Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Contarato: "Se a nacional do PT retirar minha candidatura, que fique com o ônus"

Senador é pré-candidato ao governo do Espírito Santo, mas pode ser rifado em favor do governador Renato Casagrande (PSB)

Senador Fabiano Contarato em plenária do PT do Espírito Santo
Senador Fabiano Contarato em plenária do PT do Espírito Santo. Crédito: Flávia Zambrone/Divulgação

A plenária do PT estadual para discutir um "projeto alternativo para o Espírito Santo", realizada neste sábado (11), foi marcada por recados enviados ao governador Renato Casagrande (PSB) e à direção nacional do próprio Partido dos Trabalhadores.

Diante de sinais de que a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT) ao Palácio Anchieta deve ser retirada, a militância reagiu e Contarato mesmo bradou:

Fabiano Contarato (PT)

Senador

"Que a nacional faça o que ela quiser, mas o Espírito Santo não pode ceder"

"Que eles fiquem com o ônus de retirar nossa candidatura. Não quero afrontar a nacional, mas quero mandar um recado: se isso acontecer o ônus é de vocês, não da militância", complementou.

A plenária, originalmente, seria o lançamento da pré-candidatura do senador. O evento foi "rebaixado". Um dos sinais de que o nome de Contarato pode não aparecer nas urnas no dia 2 de outubro.

Na prática, no entanto, o momento foi de exaltar o senador como candidato ao governo e de rechaçar o apoio a Casagrande. PT e PSB estão alinhados nacionalmente, como denota a chapa Lula-Alckmin, mas no estado a direção do PT e os filiados não querem repetir a parceria.

O fato de Contarato ter aparecido com 11% na pesquisa Ipec divulgada em maio, figurando em segundo lugar na disputa, agitou os ânimos. "É uma candidatura competitiva", ressaltou o deputado federal Helder Salomão (PT). Ele avalia que, se mantido um certo respeito entre as campanhas do governador e do senador, nada impede que haja dois palanques de centro-esquerda.

Como Casagrande tem uma ampla gama de aliados, que inclui até o PP, que apoia a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), os petistas querem garantir um palanque exclusivo para Lula, o que o governador já disse à coluna que não vai oferecer.

Devido a tratativas de apoio em outros estados, no entanto, a direção nacional do PT pode soltar a mão de Contarato.

PSB e PT definiram a próxima quarta-feira (15) como o dia decisivo para aparar essas arestas.

Em entrevista à coluna pouco antes de discursar, neste sábado, Contarato avaliou que há a possibilidade de a data não ser assim tão conclusiva. Ele segue defendendo que o PT tenha candidatura própria, principalmente para garantir um espaço de destaque para pedir votos para o ex-presidente Lula.

"O presidente Lula merece um palanque efetivamente progressista", afirmou. Ou seja, o palanque de Casagrande deixaria a desejar.

Questionado sobre a possibilidade de apoiar publicamente a reeleição do governador, caso a nacional retire a candidatura do PT no Espírito Santo, o senador preferiu não adiantar qualquer posicionamento:

"Esse é um fato que eu não trabalho neste momento. Não tem plano B. O que vai acontecer depois eu não sei".

No evento, Contarato foi ovacionado como "futuro governador" e, por várias vezes, foi entoado o grito de guerra, que depois virou um jingle improvisado: "Lula lá, Contarato cá".

Mais que isso. Da plateia, ouviam-se gritos contrários a Casagrande. "A gente não quer esse cara governando o estado", gritou uma mulher. Até mesmo nos discursos de alguns militantes esse era o espírito da coisa: "Esse cara (Casagrande) não pode ser a nossa opção. Sem Contarato nosso voto é nulo".

"A posição do diretório estadual na manutenção da sua candidatura é unânime", afirmou a deputada estadual Iriny Lopes (PT), dirigindo-se ao senador. "Tenho certeza que convenceremos a direção nacional", complementou.

Única vereadora do PT em Vitória, Karla Coser disse que a filiação de Contarato ao partido fez as pessoas, para além da militância, voltarem a ter orgulho de usar a camisa do partido.

Para o ex-prefeito de Vitória João Coser, a disputa pela Prefeitura de Vitória, em 2020, em que o PT chegou ao segundo turno, com o próprio Coser, "foi o início da retomada". "Perdemos a eleição em Vitória, mas ganhamos politicamente", avaliou.

O clima na plenária era de que este é "o" momento do PT local, logo, seria um tiro no pé retirar o nome de Contarato da corrida pelo Palácio Anchieta. 

"Estamos dependentes da direção nacional", resumiu o ex-prefeito.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.