Ainda sem vacina, coronavírus avança e exige cooperação de todos

Cuidados simples como uso de máscara e distanciamento social farão a diferença entre o controle do contágio e a necessidade de implantar uma nova quarentena, o que pode ser fatal para a economia

Publicado em 20/11/2020 às 05h04
Máscaras à venda no comércio de rua do DF
Máscaras à venda no comércio de rua . Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

chegada do primeiro lote da vacina Coronavac a São Paulo e a conclusão da fase 3 dos testes da Pfizer são um sopro de esperança na luta inglória que o Brasil tem travado contra o novo coronavírus. O otimismo é compreensível, mas o fato é que o país ainda tem meses duros pela frente até que os imunizantes sejam regulados e possam ser aplicados na população. Até lá não há clima para relaxar, sobretudo diante da curva ascendente de contágios e mortes registrada nas últimas semanas. O país volta a ser assombrado pela Covid-19 sem nunca realmente ter controlado a pandemia.

A doença avança em diversos Estados brasileiros, enquanto outros estão estacionados em um platô alto demais para ensejar qualquer comemoração. No Espírito Santo, os óbitos decorrentes do Sars-Cov-2 subiram pela primeira vez desde junho na primeira quinzena deste mês, e o pico de casos na chamada Região Metropolitana de Saúde, no último dia 8, ultrapassou o teto observado anteriormente. Justamente por não ter alcançado uma queda drástica de casos e mortes, não há consenso se o Brasil enfrenta uma segunda onda ou se é apenas um rebote da primeira. Não importa o nome, a realidade é a mesma e acende um sinal de alerta aos governantes.

Do governo federal não deve vir nenhuma surpresa. A toada negacionista que marcou a gestão Bolsonaro até aqui deve continuar a mesma. Há poucos dias, o presidente afirmou que o Brasil deveria “deixar de ser um país de maricas”, em mais uma crítica às regras de controle da pandemia. Na quarta-feira (18), um post do Ministério da Saúde que afirmava, corretamente, que não há vacina ou remédio que previna a Covid-19 e que as únicas armas eficientes são a adoção das medidas de proteção individual e o distanciamento social foi apagado de uma rede social, sob a alegação de “erro humano”.

Estados e municípios foram os verdadeiros protagonistas no combate à pandemia, no vácuo deixado pela ausência de uma articulação nacional. A diferença é que, neste momento em que o país assiste à tendência de alta, muitas cidades passam pela transição de poder nas prefeituras. Governantes que deixam o cargo ao fim deste ano e os eleitos que assumem em 2021 não podem permitir que disputas políticas interfiram no enfrentamento à Covid-19. Ciência e experiência já provaram que uma semana de atraso na adoção de medidas pode significar uma explosão de casos lá na frente.

Neste momento, cuidados simples como aqueles negados pelo Ministério da Saúde, ao apagar a postagem, farão a diferença entre o controle do contágio e a premência de implantar uma nova quarentena, o que pode ser fatal para a economia, já tão esfacelada. Uso de máscaras, higienização e todo o distanciamento possível devem selar o pacto para salvar vidas e segurar as pontas, até que as vacinas possam ser distribuídas. Empresas, população e administrações públicas não podem relaxar.

Uma articulação estadual indica que entidades e governo entenderam o alerta dados pelos números no Espírito Santo. Em reunião nesta semana no Palácio Anchieta, uma frente ampla mostrou que cada um deve fazer sua parte para evitar o pior. Governo, empresários de vários setores, líderes religiosos, deputados e órgãos como Ministério Público e Tribunal de Contas comprometeram-se com estratégias para ampliar a adoção de regras sanitárias e reduzir o fluxo de pessoas, de campanhas de conscientização a incentivos ao home office. As palavras de ordem foram planejamento e colaboração, mantras que precisam ecoar também nas administrações municipais.

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