporte da vacina. Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) na semana passada mostravam que, das 312 mil pessoas que naquele momento ainda não haviam completado o esquema vacinal, 72% tinham menos de 49 anos. Ou seja, justamente a parcela da população economicamente ativa, que trabalha, circula em eventos, reúne-se, viaja. E necessariamente precisa estar completamente protegida nesta etapa de queda de restrições.

Mesmo levando-se em consideração que é nesse amplo recorte que se encontra também quem está cumprindo o intervalo entre as duas doses, o percentual é alto demais, porque muitos já estão aptos a recebê-la.  Atualmente, o governo estadual garante que há livre oferta em todos os municípios, mas há registros de pessoas ainda com dificuldade de agendamento nos sites das prefeituras. O acesso, portanto, ainda precisa ser facilitado. Mas, ao mesmo tempo, há outras circunstâncias em que a decisão por não vacinar é pessoal. Se a regra for devidamente cumprida, a permissão do acesso a eventos aos completamente imunizados passa a ser um estímulo para as pessoas completarem o esquema vacinal.

Com o Espírito Santo prestes a derrubar todas as restrições nas microrregiões em risco muito baixo, as atividades econômicas, sociais e culturais estarão liberadas, mas com a exigência da apresentação do comprovante das duas doses. A imposição independe da quantidade de participantes presentes. É o esquema vacinal completo que vai garantir o direito de entrada, o que é a forma mais racional de prevenir novos surtos.

As vidas profissional e estudantil também podem ser radicalmente afetadas pela recusa. No serviço público estadual, 2.235 mil funcionários não aceitaram tomar a vacina contra a Covid-19, de acordo com o secretário de Saúde, Nésio Fernandes. Se mantiverem a posição, eles vão sofrer procedimento administrativo que pode levar à demissão. E uma lei também exige o cartão de vacinação em dia para a matrícula escolar em toda a rede pública e privada até os 18 anos.

Estudo do Instituto Jones do Santos Neves mostra como a consistência da vacinação no Estado está sendo determinante para a redução das mortes, com a estabilização da média móvel em 8,9. No momento mais crítico da pandemia, entre março e abril deste ano, esse número chegou a 77, no referencial de 14 dias. A vacinação avançou no Espírito Santo, enquanto os óbitos caíram, uma relação comprovada pelas estatísticas.

O que tem preocupado as autoridades de saúde pública é a queda do ritmo da vacinação no Estado, o que não pode mais ser atribuído à falta de imunizantes. Há duas semanas, a aplicação diária não ultrapassou 26 mil, inferior aos números diários registrados nos meses de agosto e setembro, quando eram registradas entre 40 e 50 mil pessoas vacinadas em um dia. Em 21 de agosto, foram 123 mil doses aplicadas.

A vacinação foi motivo de festa durante todo o ano de 2021, e assim precisa continuar. Os dados da Sesa mostram que a AstraZeneca é a mais comum entre os que não estão com a vacinação completa, o que pode ser explicado pelas reações que foram registradas na primeira dose. O receio não pode ser maior do que esse compromisso social e pessoal, que vai garantir um retorno mais tranquilo à normalidade. E não custa lembrar que todas as vacinas são seguras.

A confiança na imunização não pode cessar, pois é muito provável que as doses de reforço passem a ser uma rotina. Os que se recusam a se vacinar vão ficar cada vez mais isolados. Por escolha própria.

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