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Casagrande quer o PT, mas nega palanque exclusivo para Lula

Governador conversa com lideranças petistas locais e espera que partido abra mão da candidatura do senador Fabiano Contarato ao Palácio Anchieta sem que isso seja imposto pela direção nacional

Vitória
Publicado em 07/06/2022 às 02h10
Governador Renato Casagrande
Governador Renato Casagrande . Crédito: Helio Filho/Secom

O governador Renato Casagrande (PSB) conversa com lideranças do PT local e espera que os petistas decidam pela aliança com o PSB sem que seja necessária uma imposição por parte da direção nacional. Assim, a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato (PT) ao governo do Espírito Santo seria retirada em apoio à reeleição de Casagrande.

O que o socialista estaria disposto a conceder, em troca desse apoio? Vaga de candidato a vice? De candidato ao Senado?

"Não chegamos nesse tema. O PT tem suas prioridades. A prioridade do PT é a eleição do Lula e o PSB já fez aliança com o Lula, é assunto já resolvido. O PSB aqui está na campanha do Lula. O PT quer ampliar sua base na Assembleia, eleger deputado federal ...", respondeu Casagrande à coluna.

Então, já que a prioridade é eleger Lula, o governador pediria votos publicamente para o ex-presidente, garantindo a ele um palanque exclusivo no estado, como ocorreria se Contarato fosse o candidato?

Renato Casagrande (PSB)

Governador do Espírito Santo

"Nosso projeto não vai ser um palanque exclusivo para Lula, mas os partidos vão ter todas as condições para trabalhar a candidatura do presidente Lula"

"No projeto que estamos construindo poderá ter e terá, até pela posição do PSB nacional, a candidatura do ex-presidente Lula. Se neste projeto estiver o MDB, terá a candidatura da Simone (Tebet), terá a candidatura do Ciro (Gomes). Então a minha posição é orientada pelo partido, mas como pessoa, como candidato de um projeto que poderá se estabelecer a partir de julho, vai ser uma posição mais ampla de acolhimento também para outras candidaturas", avisou.

Esse é o quadro que já se desenhava até aqui. Casagrande nunca foi um entusiasta pró-Lula, mantendo uma postura de conciliação entre os aliados de diversos partidos.

O Podemos, que está entre eles, chegou a abrigar a pré-candidatura à Presidência da República do ex-juiz Sergio Moro, arquirrival de Lula, e o governador tentava se equilibrar entre extremos, desagradando, de qualquer forma, o PT.

Contarato está em segundo lugar na corrida pelo Palácio Anchieta, de acordo com pesquisa Ipec divulgada em maio, com 11% das intenções de voto, empatado com Carlos Manato (PL) e perdendo apenas para o próprio Casagrande, que apareceu com ampla vantagem (42%).

O governador ainda não se diz pré-candidato à reeleição, deve anunciar isso no início de julho.

As direções nacionais de PT e PSB decidiram que até o dia 15 de junho vão ser definidas as parcerias entre as duas siglas nos estados. É o Dia D para o destino eleitoral do senador petista.

O PT nacional pode, ao costurar alianças envolvendo outros estados, usar o Espírito Santo como moeda de troca, sem exigir nada além do que Casagrande está disposto a oferecer, ou seja, um palanque não exclusivo para Lula.

PCdoB QUER RETIRADA DE CONTARATO E UNIÃO POR CASAGRANDE

O PCdoB, que integra uma federação, uma espécie de coligação turbinada, com duração de quatro anos, com PT e PV, defendeu, em resolução divulgada nesta segunda-feira (6) pela Comissão Política Estadual do partido, a retirada do nome de Contarato  da corrida eleitoral e a união da esquerda em prol da reeleição de Casagrande.

"Além de sermos aliados históricos do PT, agora formamos, também junto ao Partido Verde - PV, a Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), esta afinidade política e programática nos permite emitir esta opinião, que coloca o interesse nacional à frente das definições regionais, pois está em jogo o futuro do Brasil", diz o texto.

"O PCdoB se manifesta pela necessidade da efetivação dessa unidade, concentrando a participação progressista, em torno da reeleição do governador Renato Casagrande, com um palanque forte e unificado para Lula/Alckmin, como sendo a alternativa concreta e mais eficaz para impedir o avanço do autoritarismo em nosso Estado e no Brasil", registra a resolução.

O apoio do PCdoB, que está no seio do PT, a Casagrande enfraquece a possibilidade de Contarato disputar o governo, mas não chega a surpreender. O partido faz parte da base de apoio ao governo estadual. O ex-diretor-geral do Detran Givaldo Vieira assumiu o posto em 2019, quando filiado à legenda. Desde 2021 ele integra as fileiras do PSB.

O presidente estadual do PCdoB, Neto Barros, marcou presença no congresso estadual do PSB, no início de abril.

A resolução de apoio à reeleição do governador elenca pontos considerados positivos da gestão estadual:

"(...) O único governador do campo democrático e progressista eleito fora da região nordeste, vem fazendo uma gestão com crescimento econômico acima da média nacional, com as contas equilibradas, significativo volume de recursos no Fundo Soberano e grandes investimentos em infraestrutura, na educação e tendo na saúde a fundamental contribuição de quadros do PCdoB e do PT, com destaque nacional no enfrentamento da Pandemia e na reorganização do SUS estadual".

O texto destaca ainda a relevância da atuação de Contarato no Senado e avalia que ele "terá uma contribuição inestimável na campanha".

O PV, outro membro da federação com o PT, também é aliado de Casagrande e compõe o governo. Nesta segunda-feira mesmo o presidente estadual do partido, Fabrício Machado, rasgou elogios ao governador em um evento no Palácio Anchieta. Machado é secretário estadual de Meio Ambiente.

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