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Ferrovias: o Espírito Santo precisa estar com os olhos bem abertos

O Estado tem tudo para ser a alternativa para movimentar cargas internacionais no Brasil, mas para isso precisa estar conectado ao país com ferrovias adequadas

Vitória
Publicado em 02/09/2025 às 03h00
Vports
Vports revitaliza estrutura ferroviária e de galpões no complexo portuário . Crédito: Carlos Alberto Silva

Muito bem localizado geograficamente e com importantes investimentos portuários saindo do papel, o Espírito Santo tem se apresentado como alternativa viável de plataforma logística para o Brasil. Diante do estrangulamento da infraestrutura nacional e do aumento constante da demanda, principalmente vinda do agronegócio, parece ser um jogo ganho. Mas só parece... Para ser viável de fato, o Estado precisa de ligações ferroviárias eficientes.

A Ferrovia Vitória-Minas, que vai dos portos capixabas até a Grande Belo Horizonte, é eficiente, mas é a única estrada de ferro operacional do Estado e, diferente da gigantesca maioria das concessões ferroviárias do país, não é administrada por uma companhia que tem a logística como o seu negócio final, mas pela Vale, que, muito embora tenha um largo (e respeitado) histórico de investimentos logísticos, é uma mineradora. A bem da verdade é que a Vitória-Minas, hoje, é o menor dos problemas ferroviários do Espírito Santo, aliás, é a única coisa que funciona. Os pontos mais problemáticos são: EF-118 (Vitória-Rio) e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

As discussões sobre a renovação antecipada da concessão da FCA se arrastam desde 2023. A VLI Logística, cujo contrato termina em 2026, quer renovar, mas o acordo não sai. A FCA é uma importante estrutura de integração que conecta o Brasil Central (lembre-se do agro) às ferrovias que fazem a ligação com o litoral (ela se conecta à Vitória-Minas na Grande Belo Horizonte). Portanto, um contrato que melhore a eficiência dela como um todo (não apenas do corredor que vai para Santos) é fundamental para as pretensões capixabas. A questão é que, até agora, pouco se sabe da segunda oferta feita pela VLI (a primeira foi rechaçada pelo governo federal) e os pedidos capixabas vêm, um a um, sendo colocados para depois.

Depois de o Contorno da Serra do Tigre, no Norte de Minas, o primeiro dos desejos, que facilitaria a chegada de cargas do Triângulo Mineiro, não se mostrar viável economicamente, o Estado apresentou dois pedidos: ampliação rumo ao Noroeste mineiro, região que vem crescendo na produção de grãos, e a construção do contorno da Grande BH, para acelerar a passagem das composições. As informações vindas de Brasília é de que, se a renovação com a VLI sair mesmo do papel, o contorno só sairá como gatilho (se houver demanda). Sobre o Noroeste mineiro, o tema esfriou e o debate agora estaria sobre a ligação com a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), na Bahia, que irá até o porto de Ilhéus.

Sobre a Estrada de Ferro 118, que pretende ligar Vitória ao Rio de Janeiro (e os vários portos dos dois estados), a semana passada terminou com uma ducha de água fria. A estratégia do governo federal para dar o pontapé inicial no projeto era utilizar parte de um recurso, cerca de R$ 2 bilhões, que vinha sendo negociado com a Vale (ainda em cima das renovações antecipadas das ferrovias Carajás e Vitória-Minas) na obra entre Santa Leopoldina e o Porto de Ubu (em Anchieta). O acordo não saiu e existe até a possibilidade de judicialização do tema. Ou seja, o dinheiro não virá. Preocupado, o governo estadual foi atrás do Ministério dos Transportes, que garantiu a manutenção do projeto mesmo sem a Vale. O problema agora é saber de onde virá o recurso bilionário.

O Espírito Santo precisa estar com os olhos bem abertos e se articular.  

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