Publicado em 18 de julho de 2022 às 17:47
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou nesta segunda-feira (18) a repetir teorias da conspiração e ataques às urnas eletrônicas em reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada.>
No início do encontro, Bolsonaro disse que basearia a apresentação em um inquérito da PF (Polícia Federal) sobre o suposto ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) durante as eleições de 2018.>
Trata-se do mesmo inquérito apresentado pelo presidente em live em julho de 2021, quando ele exibiu uma série de mentiras e teorias que circulam em redes sociais para desacreditar o sistema eleitoral.>
"Segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro do computador do TSE, com código-fonte, senhas - muito à vontade dentro do TSE. E [a Polícia Federal] diz, ao longo do inquérito, que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar voto de um e mandar para o outro", disse Bolsonaro.>
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Bolsonaro também voltou a atacar os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, presidente do TSE, e Alexandre de Moraes, que assumirá o comando da Corte Eleitoral em 16 de agosto.>
"O senhor Barroso, também como o senhor Fachin, começaram a andar pelo mundo me criticando, como se eu estivesse preparando um golpe por ocasião das eleições. É o contrário o que está acontecendo", disse.>
O presidente ainda sugeriu que os ministros atuariam no TSE para barrar medidas de transparência. O objetivo, segundo Bolsonaro, seria eleger "o outro lado".>
"Eu ando o Brasil todo, sou bem recebido em qualquer lugar. Ando no meio do povo. O outro lado, não. Sequer come no restaurante do hotel, porque não tem aceitação. Pessoas que devem favores a eles não querem um sistema eleitoral transparente. Pregam o tempo todo que, após anunciar o resultado das eleições, os chefes de estados dos senhores devem reconhecer o resultado das eleições", disse Bolsonaro.>
Aos embaixadores, Bolsonaro voltou a reproduzir teorias contadas sobre o funcionamento das urnas em 2018. Ele citou que muitas pessoas queriam votar no 17, mas as urnas indicavam voto no 13, número de seu adversário, Fernando Haddad (PT).>
Essa é a repetição do vídeo publicado por Fernando Francischini, que teve o mandato de deputado estadual cassado pelo TSE por ter divulgado a gravação sobre o suposto erro. O tribunal já desmentiu o vídeo, que não foi comprovado pelo mandatário nem por seus aliados.>
As declarações de Bolsonaro sobre a não confiabilidade das urnas têm sido contestadas pelo TSE desde o ano passado.>
A corte já disse que o inquérito a que o presidente se refere não concluiu que houve fraude no sistema eleitoral em 2018 ou que poderia ter havido adulteração dos resultados, ao contrário do que disse o mandatário.>
De acordo com nota do tribunal de agosto do ano passado, "o próprio TSE encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e prestou as informações disponíveis. A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude".>
O texto disse ainda que o episódio da invasão do hacker, que ocorreu em 2018, "foi divulgado à época em veículos de comunicação diversos. Embora objeto de inquérito sigiloso, não se trata de informação nova".>
O TSE disse que o acesso dos hackers "não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018", porque o código fonte dos programas passa por sucessivas verificações e testes, identificando possíveis manipulações. "Nada de anormal ocorreu", disse à época.>
As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.>
No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996.>
Pesquisa Datafolha mostrou que, em meio à ofensiva feita por Bolsonaro, o percentual de eleitores que confiam nas urnas eletrônicas passou de 82%, em março, para 73%, em maio.>
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