Projeto de educação ambiental no ensino infantil apresenta detalhes sobre a fauna e a flora para crianças
Projeto de educação ambiental no ensino infantil apresenta detalhes sobre a fauna e a flora para crianças. Crédito: Vitor Jubini

'Quem vai salvar a natureza?': crianças têm lições ambientais em escolas do ES

No Dia Mundial do Meio Ambiente; instituições de ensino apontam como crianças e jovens são apresentados à riqueza da fauna e da flora brasileira e à necessidade de preservar a natureza

Tempo de leitura: 6min
Vitória
Publicado em 05/06/2025 às 17h36

No terreno fértil que é a mente de crianças e jovens, projetos ambientais são a semente plantada para o desenvolvimento de consciência daqueles que serão os próximos responsáveis pela proteção da natureza. Do entendimento sobre queimadas e poluição a iniciativas voltadas para a preservação de nascentes de rios e de espécies variadas de animais, é em sala de aula — e também em atividades externas — que os pequenos criam uma relação de respeito e de harmonia com o meio ambiente no Espírito Santo.

Nas escolas da rede pública de ensino, por exemplo, o foco na sustentabilidade é embasado por atividades de conscientização para justiça socioambiental, com atividades fora do ambiente escolar e mobilização comunitária. Já em escolas privadas, até mesmo crianças a partir de três anos começam a ter o primeiro contato com elementos que expõem a riqueza da fauna e da flora brasileira.

“Aprendemos sobre separação de lixo. Exploramos ao redor da escola e vemos que tem muitos seres vivos perto de nós, observando formigas e abelhas, por exemplo. [Já em casa], agora a gente separa o lixo e faz coleta seletiva”, diz Dante Rodrigues, de 8 anos, aluno de uma dessas instituições de ensino.

O que os alunos estão aprendendo?

Entre as iniciativas da Secretária de Estado da Educação (Sedu), por exemplo, está um material metodológico que apoia professores com propostas interdisciplinares sobre temas como consumo consciente, biodiversidade e participação cidadã. No âmbito dos estudantes da rede pública, o Programa de Iniciação Científica Júnior (Pic Jr.) é um dos que incentiva o desenvolvimento de pesquisas sobre mudanças climáticas, energias renováveis e racismo ambiental.

As ferramentas, segundo Vitor de Angelo, secretário de Estado da Educação, integram o currículo das escolas de forma transversal, crítica e participativa, garantindo aos jovens uma mentalidade mais engajada com o tema da preservação ambiental.

“Com metodologias ativas, valorização dos saberes tradicionais e incentivo à pesquisa, promovemos a formação de estudantes conscientes e engajados e reforçamos o protagonismo juvenil na construção de soluções para os desafios socioambientais”, diz o secretário.

Além do Pic Jr. e do material para professores, o Estado também investe na Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que mobiliza escolas urbanas, rurais, indígenas e quilombolas.

“Essas ações fortalecem a escola pública como espaço de cidadania e sustentabilidade, em sintonia com a justiça socioambiental e os objetivos de desenvolvimento sustentável”, destaca Vitor de Angelo.

Conscientização nos primeiros anos de vida

Projeto de educação ambiental no ensino infantil
Em exposições, pequenos observam detalhes de fotos de animais e plantas nativas da Mata Atlântica. Crédito: Vitor Jubini

No Espírito Santo, as ferramentas de conscientização não ficam apenas para os alunos mais velhos. Quem dá os primeiros passos no planeta também recebe orientações sobre o cuidado com o meio ambiente, conhecendo a relevância da preservação dos recursos naturais para um futuro mais saudável e seguro.

No Idade Criativa, um centro de educação infantil com unidades em Jardim Camburi, na Capital, crianças de 3 a 6 anos — uma fase de muitos questionamentos e curiosidades — aprendem sobre a natureza com atividades lúdicas que explicam didaticamente fenômenos naturais, desde a queda de folhas de árvores até os motivos para uma chuva acontecer.

“Nas rodas diárias de conversa, as próprias crianças começam a falar: 'Olha, está pegando fogo na mata. Vi animais morrendo'. Elas trazem a preocupação com a natureza e elas mesmas questionam: 'E quem vai salvar?'”, diz Alessandra Paganotto, diretora e gestora dos projetos pedagógicos da instituição.

