Publicado em 7 de setembro de 2023 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Em janeiro de 2021, quando a Ford fechou as fábricas de Taubaté (SP) e Camaçari (BA), encerrou a produção dos compactos nacionais Ka, EcoSport e passou a comercializar só importados, o recém-lançado Territory ganhou um súbito protagonismo nas concessionárias da marca. >
O utilitário esportivo médio importado da China, que havia sido apresentado no Brasil cinco meses antes, passou a dividir as vitrines da Ford apenas com a picape argentina Ranger e com o cupê esportivo norte-americano Mustang. >
Criticada pela decisão de fechar suas fábricas no Brasil depois de mais de um século produzindo no país, a subsidiária brasileira da Ford voltou a dar lucro em 2022, algo que já não conseguia desde o século passado. É nesse ambiente mais tranquilo e com um line-up mais amplo – agora inclui ainda o utilitário esportivo médio Bronco Sport (lançado em 2021) e a picape intermediária Maverick (em 2022), ambos importados do México, e o furgão Transit, vindo do Uruguai desde 2021 –, que a Ford traz ao Brasil o novo Territory. >
Um dos destaques do SUV médio, que continua a ser importado da China e é comercializado em mais de 60 mercados globais, é o preço de R$ 209.990 – o modelo vem somente na versão “top” Titanium, sem opcionais. Uma faixa abaixo dos principais concorrentes apontados pela Ford – os Jeep Compass Série S, que parte de R$ 237.190, e Commander Limited, de R$ 249.190. >
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O preço é inclusive inferior ao da geração anterior do Territory, recentemente oferecida por R$ 219.390 – com o lançamento da nova geração, os exemplares remanescentes da antiga merecerão descontos expressivos. >
E o otimismo da marca norte-americana encontra motivações no produto. Comercializado na China como Equator Sport e desenvolvido junto com a chinesa JMC, o novo Territory é, literalmente, outro veículo – o modelo anterior era uma adaptação do Yusheng S330, também de origem JMC. Na linha Ford, o Territory fica posicionado abaixo do Bronco Sport, que parte de R$ 272.790. >
O modelo cresceu em relação ao anterior – está com 4,63 metros de comprimento (cinco centímetros a mais), 1,70 metro de altura (três centímetros a mais) e com um entre-eixos de 2,72 metros (um centímetro maior), mantendo a largura de 1,93 metro. >
Em termos de comprimento e entre-eixos, o Territory já posiciona-se entre os maiores do segmento. O Compass, SUV médio mais vendido do país, com seus 4,40 metros de comprimento, é 23 centímetros mais curto que o SUV chinês, e o Commander, com seus 4,77 metros, é 14 centímetros mais longo. >
Já na altura e na largura, o novato é maior que Compass e Commander. O porta-malas do Territory também cresceu em relação ao modelo antigo, de 420 para 448 litros, com abertura e fechamento elétricos. >
Esteticamente, o novo Territory se aproxima mais da atual identidade global da marca. A grade é larga e o esquema de faróis é dividido em dois, com daylight com uma nova assinatura em leds, assim como o conjunto óptico. A traseira tem lanternas horizontais finas na horizontal. >
A quantidade de cromados foi reduzida, algo que ajuda a reforçar a elegância do conjunto. As rodas aro 19 calçam pneus 235/50. O modelo é oferecido nas cores Azul Metálico, Cinza Catar, Branco Bariloche, Marrom Roma, Preto Toronto e Vermelho Vermont (a do modelo testado), sem interferência no preço. >
No interior, o painel de instrumentos digital tem 12,3 polegadas, com o multimídia do mesmo tamanho. Há Android Auto e Apple CarPlay sem fio, seis airbags, controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go, monitor de ponto cego, freio de estacionamento eletrônico, controles de estabilidade e tração AdvanceTrac, assistente de partida em rampa e de permanência em faixa, câmera 360 graus, sensores de estacionamento e frenagem autônoma de emergência com alerta de iminente colisão frontal. >
Se na aparência e nos equipamentos o novo Territory impressiona, a motorização também evoluiu. O motor do Territory 2024 permanece sendo o 1.5 turbo a gasolina EcoBoost, mas passou a trabalhar com ciclo Otto em lugar do ciclo Miller do modelo anterior e foi totalmente recalibrado. >
Devido ao preço mais baixo e à evolução do produto em todos os aspectos, o custo/benefício é a base para que a Ford tenha boas expectativas em relação ao novo Territory.>
