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Publicado em 9 de junho de 2025 às 14:21
Com uma costa marítima rica e um agronegócio forte, o Espírito Santo tem na integração entre a economia do mar e o agro uma grande aposta para o desenvolvimento sustentável, unindo inovação, circularidade e geração de valor em setores estratégicos. No mesmo caminho, o uso de tecnologia também tem o potencial de agregar valor ao setor pesqueiro. >
A avaliação é de Sérgio Leandro, diretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche) - Instituto Politécnico de Leiria (Portugal). Ele tem direcionado a sua atividade de investigação em torno da bioeconomia azul e da criação de aglomerados industriais, os chamados clusters, para a economia azul. Sérgio Leandro estará em Vitória nesta semana no evento Sustentabilidade Brasil 2025, que será realizado de quarta-feira (11) a sábado (14). >
A chamada economia azul, que abrange atividades ligadas ao mar, e o agro, tradicional motor da economia capixaba, encontram pontos de convergência especialmente na lógica da circularidade. O conceito consiste em aproveitar ao máximo os recursos, transformando resíduos de um setor em insumos para outro, reduzindo desperdícios e promovendo a sustentabilidade.
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A conexão do agro com o a economia do mar será tema do painel "Do campo ao oceano, tecnologias marítimas e o futuro do agro", que será realizado na quinta-feira (12), às 15h30, e também vai contar com a presença de Marcelo Polese, zootecnista e doutor em ciência animal e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Piúma. E também Roberta Garcia, engenheira de pesca com MBA em modernização e gestão portuária e mestrado em recursos pesqueiros e engenharia de pesca.>
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O professor Sérgio Leandro vai apresentar no painel a experiência portuguesa na criação de um cluster marítimo, integrando ensino superior, empreendedores e indústria. Em Portugal, a região de Peniche contou com a experiência desses aglomerados, o que resultou em um ecossistema dinâmico voltado para a economia do mar. A ideia central é o movimento circular, explorando a interação entre a economia azul e o agro em duas vias: aplicando soluções da economia azul no agro e vice-versa, inclusive com o aproveitamento de resíduos agrícolas. >
Um exemplo disso é o uso de algas marinhas, abundantes na costa capixaba, para a produção de biopesticidas e biofertilizantes. Compostos extraídos dessas algas podem substituir defensivos químicos na agricultura, trazendo benefícios ambientais e econômicos. Por outro lado, o professor destacou que resíduos agrícolas podem ser aproveitados na produção de rações para a aquicultura, promovendo uma cadeia produtiva mais eficiente e sustentável.>
Para o professor português, a articulação entre universidades, associações empresariais, prefeituras e governo estadual é vista como fundamental para estimular o surgimento de novos produtos, processos e oportunidades de negócio.>
Sergio Miguel Leandro
Diretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche) - Instituto Politécnico de LeiriaO professor também falou sobre como a inovação pode ter papel importante no desenvolvimento da economia do mar e a sustentabilidade. Leandro destacou que o setor pesqueiro, tradicional no Espírito Santo, pode ser valorizado por meio de tecnologias que agreguem valor ao pescado, como o processamento e a rastreabilidade digital. >
"Ferramentas como blockchain permitem registrar de forma inviolável a origem e as condições de captura do peixe, aumentando a confiança do consumidor e facilitando o acesso a mercados internacionais que exigem transparência na cadeia produtiva", afirma.>
Além disso, o Estado se destaca pelo potencial para energias renováveis, como a eólica offshore. A produção de energia limpa no mar pode ser integrada a processos agropecuários, ampliando as oportunidades de diversificação econômica e sustentabilidade.>
A biotecnologia também desponta como área estratégica, com o desenvolvimento de biofilmes a partir de algas para embalagens biodegradáveis de frutas e pescado. Essas soluções prolongam a vida útil dos alimentos e reduzem a dependência de plásticos, agregando valor aos produtos capixabas e atendendo a demandas crescentes por sustentabilidade>
Segundo ele, a aplicação dos recursos provenientes do petróleo (do Fundo Soberano) em novas indústrias sustentáveis é vista como estratégia inteligente para garantir a prosperidade futura do Estado, equilibrando desenvolvimento econômico e preservação ambiental. >
“A preparação tem que ser já. Não podemos deixar esgotar os recursos que existem hoje em dia, mas criar condições para que outras riquezas possam surgir no futuro. Investir o que agora temos e não sabemos o que vamos ter amanhã”, finaliza.>
O Sustentabilidade Brasil 2025 acontece entre quarta-feira (11) e sábado (14), na Praça do Papa, em Vitória. Trata-se do maior evento de sustentabilidade do Espírito Santo e um dos maiores em nível nacional. Serão mais de 40 painéis, com 120 palestrantes, grupos de trabalho e uma jornada científica que premiará os dois melhores artigos do tema.>
Criado pelo Instituto Sustentabilidade Brasil (ISB), o evento foi reconhecido pela Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS), vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República.>
A programação contempla 13 trilhas temáticas, construídas a partir de uma curadoria realizada pelas diretoras de conteúdo do Instituto Sustentabilidade Brasil, Dani e Mariana Klein. As trilhas conectam sustentabilidade com desafios reais do Brasil e do mundo. >
São divididas em dois tipos. As Trilhas Horizontais são os eixos estruturantes do evento. São elas: Do Rio a Belém - Conexão ES; Economia Azul; Inovação e Infraestrutura Verde; Comunicação e Educação Ambiental; e Competitividade.>
Já as “Trilhas Transversais” atravessam os temas estruturantes: Direitos Humanos e Justiça Climática; Transição Energética; Transformação; Mercado ESG; Saúde; Cultura e Sustentabilidade Criativa; Agronegócio; e Finanças.>
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