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ES 500: planejamento estratégico só dará certo se for entendido como um plano de Estado

Setor produtivo e governo lançaram, nesta quinta-feira, o ES 500 Anos, planejamento estratégico de longo do Estado do Espírito Santo

Vitória
Publicado em 04/07/2025 às 03h00
ES 500 Anos: planejamento estratégico do Estado do Espírito Santo
ES 500 Anos: planejamento estratégico do Estado do Espírito Santo. Crédito: Abdo Filho

"O Espírito Santo é um caso praticamente único no Brasil, que, aliás, trato como exemplo. Essa capacidade de diálogo do governo com o setor privado, com entrega de resultados, é muito estratégica. Isso faz falta aos Estados e também ao governo federal. Aqui vocês estão apresentando um planejamento de dez anos, será que o governo federal, como um todo, sabe onde quer estar daqui a três anos? A maior parte do Brasil está em um processo político viciado, que observa o curto prazo, interesses paroquiais, a próxima eleição... Nada de estratégia. O Espírito Santo, e eu acompanhei bem isso lá atrás, sofreu muito com os desmandos dos anos 90 e início dos anos 2000. Ali o Estado conseguiu montar uma estrutura, inclusive política, que permitiu chegar nesse estágio atual. É muito importante manter a estratégia de pé, como uma política de Estado que tanto tem feito bem ao Espírito Santo", elogiou Jorge Gerdau, um dos empresários mais importantes do país, que esteve, nesta quinta-feira (03), em Vitória para o lançamento do Plano de Desenvolvimento de Longo Prazo ES 500 Anos, uma construção que envolveu setor produtivo e governo do Estado.

A fala de Gerdau é um farol importante. A sociedade capixaba precisa compreender que não se trata de um plano de governo, mas de Estado. Fora disso, não há chance de dar certo no longo prazo. Claro que diálogo e eventuais correções de rota são muito saudáveis fazem parte do roteiro, mas não pode haver uma contaminação por parte da política rasteira, afinal, a onça nunca morre.

Os capixabas, que de certa forma já se acostumaram com essa relação entre o público e o privado (claro que há problemas, mas a coisa vem avançando nas últimas duas décadas), precisam sempre lembrar que nada está dado e que a relação (republicana) precisa ser alimentada. Daí o alerta de Jorge Gerdau sobre uma estrutura política que permita este contrato social. Importante sempre frisar que um dos motivos que mais atraem empresas de fora para cá é justamente o equilíbrio institucional e a capacidade de diálogo adquiridas ao longo dos últimos anos.

"É um plano que traz ambições em comum. Essa parceria público-privada é simbiótica (de acordo com a biologia, trata-se de um interação íntima e de longa duração entre organismos de espécies diferentes e os dois podem se beneficiar), não é parasitária (quando uma espécie se beneficia da outra)", explicou André Coutinho, sócio da Symnetics, consultoria, de São Paulo, responsável por colocar o ES 500 anos de pé.

Naílson Dalla Bernadina, presidente do ES em Ação, instituição criada por empresários do Estado no auge da crise capixaba e que vem capitaneando a formulação de planejamentos estratégicos para o Espírito Santo desde 2005, fez questão de destacar o distanciamento político do projeto. "É a construção da boa ambiência. Trata-se de um plano de Estado, completamente apartidário".

A grande preocupação do movimento empresarial é manter, de 2026 em diante, a velocidade dos avanços obtida de 2003 para cá, período em que o Estado foi governado por apenas dois governadores: Renato Casagrande, que entrou na reta final do seu mandato e não pode mais se reeleger, e Paulo Hartung, que voltou à política partidária (filiou-se recentemente ao PSD), mas não deve disputar mais um mandato de governador.

A transição na política capixaba é inexorável, o desafio é que a manutenção dos avanços também seja.     

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