Nem nos tempos em que dividia as vitrines da marca apenas com a Ranger e o Mustang a geração anterior do Territory chegou a vender muito. Foram 1.512 emplacamentos nos cinco meses de oferta em 2020, 2.232 em 2021, 976 em 2022 e apenas 635 nos sete primeiros meses de 2023. >
Agora, como de hábito, a Ford não adianta suas projeções de vendas para o novo Territory. Obviamente, não imagina chegar à média mensal atual de 5 mil emplacamentos do líder do segmento, o Compass – mas, com justificável convicção, pretende ir muito além das 148 unidades mensais obtidas pela geração anterior. >
Dentro do Territory 2024, as boas tradições dos interiores da Ford estão dignamente representadas. Além de bonito, o utilitário esportivo médio tem um ambiente tecnológico e revela um padrão de acabamento e montagem aprimorado em relação ao modelo anterior, que já era bom. A marca afirma que o novo utilitário esportivo é líder em espaço interno e em conforto para os passageiros. >
De fato, a percepção de espaço é boa em qualquer dos assentos, notadamente nos traseiros. Os bancos dianteiros são ventilados e têm ajustes elétricos (dez posições para o motorista e quatro para o carona). O teto solar panorâmico elétrico de série aumenta a sensação de amplitude a bordo. >
Conectividade é um tema valorizado pelos consumidores de SUVs médios –, e o Territory não poderia fazer feio nesse aspecto. Sua central multimídia Sync tem tela de 12,3 polegadas, modos de exibição personalizados e conexão sem fio com Apple CarPlay e Android Auto. Há carregador sem fio para celular no console. >
O painel de instrumentos digital personalizável também tem 12,3 polegadas e está reunido em uma moldura única com o multimídia, dando a impressão de formarem uma tela só. >
Impressionar o consumidor brasileiro e fazê-lo esquecer dos antigos preconceitos contra os automóveis “made in China” é o desafio do Territory. Tal prevenção parece anacrônica em tempos em que a China tornou-se a principal referência no segmento mais dinâmico e tecnológico da indústria automotiva mundial – o dos carros elétricos. >
Na produção de automóveis, os chineses seguem a mesma lógica de aprimoramento contínuo e importação de talentos e ideias de outros lugares, aplicada há décadas nos setores de eletroeletrônicos e de telecomunicações – onde o país asiático assumiu a liderança dos mercados. >
Desenvolvido em parceria global, que incluiu a Engenharia da Ford América do Sul, o novo Territory se revela um belo produto automotivo, que nada fica a dever aos concorrentes, tanto os fabricados no Brasil quanto os importados. >
Para “acordar” o motor turbinado 1.5 EcoBoost a gasolina do Territory, basta acionar o botão de partida, que felizmente agora fica à direita do motorista. Enquanto o motor da geração anterior – com potência de 150 cavalos e torque de 22,9 kgfm – era mais focado na eficiência energética do que na esportividade, no modelo novo a conversa é outra.>
Os atuais 169 cavalos a 5.500 rpm e 25,5 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm dão conta de mover os 2.025 quilos do SUV médio com performances mais dinâmicas e instigantes. A aceleração de zero a 100 km/h, conforme a Ford, pode ser feita em 10,3 segundos. >
O “turbo lag” que caracterizava o modelo anterior praticamente sumiu. As respostas ao acelerador estão bem mais espertas, com o “auxílio luxuoso” da transmissão automática DCT de 7 velocidades, com dupla embreagem banhada a óleo, que substituiu a automática CVT com 8 marchas simuladas do modelo anterior. >
O comando do câmbio é rotativo, as trocas automáticas são extremamente suaves e as mudanças sequenciais no volante e os modos de direção “Normal”, “Eco”, “Serra/Colina” e “Sport” podem adequar as respostas às diferentes demandas. >
O conjunto suspensivo oferece boa absorção das imperfeições do asfalto. Segundo a Ford, o consumo fica em 9,5 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada. O silêncio a bordo, que já era um ponto forte do Territory, foi aprimorado. Se no asfalto o comportamento agrada, arriscar nas trilhas pode não ser tão recomendável, pois o Territory não tem opção 4x4 – a tração é apenas dianteira. >
Ficha Técnica Ford Territory Titanium>
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