Publicado em 27 de julho de 2022 às 16:41
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (27), que não precisa de "cartinha" para dizer que defende a democracia. Apesar de não ter citado, a declaração ocorre em resposta ao manifesto de empresários e integrantes da sociedade civil em defesa do Estado Democrático de Direito.>
"Vivemos país democrático, defendemos democracia, não precisamos de nenhuma cartinha para dizer que defendemos a democracia", afirmou o mandatário em discurso na convenção nacional do PP, que oficializou apoio à sua campanha.>
"[Para] Dizer que queremos cumprir e respeitar a Constituição, não precisamos então de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que nosso caminho é a democracia, a liberdade, respeito à Constituição", completou.>
A "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" já angariou 100 mil adesões em menos de 24 horas após ser aberta ao público.>
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O documento, que começou com a assinatura de 3.000 pessoas, entre banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas outras personalidades, será lançado em evento na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, no dia 11 de agosto.>
O texto defende os tribunais superiores, as eleições e a democracia contra ataques de Bolsonaro.>
A mobilização ocorreu após o encontro no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros, em que o mandatário lançou dúvida sobre o sistema eleitoral.>
O evento do PP ocorreu no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Bolsonaro foi andando, do Planalto, acompanhado da primeira-dama, Michelle, do ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações).>
Durante o trajeto, ele fora questionado por jornalistas sobre o manifesto e respondeu brevemente: "Manifesto político".>
Até este momento, o único integrante do governo a comentar publicamente a carta havia sido Nogueira. Ele atribuiu a adesão de banqueiros ao manifesto a perda de receita com o Pix.>
Antes de discursar no evento, Bolsonaro foi precedido por Arthur Lira (PP-AL), que rompeu o silêncio de 9 dias e defendeu o sistema eleitoral brasileiro. "A Câmara dos Deputados fala quando é necessário falar, não quando querem obrigá-la a falar. Eu dei mais de 20 mensagens mundo afora e internas no Brasil de que sempre fui a favor da democracia e de eleições transparentes e confio no sistema eleitoral", disse Lira.>
O ministro-chefe da Casa Civil citou Carlos Lacerda em seu discurso e disse que as pessoas voltaram a ter orgulho de se dizer de direita e conservadores com a eleição de Bolsonaro.>
Nogueira criticou ainda o toma lá dá cá e quesitonou como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) governaria, se a base aliada eleger 370 deputados. Hoje bolsonarista, Nogueira e o PP foram aliados e participaram das gestões petistas.>
"O nosso país precisa de um comandante. Eu sei que alguns pensam em fazer do nosso país, vou dizer até, uma ucranização. É isso que querem fazer com o nosso país", disse Nogueira.>
"Porque no caso da eleição do ex-presidente, nós vamos ter um Congresso de mais de 370 deputados aliados ao presidente Bolsonaro. Olha as concessões que haverá de fazer para construir a sua base. O senhor construiu a sua base não através do toma lá da cá", completou.>
No evento, o PP oficializou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro. O mandatário estava ao lado de Ciro Nogueira, Lira e do deputado Cláudio Cajado.>
Ao fundo do palco, havia uma imagem de Bolsonaro e de lideranças do partido: Nogueira, Lira, Cajado, Fábio Faria (Comunicações), Tereza Cristina (PP-MS), Ricardo Barros (PR) e André Fufuca (MA).>
O clima era de campanha eleitoral. Em um telão, passou um vídeo do presidente com o jingle "capitão do povo" e imagens de motociatas e até da facada. O slogan "Pelo bem do Brasil" também acompanhava o material da convenção.>
O auditório estava cheio, apesar de o Congresso estar em recesso parlamentar. O PP é hoje a segunda maior bancada da Câmara, com 57 deputados - atrás do PL, com 77, e à frente do PT, com 56. No Senado, são oito parlamentares da legenda.>
O próprio presidente já pertenceu ao PP por mais de dez anos. O partido era um dos que Bolsonaro cotava se filiar para disputar as eleições deste ano, mas acabou optando pelo PL de Valdemar Costa Neto>
Líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR) destacou o crescimento das bancadas do partido no Congresso - o que garante, além de maior fatia do Fundo Partidário, peso político para negociar com Executivo, seja quem estiver no Planalto.>
"Nós estamos buscando crescer suficiente para sermos força imprescindível para a governabilidade", resumiu Barros.>
O deputado também falou sobre aprovação dos projetos para reduzir o preço dos combustiveis e a PEC dos bilhões, que atropela as leis sobre eleições e contas públicas para permitir ao governo turbinar benefícios sociais a menos de três meses da eleição.>
A medida ampliou o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o final do ano. Também duplicou o auxílio Gás, e criou vale para caminhoneiros e taxistas.>
Um dos motivos foi justamente por considerar que o PP já era suficientemente governista, com Ciro Nogueira na Casa Civil. Naquele momento, Bolsonaro considerou ser mais importante amarrar o PL na sua coligação.>
A adesão do PP ao governo foi um dos principais movimentos que garantiu sustentação ao presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Ele apoiou a eleição de Lira à presidência da Casa. O deputado, por sua vez, não deu seguimento a nenhum dos mais de 100 pedidos.>
Arthur Lira e Ciro Nogueira estiveram presentes na primeira fileira da convenção nacional do PL que oficializou a candidatura de Bolsonaro à Presidência, no último domingo (24).>
Os dois vestiam uma camisa polo azul com o nome de Bolsonaro e o número de urna do PL, 22. Lira foi exaltado pelo chefe do Executivo por três vezes em seu discurso.>
"Cabra da peste" e "irmão de longa data" foram alguns dos termos usados pelo presidente para qualificar o aliado.>
A aliança do governo com o PP consolidou aproximação com o centrão, que garantiu estabilidade para o governo, no momento em que patinava no Congresso e era alvo de dezenas de pedidos de impeachment, todos eles travados por Lira.>
No primeiro ano da gestão de Bolsonaro, quando ainda era apenas líder do PP, ele se posicionava de forma crítica ao governo. Aos poucos, foi se aproximando, em especial com a consolidação das RP9, chamadas de emendas de relator.>
Em 2021, Lira chegou à presidência da Câmara como o candidato de Bolsonaro, derrotando o escolhido para sucessão de Rodrigo Maia, Baleia Rossi (MDB-SP).>
"Está aqui o presidente Arthur Lira, um enorme aliado nosso, tem colaborado muito com o governo. Graças a ele conseguimos aprovar leis que vieram a baixar o preço dos combustíveis", disse também o mandatário no domingo (24).>
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