Para alimentar a curiosidade das crianças, exposições e atividades ao ar livre e nas salas de aula formam a base do que será pesquisado. Depois, para tirar dúvidas, os pequenos contam com informações de biólogos, cientistas e botânicos que compartilham os conhecimentos no próprio centro educacional ou em ambientes que colocam os alunos em contato direto com animais e espécies de plantas, tudo fruto do próprio interesse deles.

“Essas são atividades que não ficam só aqui [na instituição]. Isso acontece com as famílias das crianças dentro de casa também. As crianças ampliam o vocabulário, a observação de cores e ainda usam animais como referência na hora de formular alguma frase”, comenta Alessandra.

Já Sarita Vasconcellos, coordenadora da Idade Criativa, explica que as ferramentas de ensino são pensadas para o coletivo, mas também para o desenvolvimento individual das crianças, com atenção redobrada a particularidade de cada uma delas.

Sarita Vasconcellos

Coordenadora da Idade Criativa

Aqui, inclusive, não usamos telas. O sensorial é com a natureza. Nosso cotidiano é todo preenchido com construtividade, leituras e pesquisas minuciosas

Segundo Sarita, as atividades fazem com que as crianças se tornem cada vez mais argumentativas e entendidas diante daquilo que é apresentado diariamente, até mesmo com um projeto que pesquisa os alimentos servidos no refeitório.

“Com projetos de leituras, registros gráficos e brincadeiras com elementos da natureza é que passamos todo o conhecimento para essas crianças”, relata.

No Tanque das Águas da Idade Criativa, crianças contam com atividades sobre o jacaré-de-papo-amarelo
No tanque das águas da Idade Criativa, crianças contam com atividades sobre o jacaré-de-papo-amarelo. Crédito: Vitor Jubini

Cuidado vira ação natural

A Primeiro Mundo, escola privada com atuação em Vitória e em Vila Velha, também conta com ações que se misturam às atividades diárias dos estudantes. Lixeiras para separação de cada tipo de resíduo, conscientização nas aulas de Biologia e campanhas educativas são algumas das ações que, muitas vezes, passam despercebidas, mas entram na rotina dos alunos naturalmente.

Para Raquel Cândido, coordenadora pedagógica do ensino fundamental na escola, as pequenas atividades têm um papel fundamental na formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis.

“Quando a gente inclui temas como reciclagem, preservação de recursos naturais, malefícios da poluição ao planeta e à vida em geral, estamos auxiliando no senso de responsabilidade e reflexão das crianças. Quanto mais cedo falarmos sobre os impactos que as nossas ações têm no planeta, melhor para elas aprenderem a respeitar a natureza”, defende Raquel.

Raquel Cândido

Coordenadora pedagógica do ensino fundamental na Escola Primeiro Mundo

Tudo isso contribui para a construção de uma sociedade melhor. Quando educa para o cuidado com o meio ambiente, a gente também ajuda a educar para a cidadania
Atividades sensoriais estão entre as favoritas dos alunos
Atividades sensoriais estão entre as favoritas dos alunos. Crédito: Divulgação / Escola Monteiro

Outra escola capixaba, a Monteiro, inclui o tema da sustentabilidade nas aulas de Ciências e de Geografia, por exemplo. Mas não para por aí. Para os alunos, o meio ambiente é uma pauta fixa da instituição de ensino, não só em datas que chamam a atenção para o assunto, como os Dias do Meio Ambiente (5 de junho) e da Árvore (21 de setembro).

“Os conteúdos diversos ligados à natureza devem se conectar e se tornar tangíveis para as crianças da educação infantil e do ensino fundamental, envolvendo também as famílias. É preciso instigar a compreensão de que a atitude que eu adoto aqui repercute na vida a minha volta, no clima, na cidade e no planeta”, defende o diretor Eduardo Costa Gomes.

Aluna do ensino médio da Monteiro, Luiza Marques, de 16 anos, nasceu e mora em uma aldeia indígena em Aracruz, na Região Norte do Espírito Santo. Ela conta que reconhece o papel fundamental da escola na formação de indivíduos mais conscientes e conectados ao meio ambiente.

“A preocupação com a Terra deve ser diária. Somos parte de um só todo e a cultura dos povos originários nos leva a refletir sobre isso, em contraponto a valores que estimulam a degradação, como o consumismo e o individualismo. Na escola, todo o trabalho realizado é no sentido de promover essa mudança e resgatar essa consciência, valorizando e reconhecendo saberes e a conexão com o ambiente em que se vive”, destaca a estudante.

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