Publicado em 18 de novembro de 2020 às 08:56
O presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse nesta terça-feira (17) que a empresa tem avançado nas negociações com o Ministério da Saúde e que, caso um acordo seja fechado, poderia disponibilizar vacinas já no primeiro trimestre de 2021. >
A declaração ocorreu na saída de uma reunião na sede da pasta, em Brasília. "Estamos otimistas de que vamos a chegar a um bom entendimento", afirmou.>
Segundo ele, as conversas com a pasta foram retomadas na última semana, após dados divulgados pela empresa apontarem que a vacina apresentou mais de 90% de eficácia na análise preliminar dos testes da fase três - a última etapa de estudos.>
Os resultados, no entanto, ainda são parciais e não correspondem à conclusão do ensaio clínico, em andamento também no Brasil. Ainda assim, os números levaram a empresa a retomar o diálogo com a pasta.>
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Questionado, Murillo não informou o número de doses em negociação, mas afirma que a oferta apresentada "permitiria vacinar alguns milhões de brasileiros no começo de 2021".>
Segundo ele, caso haja conclusão dos estudos nos prazos previstos, a vacina pode estar disponível nos Estados Unidos e no Canadá em dezembro. No Brasil, o prazo mais otimista, diz, prevê possibilidade de oferta em janeiro.>
"Nos tempos que manejamos para o Brasil, dependendo dos avanços regulatórios, estimamos que esteja disponível no primeiro trimestre, que poderia ser algo como janeiro. Mas ainda depende de muitas variáveis, como chegar a um acordo com o governo", afirmou.>
O prazo também depende da aprovação de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), etapa necessária para que possa ser distribuída. Recentemente, o ministério tem informado que uma eventual nova compra também deve ocorrer apenas após aval da agência.>
Outra possibilidade é que a negociação seja fechada assim que houver registro em outros países, segundo membros da pasta.>
Apesar de ver os dados iniciais de eficácia da potencial vacina da Pfizer como favoráveis, representantes do ministério têm demonstrado preocupação com a logística de oferta do imunizante, que necessita ser armazenado em baixíssimas temperaturas, em torno de -70 C.>
Murillo admite que esse pode ser um ponto de entrave, mas diz que a empresa tem buscado alternativas.>
"A ciência tem avançado não somente no desenvolvimento da vacina, mas na parte logística", diz ele, segundo quem a Pfizer tem uma embalagem que permite manter a vacina por 15 dias com uso de gelo seco. Um modelo foi apresentado na reunião com o ministério nesta terça.>
"A vacina também pode ficar em refrigerador comum até cinco dias. Não resolve de todo o problema logístico, mas claramente demos um passo importante que possibilita contar com a vacina", disse.>
Questionado pela reportagem após o encontro, o ministério não comentou as negociações.>
Em nota divulgada horas antes, no entanto, a pasta informou que a agenda tinha como objetivo "conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório".>
"A aquisição dos imunizantes deve ocorrer à medida em que os ensaios clínicos apontarem a total eficácia e segurança dos insumos e o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária for realizado", apontou.>
A reunião com a Pfizer, porém, não é única prevista para esta semana.>
Os anúncios recentes de dados preliminares de eficácia por diferentes empresas à frente de estudos de vacinas contra a Covid levaram a pasta a organizar uma nova agenda de negociações.>
Além da Pfizer, estão previstas reuniões com a Janssen, braço farmacêutico da Johson & Johnson; Instituto Gamaleya, da Rússia, que responde pela vacina Sputnik V, e Barat Biotech, da Índia, à frente de testes com a chamada Covaxin, "que também possuem vacinas em estágios avançados de desenvolvimento", diz o ministério.>
A Folha apurou que um encontro também foi marcado para quinta (19) com a Moderna. A reunião ocorre dois dias após a empresa apresentar dados iniciais que apontam eficácia de quase 95%.>
Atualmente, o ministério da Saúde já tem acordos para obter ao menos 140 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Destas, 100 milhões viriam por meio de um acordo com a Astrazeneca e Universidade de Oxford, que deve fazer uma transferência de tecnologia à Fiocruz.>
Outras 40 milhões de doses ocorreriam por meio da Covax Facility, consórcio ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS), que acompanha estudos de nove potenciais vacinas contra a Covid.>
Recentemente, o ministério também chegou a anunciar um protocolo de intenções para compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina em desenvolvimento pela empresa chinesa Sinovac com o Instituto Butantan.>
O acordo, no entanto, foi suspenso após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que não compraria a "vacina chinesa do João Doria", em referência ao governador de São Paulo e seu adversário político.>
Internamente, porém, membros do ministério avaliam a possibilidade de uma retomada futura das negociações, uma vez que o Butantan responde pela oferta de 75% das vacinas hoje usadas pelo ministério contra outras doenças.>
Ainda em nota, o ministério diz que a previsão é que a "primeira remessa de vacinas [contra Covid] já esteja disponível no primeiro semestre de 2021 e contemple inicialmente o grupo de risco da doença, que serão definidos pelos aspectos epidemiológicos, de eficácia e de segurança da vacina a ser utilizada".>
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