Publicado em 19 de agosto de 2020 às 21:49
A Microsoft anunciou nesta semana que seus aplicativos e serviços não serão mais compatíveis com a última versão do Internet Explorer. A empresa cofundada por Bill Gates oficializa, assim, a morte do navegador, que dominou o mercado dos anos 1990 até 2012, quando iniciou sua trajetória de declínio.>
As projeções apontam para participação que varia de apenas 1% a 3% no mercado de navegadores em 2020.>
A partir de novembro, a ferramenta para comunicação corporativa do pacote Office 365, por exemplo, não será mais compatível com o Explorer 11. Em agosto de 2021, a Microsoft estenderá a medida a todos os seus aplicativos remanescentes.>
A comunidade de fãs do Explorer poderá usar o serviço para seguir acessando sites ou redes sociais se desejar, mas na competição de navegadores, seu maior diferencial será o apelo saudosista. Desde 2016, a Microsoft não realiza atualizações de segurança e nem oferece suporte técnico a versões antigas do serviço.>
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Há cinco anos, a empresa promove o Edge, criado para substituir o Explorer de forma gradativa. O novo produto representa 2,8% do mercado, de acordo com a consultoria NetMarket Share, mais do que a fatia de 2,3% do Explorer.>
Disparado em primeiro lugar vem o Chrome, lançado pela Google em 2008, com 66% do mercado, seguido de Safari, da Apple (17%), e do Mozilla Firefox (4,2%), segundo a StatCounter, que analisa o tráfego na web.>
Criado há 25 anos, o Internet Explorer era protagonista de uso na internet comercial dos anos 1990, que contava com concorrentes como o Netscape e o Opera, que participaram de uma guerra de browsers, à medida que o acesso às redes começava a se popularizar antes dos anos 2000.>
O maior rival, à época, era o Netscape, que ganhou o código legado do Mosaic, lançado em 1993.>
No início dos anos 2000, o Explorer era utilizado em mais de 90% dos computadores. A estratégia da Microsoft, iniciada nos anos 1990, foi incluir por padrão o navegador no seu pacote Office, numa ofensiva que cercou o mercado de novos competidores.>
A briga de big techs ainda não incluía Google, sendo Microsoft e Apple as principais rivais para hardware e software, com a Microsoft presente em grande parte das casas e empresas conectadas à internet, em especial depois do lançamento do Windows 95.>
Com a bolha da internet, que deu nova importância aos navegadores, a Justiça americana decidiu, em 2000, que a empresa de Bill Gates violava a lei antitruste uma das primeiras derrotas judiciais das grandes empresas de tecnologia e monopolizava o mercado de navegadores.>
Foi justamente a venda casada de Explorer com o sistema operacional do Windows que motivou a briga judicial. O caso só foi finalizado em 2004, com um acordo que previa o compartilhamento de códigos com outras empresas. O processo chegou a levantar a possibilidade de divisão forçada da empresa para poder comercializar os dois produtos.>
Durante esse período, surgiram os navegadores Safari, integrado ao sistema operacional da Apple, portanto usado por usuários de iPhone e MacBook, e o Firefox, da Mozilla, que surgiu com o diferencial de maior proteção à privacidade.>
O Chrome, do Google, veio só em 2008. Apesar de ele dominar o cenário de navegadores, o que se explica pela capilaridade do Android (sistema operacional da empresa presente em 87% do mercado de smarthones), o Google transformou o mercado de outra forma.>
A empresa criou a base de muitos navegadores, o Chromium, uma plataforma de desenvolvimento aberto que, inclusive, foi utilizada pela Microsoft para a criação do Edge. O navedor tem sua imagem dissociada do Explorer, que tende a ficar restrito a um logotipo dos anos 1990.>
"Essa tentativa de fazer a web ficar integrada ao sistema operacional deles unida aos lançamentos que vieram, com a proteção do Firefox, a agilidade do Chrome e os ecossistemas de iOS e Android dificultaram o caminho do Explorer. A tendência é cada vez mais ficar logado ao navegador da marca do celular", diz Vinícius Serafim, consultor e mestre em Ciência da Computação pela UFRGS.>
A Microsoft está orientando clientes para que mudem para o Edge, com alerta de que, passadas as datas de fim de compatibilidade, a experiência será degradada ou até impossível de ser realizada com outros produtos do pacote 365.>
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