Publicado em 21 de maio de 2020 às 10:49
A decisão do governo de adiar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não teve um embasamento técnico, mas sim foi fruto do temor do presidente Jair Bolsonaro de sofrer uma nova derrota no Congresso.>
O presidente tem adotado o discurso de que a pandemia do coronavírus não é justificativa para paralisar atividades no país, como a suspensão de aulas. Pela manhã, a apoiadores, chegou a dizer que era cedo para tomar esta decisão. "Vamos esperar um pouquinho mais, é muito cedo. Nós estamos agora em maio, é novembro (a data das provas). Espera um pouquinho mais para tomar decisão", afirmou ao deixar o Palácio da Alvorada. A derrota na véspera no Senado e a possibilidade de a Câmara também aprovar o adiamento, a contragosto do governo, o fez mudar de ideia horas depois. >
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a iniciar a sessão em que votaria o adiamento. Avisado da iminente derrota na votação por líderes do Centrão, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou pela manhã nas redes sociais uma "sugestão" para que as provas fossem postergadas em até 60 dias. Não foi suficiente para Maia.>
"O ministro não, desculpa, não posso acreditar nesse ministro", afirmou o deputado, já no plenário da Casa, no início da tarde. Ele cobrava do próprio presidente uma sinalização de que o Enem seria adiado. Nem mesmo a nota do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirmando o adiamento, demoveu Maia de manter na pauta o projeto, aprovado na véspera pelo Senado.>
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O anúncio de Bolsonaro, também pelas redes sociais, foi publicado no meio da tarde. "Por causa dos efeitos da pandemia de Covid-19 e para que os alunos não sejam prejudicados pela mesma (sic), decidi, juntamente com o Presidente da Câmara dos Deputados, adiar a realização do Enem 2020, com data ser definida", escreveu o presidente. >
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