Jorge Gerdau Johannpeter, 88 anos, um dos grandes responsáveis por ter transformado a Gerdau, fundada em 1901, na maior empresa brasileira produtora de aço - com mais de 30 mil funcionários e faturamento de R$ 14,7 bilhões -, esteve em Vitória, na última quinta-feira (03), para o lançamento do ES 500 Anos, planejamento estratégico do Estado do Espírito Santo. O empresário esteve, antes, na Rede Gazeta, onde concedeu uma entrevista ao videocast Papo de Valor. Falou sobre política, economia, reforma tributária, fez críticas (construtivas) ao Brasil e muitos elogios e alertas ao Espírito Santo.
"O Espírito Santo é um caso praticamente único no Brasil, que, aliás, trato como exemplo. Essa capacidade de diálogo do governo com o setor privado, com entrega de resultados, é muito estratégica. Isso faz falta aos Estados e também ao governo federal. Aqui vocês estão apresentando um planejamento de dez anos, será que o governo federal, como um todo, sabe onde quer estar daqui a três anos? A maior parte do Brasil está em um processo político viciado, que observa o curto prazo, interesses paroquiais, a próxima eleição... Nada de estratégia. O Espírito Santo, e eu acompanhei bem isso lá atrás, sofreu muito com os desmandos dos anos 90 e início dos anos 2000. Ali o Estado conseguiu montar uma estrutura, inclusive política, que permitiu chegar nesse estágio atual. É muito importante manter a estratégia de pé, como uma política de Estado que tanto tem feito bem ao Espírito Santo".
Gerdau elogiou a reforma tributária, mas fez ponderações. "Acho que vai simplificar. As usinas dos Estados Unidos produzem 70% do aço que é produzido no Brasil. Lá eu não tenho nenhum livro fiscal ou funcionário especializado em pagamento de impostos, aqui eu tenho seis livros e preciso ter 130 especialistas. É uma loucura! Agora, não podemos topar pagar uma alíquota de 27% ou 28%. O mundo paga, na média, 21%. O Brasil vai topar ter o maior IVA (Imposto sobre o Valor Adicionado) do mundo? Temos que olhar para isso".
O empresário também falou sobre a vitalidade aos 88 anos. "Eu procuro ser sempre útil. Como eu posso ser útil? Essa pergunta não sai da minha cabeça. Isso te dá satisfação. Toda vez que faço aniversário eu me questiono: o que preciso fazer para ser útil, como sou hoje, daqui a dez anos? É meio maluco, mas vem dando certo (risos)".

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.