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A sinuca de bico do PSOL no Espírito Santo

Nacionalmente, partido sofreu uma onda de desfiliações por descontentamento com o apoio a Lula-Alckmin. Por aqui, também há problemas

Vitória
Publicado em 06/06/2022 às 07h51
Vereadora de Vitória Camila Valadão
Vereadora de Vitória Camila Valadão. Crédito: Facebook/Camila Valadão

O apoio do PSOL à chapa Lula-Alckmin gerou uma ruptura no partido. Uma carta com uma série de críticas à legenda é assinada por membros que anunciaram desfiliação. O movimento é nacional e não provocou debandada no Espírito Santo. Por aqui, no entanto, a situação também é tensa.

Além de apoio à candidatura petista à Presidência da República, o PSOL aprovou a formação de uma federação com a Rede. No estado, o pré-candidato da Rede ao governo é o ex-pr efeito da Serra Audifax Barcelos, que não conta com a simpatia da maioria dos psolistas.

O principal nome do PSOL local é a vereadora de Vitória Camila Valadão, pré-candidata a deputada estadual. A parceria com a Rede é fundamental para elegê-la. Sem isso, mesmo que recebesse muitos votos, correria o risco de ficar de fora da Assembleia Legislativa.

Valadão, no entanto, embora prefira não comentar o imbróglio com a Rede, já emitiu sinais de apoio a outro pré-candidato ao Palácio Anchieta, o Capitão Sousa, do PSTU.

À coluna, a vereadora pontuou que vai seguir o que o partido definir. O apoio a Audifax ainda está em discussão.

 "Tenho respeito pelo Capitão Sousa, tenho solidariedade com ele. Quando ele foi perseguido por PADs (Processos Administrativos Disciplinares) a gente se posicionou. Mas minha posição política nesta eleição vai ter vinculação com a resolução do nosso partido no estado, que ainda está dialogando com a Rede", pontuou a parlamentar.

Camila Valadão (PSOL)

Vereadora de Vitória

"Minha relação com ele (Capitão Sousa) não é eleitoral"

Ninguém do PSOL compareceu ao lançamento da pré-candidatura de Audifax, em abril. Camila Valadão foi a única a telefonar para o ex-prefeito avisando que não poderia ir, pois já tinha outro compromisso.

Além de o ex-prefeito da Serra não ser um homem de esquerda, outra questão que emperra o apoio do PSOL a ele é a vaga de candidato ao Senado.

Os psolistas já lançaram Gilbertinho Campos como pré-candidato. Audifax quer um nome mais competitivo e é pragmático, ou seja, não interessa muito a ideologia do escolhido. 

O PSOL surgiu, em 2004, como uma dissidência do PT, após um grupo de parlamentares ser expulso da legenda por ter votado contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo Lula.

Assim como o PT, o PSOL é composto por diferentes grupos e é normal haver divergências internas. Agora, no entanto, a coisa é mais séria.

Primavera Socialista é o maior grupo nacionalmente, que conta com o deputado federal Ivan Valente e o membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulos, por exemplo.

Esse grupo garantiu a adesão à Rede.

No Espírito Santo, a Primavera Socialista não é majoritária. Esse papel cabe à Ação Popular Socialista, outro grupo do PSOL. Dele, fazem parte a ex-deputada estadual Brice Bragato e o atual presidente estadual do partido, Toni Cabano. A APS é o segmento mais à esquerda do PSOL.

Quanto à debandada, a carta de desfiliação registra a assinatura de ao menos um integrante do partido no estado, Rafael Saltori, que foi candidato a vereador pelo PSOL em Cachoeiro de Itapemirim em 2020. Ele já se apresenta como militante do PCB.

"Aqui não teve ruptura, há descontentes, sim, com a federação com a Rede, mas sem desfiliações por conta disso. Temos certa autonomia em relação à Rede. Lançamos Gilbertinho (ao Senado) e mantemos o nome dele, estamos conversando com a Rede", minimizou Toni Cabano.

Representantes do PSOL nacional estiveram no estado para apaziguar os ânimos, mas continua tudo na mesma.

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