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Valorização imobiliária no país chega a 7,73% em 2024, maior variação em 21 anos

Valorização imobiliária no país chega a 7,73% em 2024, maior variação em 21 anos

Levantamento do quarto trimestre de 2024 mostra a continuidade de uma tendência de aumento, esperada pela maioria dos compradores e investidores de imóveis no Brasil

Publicado em 11 de março de 2025 às 14:16

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50% das pessoas acredita que imóveis tendem a valorizar. (Shutterstock)
Yasmin Spiegel
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Em 2025, os imóveis devem seguir uma tendência de valorização no país. Segundo o FipeZap, em 2024, os preços das residências aumentaram 7,73%, maior variação já registrada desde 2013. Com isso, o número de compradores e investidores de imóveis que projetam aumento nominal no valor de seus imóveis passou de 37%, no quarto trimestre de 2023, para 50%, no mesmo período de 2024, segundo o Raio-X FipeZap: Perfil da Demanda de Imóveis.

Enquanto isso, o grupo de participantes que apostavam na queda de preços, perdeu espaço, passando de 11% para 9% no mesmo intervalo de tempo. Os valores, que foram apurados entre os meses de janeiro e fevereiro de 2025, demonstram um otimismo gerado pelo cenário econômico e comportamento de demanda do setor.

"Essa variação no preço é reflexo do desempenho positivo da economia brasileira, impulsionado por um mercado de trabalho forte, o que favoreceu a expansão da concessão de crédito para os segmentos popular e médio padrão", afirma Paula Reis, economista do DataZap, fonte de inteligência imobiliária do Grupo OLX, o responsável pelo FipeZap.

Interesse por investimentos cai, compra de usados cresce 

Apesar da crescente no número de pessoas que acreditam na valorização, o dado vem acompanhado de outras tendências de mercado, como o ligeiro recuo de 12% para 10% da quantidade de pessoas que adquiriram um imóvel nos últimos 12 meses em comparação ao terceiro trimestre de 2024. Quando se compara ao mesmo período do ano anterior, houve uma leve alta (saltou de 9% em 2023 para 10% em 2024).

A partir do levantamento, Paula Reis acredita que o resultado mostra um recuo que deve se manter tanto pela falta de acesso a financiamentos, devido às mudanças nas regras da Caixa Econômica, que reduziram o percentual do valor do imóvel financiado e aumentaram as taxas de juros do financiamento imobiliário;  quanto por outros fatores econômicos. 

"A expectativa para 2025 indica um mercado mais desafiador. A restrição de crédito, decorrente da alta da Selic, que é a taxa básica de juros; e da redução dos recursos da poupança, aliada ao aumento dos custos de construção, deve pressionar especialmente o segmento de médio padrão. Por outro lado, setores como locação e imóveis de luxo estão bem posicionados para se beneficiar desse ambiente mais restritivo, enquanto o programa Minha Casa Minha Vida deve continuar sendo um pilar de inclusão habitacional. A combinação desses fatores aponta para um mercado mais seletivo, mas com oportunidades específicas a serem exploradas", pontua. 

Paralelo a isso, a pesquisa mostra que a intenção de compra futura registrou redução em relação a última pesquisa. No quarto trimestre de 2024, cerca de 39% dos entrevistados afirmaram ter planos de adquirir um imóvel para morar nos próximos três meses, enquanto, no terceiro trimestre, a porcentagem era de 42%.

As transações classificadas como investimento também apresentaram uma queda. No começo do ano passado, 49% das transações estavam dentro dessa classificação, mas, no final do ano, o número caiu para 39%. A economista atribui esse resultado  ao aumento da taxa Selic, pois, quando ela sobe,  outros investimentos, como renda fixa (CDBs, Tesouro Direto, etc.), ficam mais atraentes porque oferecem uma rentabilidade maior e com menor risco, o que faz o investimento em imóveis, seja para venda ou locação, ser preterido. 

Outro dado relevante é que, quem quer comprar, está cada vez mais de olho nos imóveis usados. Essa preferência se manteve majoritária entre os compradores, atingindo a maior participação na série histórica, iniciada em 2014, com 83%, e relaciona-se diretamente com as particularidades de cada comprador e seu interesse com o imóvel, que faz a compra baseado em localização e tipologia. 

Percepção é de que preços estão altos 

Sobre os descontos nas negociações, foi registrado um recuo tanto no volume quanto no percentual médio concedido. Em junho de 2024, 69% das compras foram realizadas com desconto; já em dezembro, esse índice caiu para 67%. Quanto ao percentual médio de abatimento nos preços, a redução foi de 8% no início do ano para 6% no fim do período.

A percepção de preço das pessoas que tem interesse em comprar um imóvel também se agravou. No quarto trimestre de 2023, 70% dos entrevistados consideravam os valores "altos ou muito altos"; um ano depois, essa parcela subiu para 76%, mesmo valor obtido no mesmo período em 2022, reforçando que, mesmo com a oscilação de valores, a visão de que o custo dos imóveis segue elevado permanece. 

"O aumento das taxas de financiamento imobiliário impacta diretamente nesse número. Para quem necessita de crédito, o preço final do imóvel fica mais caro, o que, por sua vez, aumenta o valor da parcela. Isso pode apertar em demasia o orçamento familiar ou mesmo inviabilizar o financiamento por insuficiência de renda requerida pelo banco, o que faz com que as pessoas tenham a percepção de que os valores estão muito altos", destaca a economista do DataZap. 

Paralelo a isso, o número de respondentes que considerava os preços "razoáveis" oscilou de 18% para 19% entre o final de 2023 e o final de 2024, enquanto aqueles que achavam os preços "baixos ou muito baixos" caiu de 9% para 4% no mesmo período de tempo. Aqueles que não souberam responder corresponderam a 1% da amostra no quarto trimestre do ano passado. 

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