Publicado em 12 de setembro de 2019 às 11:42
Uma possível mudança na forma de distribuição dos royalties de petróleo deve afetar em cheio o Espírito Santo. Governo do Estado e municípios capixabas podem perder de R$ 1,7 a R$ 2 bilhões por ano em compensações pagas pelas petroleiras por causa da produção de óleo. Se a Lei dos Royalties for declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), especialistas avaliam que os investimentos feitos por prefeituras e pelo Estado devem cair nos próximos anos.>
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o governo do Estado deixaria de receber anualmente cerca R$ 900 milhões. Já os municípios, terão uma queda de R$ 815 milhões em suas receitas anuais. O cálculo é feito com base na cotação atual do barril do petróleo e do câmbio e leva em conta a produção de petróleo e gás natural projetada pelas petroleiras para os próximos cinco anos.>
Os governos normalmente reservam esse valor de royalties para usar em investimentos. A redução dele implica diretamente na diminuição de obras e melhorias feitas por Estado e municípios, alerta o economista Alberto Borges, da Aequus Consultoria.>
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Para se ter uma ideia do tamanho do impacto, o corte projetado para o Espírito Santo representa cerca de 6% do orçamento anual do governo do Espírito Santo para 2019.>
Em entrevista à colunista Beatriz Seixas, no último dia 8, o secretário de Estado da Fazenda, Rogelio Pegoretti, já estimava que a perda de arrecadação do governo do Estado seria entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão por ano. Ele, ainda admitiu que será preciso revisar projetos e adotar ações de contingenciamento caso a mudança ocorra.>
Desde o início do governo estamos sendo extremamente cautelosos no controle das despesas e na execução orçamentária. Mas não descartamos lançar mão de medidas contingenciais para readaptar a situação fiscal do Estado a uma nova realidade, se ela ocorrer, frisou o secretário à colunista.>
Lei dos Royalties>
A legislação atual prevê que os royalties são uma forma de compensar a região produtora pelos riscos aos quais ela fica exposta. Ele serve como uma ajuda de custos caso ocorra um desastre ambiental ou mesmo o aumento da demanda por serviços básicos que as cidades e os Estados produtores possam ter com a extração petrolífera.>
Já chamada Lei dos Royalties, sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013, aumenta o repasse de dinheiro para Estados e municípios não produtores de petróleo. Consequentemente, isso representou uma redução na fatia destinada aos locais onde existe exploração, como é o caso do Espírito Santo..>
O texto prevê redução de 26,25% para 20% na fatia das compensações pagas a Estados produtores. Ela também prevê que o repasse de Participações Especiais (PEs) caia para 20%, cerca da metade do que recebem hoje.>
A lei acabou suspensa após decisão liminar (provisória) do STF. No entanto, o julgamento definitivo da ação está agendado para o dia 20 de novembro.>
Devido ao número de contestações judiciais feitas pelos produtores da commodity, a ministra Cármen Lúcia, havia concedido uma medida cautelar suspendendo a nova redistribuição. Com isso, desde então, nada mudou e o Espírito Santo permaneceu recebendo o que sempre teve direito.>
A possibilidade da lei voltar a ter validade não afetaria apenas o Espírito Santo. O Rio de janeiro, por exemplo perderá a maior fatia dos repasses. Segundo a ANP, o Rio e seus municípios devem deixar de arrecadar R$ 56,2 bilhões entre 2020 e 2023.>
Municípios>
Segundo especialistas, para além da situação dos Estados, a preocupação maior é com os municípios, que são altamente dependentes desses recursos para manter o equilíbrio fiscal das suas contas e realizarem investimentos. Para receber transferências da União, as cidades precisam estar abaixo do limite de gasto com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).>
Mesmo que as prefeituras não possam utilizar o dinheiro do petróleo em despesa de pessoal, o recurso é importante para não estourar o limite da LRF, já que compõe, muitas vezes, um percentual alto da receita municipal.>
Em 2018, de acordo com o revista Finanças dos Municípios Capixabas, alguns municípios capixabas chegam a ter mais da metade da suas receitas vinda do petróleo.>
Os cofres das prefeituras de Presidente Kennedy (que tem 72,2% da receita vinda dos recursos do petróleo) e Itapemirim (63,1%) devem ser os mais prejudicados com a possível mudança, seguidos por Marataízes (45,2%), Piúma (25,4%), Fundão (20,9%), Linhares (18,3%) e Anchieta (14,6%).>
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