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Sem aulas há mais de dois meses, alunos vivem a incerteza da data do Enem

Sem aulas há mais de dois meses, alunos vivem a incerteza da data do Enem

O Governo Federal anunciou nesta quarta (20) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será adiado por 30 ou 60 dias. As provas seriam aplicadas em novembro

Publicado em 20 de maio de 2020 às 16:59

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Participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que pediram para refazer o exame por terem sido prejudicados, de alguma forma, no dia da aplicação já podem consultar o resultado do pedido
Mesmo com adiamento, as inscrições devem ser feitas até sexta-feira (22). (Marcello Casal JrAgência Brasil)
Sem aulas há mais de dois meses, alunos vivem a incerteza da data do Enem

Sem aulas regulares desde o dia 17 de março  por causa do novo coronavírus e com o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) anunciado nesta quarta-feira (20), estudantes da rede pública estadual convivem com a incerteza quanto à data da aplicação das provas e com as dificuldades para criar uma rotina de estudos fora da sala de aula.

Com a pandemia que provocou a suspensão das aulas presenciais em todo o país, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiram pelo adiamento do exame nas versões impressas e digital. A realização do exame será adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais. De acordo com a programação, os testes seriam feitos em novembro deste ano. As inscrições para o exame seguem abertas até as 23h59 desta sexta-feira (22) no site https://enem.inep.gov.br/.

Por meio de nota, o Governo Federal informou estar atento às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo. Por causa do novo coronavírus, o Senado Federal aprovou na terça-feira (19) o texto-base do projeto que suspende a realização da prova. A proposta não estabelece uma nova data, mas prevê que processos seletivos como o Enem devem ser postergados enquanto durar o estado de calamidade decretado por conta da pandemia. 

Na terça o MEC havia informado que consultaria inscritos para decidir ou não pelo adiamento. A nova decisão do governo é a realização de uma enquete para definir a nova data de realização dos exames. O projeto agora passará por votação na Câmara dos Deputados antes de ir à sanção presidencial.

Morador do bairro Padre Gabriel, em Cariacica, o estudante Guilherme Lucas da Silva de Souza, de 17 anos, está matriculado na Escola Viva. Como as aulas estão suspensas, ele contou que enfrenta dificuldades para estudar porque não tem computador e nem acesso à internet em casa. Ele sonha em cursar História ou Direito a partir das notas do Enem.

Guilherme Lucas defende que o Enem seja aplicado no ano que vem. (Acervo pessoal)

“Só tenho internet no celular. Quando tenho dúvidas, peço ajuda a amigos pelo Whatsapp. Acho que o ano letivo e o Enem deveriam ser adiados. Eu só consigo aprender com um professor por perto. Quando as aulas voltarem a ser presenciais e o calendário escolar for normalizado, aí o governo marca uma nova data. Podia até ser no ano que vem”, opinou.

Para Guilherme, o adiamento da prova em até 60 dias não garante que os alunos tenham tempo hábil de preparo. Por causa da nova dinâmica de ensino e da falta de estrutura, ele revela que estuda cerca de uma hora e meia por dia. Quando as aulas eram realizadas de forma normal, os estudos eram realizados pela manhã e à tarde.

Já para Kamila Rós Xavier, de 18 anos, do bairro Vale Encantando, em Vila Velha, o acesso à internet e ao computador é menos complicado. Com o dinheiro do primeiro emprego, ela investiu em ferramentas de ensino, mas reconhece a dificuldade dos amigos que não têm acesso à tecnologia para estudar. Na avaliação dela, o Enem não deveria ser realizado neste ano.

Kamila  vai fazer o Enem pela primeira vez e quer cursar História. (Acervo pessoal)

“O Enem precisa acontecer só quando essa pandemia passar. Para quem não tem recursos e nem acesso à informação, não adianta adiar o Enem para um ou dois meses depois. Mesmo que a gente volte para as aulas em julho, ainda assim a gente precisa normalizar a situação acadêmica. Como vamos competir sendo quem tem alunos que nem sequer têm acesso ao conteúdo disponibilizado na escola pública?”, questionou.

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