Carnaval de Vitória "fora de época" conseguiu matar a saudade dos foliões

Após as intempéries da pandemia que fecharam a avenida em 2021 e adiaram os festejos em 2022, o regresso ao templo do samba teve a euforia de quem volta de uma longa viagem

Publicado em 12/04/2022 às 02h00
Vitória
Carnaval 2022 - Desfile da Mocidade Unida da Glória. Crédito: Fernando Madeira

O espírito "fora de época" do Carnaval de Vitória em 2022  serviu para mostrar que a festa no Sambão pode ser atemporal. Pela própria natureza dos desfiles das escolas de samba na Capital, que desde 2001 são realizados uma semana antes da data oficial (o que rapidamente ganhou ares de "tradição capixaba"), essa noção de que qualquer data é tempo de carnaval já está arraigada ao imaginário coletivo no Espírito Santo. Após as intempéries da pandemia que fecharam a avenida em 2021 e adiaram os festejos em 2022, o regresso ao templo do samba teve a euforia de quem volta de uma longa viagem. Cheio de saudade.

Ser fora do seu tempo foi o que fez o Carnaval de Vitória crescer e se tornar tão esperado na agenda de eventos. Cresceu em qualidade. Cresceu em popularidade. Passou a movimentar a economia e tornou-se importante não somente para as escolas de samba, mas para todo o seu ecossistema nas comunidades. Quando foi inviabilizado em 2021 por conta dos efeitos sociais da Covid-19,  o carnaval silenciou os tambores e a possibilidade de renda dessas pessoas que personificam os desfiles, ano após ano.

A exuberância das alegorias, a beleza das fantasias. O samba no pé, a letra na ponta da língua. A emoção das arquibancadas a entoar os sambas-enredo mais cativantes. Tudo o que faz arrepiar os amantes do carnaval se fez presente no último fim de semana. E tampouco faltaram os percalços, como os atrasos, os carros alegóricos quebrados. Após tanto tempo sem os desfiles do Sambão, em função de um evento de saúde pública global, até mesmo os problemas característicos das escolas de samba ganharam um sabor de vida que está aos poucos voltando ao normal. 

Vale parabenizar o poder público que, em todas as suas esferas, fez valer de decisões racionais quando precisou cancelar ou adiar o carnaval e também quando apostou na sua realização tardia. As escolas de samba também merecem os cumprimentos por se esmerarem tanto, mesmo diante das dificuldades financeiras nesses tempos de crise. E, sobretudo, cada membro das comunidades que, com seu suor, trabalhou para fazer da sua escola a mais bonita. Sem esses anônimos, não haveria carnaval.

Os desfiles deste ano foram os primeiros de um novo tempo, espera-se, de volta à normalidade. Independentemente de qual escola se sagre campeã nesta quarta-feira (13), a vitória em 2022 é do carnaval.

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