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PL oficializa Bolsonaro como candidato à reeleição

PL oficializa Bolsonaro como candidato à reeleição

O ex-ministro da Defesa Braga Netto também foi oficializado como vice na convenção nacional realizada neste domingo (24) no  Maracanãzinho, no Rio de Janeiro

Publicado em 24 de julho de 2022 às 08:41

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A convenção nacional do PL oficializou, neste domingo (24), o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição e o ex-ministro da Defesa Braga Netto, como vice.

O evento ocorreu no Maracanãzinho, que estava tomado pelas cores verde e amarela. Bolsonaro chegou ao local acompanhado da primeira-dama, Michelle, e de Braga Netto e sua esposa. A cerimônia começou com uma oração do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP).

Atrás do palco, imagem da bandeira do Brasil e foto do presidente com apoiadores e o slogan "Pelo bem do Brasil", antecipado pela Folha.

A frase é da coligação da chapa de Bolsonaro, e tem como mote a tese de "luta do bem contra o mal", que o mandatário tenta imprimir à eleição deste ano na disputa contra o petista.

Bolsonaro
O candidato à presidência Jair Bolsonaro, com Michele Bolsonaro e o general Braga Netto, durante convenção do Partido Liberal (PL), no Rio de Janeiro, RJ, neste domingo, 24. . (Dhavid Normando/Futura Press/Folhapress)

O estádio tem capacidade para 11,8 mil pessoas - boa parte das cadeiras ficou vazia. Marcaram presença no palco candidatos, parlamentares e aliados, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que foi ovacionado por bolsonaristas.

O evento do PL ocorre a menos de três meses da eleição. O chefe do Executivo está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Lula.

Levantamento do Datafolha do final de junho mostra o petista 19 pontos à frente de Bolsonaro, marcando 47% contra 28%, no primeiro turno.

Entre os aliados que subiram ao palco estavam o presidente da Câmara, Arthur Lira; o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), candidato de Bolsonaro no Estado; o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde; Ciro Nogueira, da Casa Civil; Fábio Faria, das Comunicações; Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública; e Victor Godoy, da Educação.

Quando as autoridades subiam ao palco, tocava o barulhinho da urna eletrônica.

Também estiveram por lá o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, que disputará o governo de São Paulo; o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello; a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina; o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef; e os deputados federais Hélio Lopes, Bia Kicis e Carla Zambelli.

Um dos políticos mais aplaudidos pelos presentes foi o deputado federal Daniel Silveira, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 8 anos e 9 meses de prisão, em regime inicial fechado, por ataques aos ministros da corte. Um dia depois, no entanto, recebeu um indulto de Bolsonaro.

O PAPEL DA FAMÍLIA

Todos os convidados foram instruídos a levarem seus cônjuges, suas famílias. A campanha quer dar destaque especial às mulheres no palco.

O PL queria que a convenção deste domingo destacasse o papel da família e, principalmente, das mulheres. Essa fatia do eleitorado é a que o presidente encontra maior resistência: segundo o último Datafolha, a rejeição neste segmento é de 61%.

A campanha já vinha insistindo há meses para que a primeira-dama participasse mais das agendas ao lado do presidente. A avaliação é de que ela tem potencial de ser um importante cabo eleitorado entre as mulheres.

Michelle, contudo, vinha resistindo. Por isso, nos últimos dias, integrantes da campanha temiam afirmam categoricamente que a primeira-dama discursaria, ainda que fosse esperada. Coube a ela uma breve fala em agradecimento às mulheres e uma oração - ela é evangélica.

Bolsonaro foi aconselhado a destacar o que seu governo fez pelas mulheres e evitar atacar urnas eletrônicas, como o fez nesta semana a embaixadores.

Uma parte do seu entorno fica apreensiva quando o presidente atua no improviso, outra atribuia sua popularidade à sua espontaneidade.

CABINES DE TIKTOK

Outro eleitorado em que Bolsonaro precisa melhorar são os jovens, hoje mais propensos a votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A rejeição do mandatário entre esses eleitores é de 60%. Entre estudantes, 60%.

Assim, a campanha organizou cabines de TikTok pelo estádio do Maracanãzinho. Apoiadores puderam gravar vídeos curtos para a rede social com intuito de impulsionar o evento.

A Folha mostrou, no final de abril, que vídeos vinculados a Bolsonaro tinham audiência no TikTok 13 vezes superior aos conteúdos relacionados ao petista, segundo uma pesquisa de doutorado.

A rede social é ocupada, predominantemente, pelo público jovem.

O levantamento mostrava que, somando as dez principais hashtags ligadas aos adversários eleitorais, os vídeos de Bolsonaro representaram 92% das visualizações contra 8% de Lula. Em números totais, é o equivalente a 10,06 bilhões versus 778 milhões.

No início da semana, opositores se mobilizaram para resgatar ingressos e esvaziar o evento de Bolsonaro. A movimentação levou a campanha a fazer um pente fino e cancelar inscrições. Segundo interlocutores, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) será acionado para apurar o episódio.

DUPLA SERTANEJA

A cerimônia contou com a apresentação da dupla sertaneja Mateus e Cristiano, que cantou o hino nacional e o jingle da campanha, "capitão do povo".

"É o capitão do povo que vai vencer de novo/ Ele é de Deus, e pode confiar/ Defende a família e não vai te enganar", diz estrofe da canção. Bolsonaro tem forte identificação com o público sertanejo.

Ficou responsável pela apresentação do evento deste domingo um locutor de rodeio, o mesmo que atuou no encontro nacional do partido, em março, Carlos Rudiney.

Centenas de apoiadores vestindo camisas do Brasil e carregando a bandeira nacional aguardavam em filas para entrar no local do evento. Um grande grupo assobiou e aplaudiu para a passagem de uma equipe de policiais militares.

Ambulantes vendiam uma camisa com referência ao artigo 142 da Constituição Federal, que disciplina o papel dos militares e é usado por bolsonaristas como argumento para defender que existe previsão legal para intervenção militar no país.

A tese é repudiada por instituições como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Câmara dos Deputados.

Em reunião ministerial em abril de 2020, Bolsonaro fez menção ao artigo para defender a hipótese. "Todo mundo quer cumprir o artigo 142. E, havendo necessidade, qualquer dos Poderes pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham para reestabelecer a ordem no Brasil", disse.

Na camisa vendida neste domingo também foram grafados os dizeres: "Voto impresso auditável: eu apoio!". A pauta é utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro para mobilizar apoiadores em torno de discursos de tom golpista contra as eleições.

Dentro do estádio, um cartaz levado por apoiador do presidente fazia menção à cantora Anitta, que declarou voto em Lula (PT). A campanha de Bolsonaro tem tentado minimizar a relevância do apoio da artista ao seu maior adversário.

"Obrigado Anitta por ser a melhor cabo eleitoral do Bolsonaro de todos os tempos", dizia o cartaz.

INÍCIO DA CAMPANHA

A campanha começa, oficialmente, na segunda metade de agosto. No início do ano, a filiação do presidente já teve clima de comício, ainda que não tenha mencionado sua candidatura, por orientação jurídica.

Na ocasião, além de trazer a ideia de luta do bem contra o mal, em uma referência ao PT, também falou sobre liberdade e "jogar nas quatro linhas [da Constituição]".

O ato teve de ser reformulado para se adequar à legislação eleitoral, como mostrou a Folha. Inicialmente, o convite era para o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro, mas não há previsão legal para isso, então fizeram um evento de filiação.

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