Publicado em 6 de abril de 2020 às 22:31
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, testou o seu capital político durante pronunciamento que foi transmitido ao vivo nas redes sociais na noite desta segunda-feira (6) no qual pediu "paz" para continuar o trabalho de combate ao novo coronavírus. Era uma entrevista, mas ele não respondeu a perguntas da imprensa, deixou isso para técnicos da pasta.>
Além das milhares de pessoas que acompanharam a transmissão, Mandetta contou com o apoio presencial de secretários, servidores e parlamentares para defender os seus posicionamentos e fazer frente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). >
Ao chegar, o ministro foi aplaudido de pé. "Não é hora de aplaudir ninguém, porque não terminou nada", reagiu, na entrada. Pouco antes, Mandetta passou cerca de três horas reunido com Bolsonaro e outros ministros no Palácio do Planalto, em momentos decisivos para saber se permaneceria ou não na função. >
Mandetta contou que estava apreensivo e que parte dos funcionários chegou a limpar a sua gaveta considerando que ele seria demitido ainda nesta segunda.>
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Durante o pronunciamento, Mandetta repetiu frases como "lavoro, lavoro (trabalho, em italiano)", que usou como resposta às críticas de Bolsonaro na semana passada. Ele também voltou a dizer que permanecerá no cargo porque "um médico não abandona o paciente".>
Mandetta chegou a mencionar a sua participação em transmissões nas redes sociais feitas por cantores e bandas ao longo do final de semana como alternativa para a proibição de shows durante a quarentena. Para os ministros, os artistas reforçaram a orientação da pasta de que o "show não pode parar", mas que a aglomeração de pessoas não pode ocorrer neste momento.>
No fim de semana, Bolsonaro reclamou de integrantes do governo que "viraram estrelas" e disse que a hora deles ia chegar.>
No pronunciamento, Mandetta reclamou de críticas e interferências que, na visão dele, trazem "dificuldade" ao ambiente da equipe. "Começamos a semana com mais um solavanco, esperamos que possamos seguir em paz", disse, sem citar Bolsonaro. >
"Temos dificuldade quando, em determinadas situações, por determinadas impressões, críticas não vêm para construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho. E isso vem uma constante, o Ministério da Saúde adotar determinada linha, situação e termos que voltar, fazermos determinados contrapontos para poder reorganizar a equipe", afirmou em outro momento.>
Mandetta afirmou, ainda, que esta segunda foi pouco produtiva no Ministério da Saúde por causa dos boatos de que poderia ser demitido. Ele sinalizou que, caso isso acontecesse, toda a equipe também pediria para sair. Em outros momentos, no entanto, pontuou que pretende "colaborar muito com qualquer equipe que venha".>
"Aqui nós entramos juntos, nós estamos juntos e, quando eu deixar o Ministério, nós vamos colaborar muito para qualquer equipe que aqui venha, mas vamos sair juntos do ministério da Saúde", declarou.
>Luiz Henrique Mandetta
Ministro da SaúdeO governo federal elabora um decreto para permitir que profissionais da saúde (médicos e enfermeiros) e pacientes infectados com Covid-19 e que estejam em estado grave possam fazer uso do medicamento hidroxicloroquina para o tratamento da doença. Porém, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se recusou a assinar o decreto após a reunião no Palácio do Planalto.>
"Me levaram, depois da reunião lá, para uma sala com dois médicos que queriam fazer protocolo de hidroxicloquina por decreto. Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam. (Eu disse) que eles devem se reportar a você (referindo ao secretário Denizar Vianna, de Ciência e Tecnologia da pasta) e que eles devem, nas sociedades brasileiras de imunologia e anestesia, fazerem o debate entre os seus pares. Chegando a um consenso entre seu pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente", contou Mandetta.>
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