Os imóveis na região da obra do Mergulhão de Camburi terão suas estruturas avaliadas pela Prefeitura de Vitória. A vistoria será feita por uma empresa terceirizada contratada pela gestão municipal. As inspeções prévias vão detectar locais que, eventualmente, possam sofrer danos causados pela obra, em Jardim Camburi.
A construção do mergulhão vai demandar a escavação das avenidas Dante Michelini e Norte Sul. Segundo a prefeitura da Capital, a empresa contratada fará a verificação de imóveis no entorno da obra, realizando o registro do estado físico dos espaços antes do início das intervenções.
“Os laudos são os documentos que comprovam se os danos foram pré-existentes ou causados pelas obras. Ainda assim, a Prefeitura de Vitória se resguarda contratando seguro de responsabilidade civil contra terceiros para cada novo empreendimento, preservando o interesse público. Todos estes custos estão previstos no valor inicial da obra”, detalha o Executivo municipal.
Um documento ao qual A Gazeta teve acesso circula em um condomínio de grande porte de Jardim Camburi e detalha que os moradores já estão tomando conhecimento da medida diante da obra.
“O objetivo desta vistoria é verificar se existem irregularidades ou intercorrências nas estruturas dos apartamentos e áreas comuns, que possam vir a aparecer durante a obra, tais como pequenas fissuras, trincas e outras questões relacionadas à segurança e manutenção”, diz o comunicado que começou a ser veiculado no final de janeiro.
Segundo material enviado aos moradores, a vistoria será realizada por técnicos “especializados e treinados, que farão uma avaliação detalhada identificados com crachás e uniformes da empresa contratada”.
"Será realizada vistoria no empreendimento referido pela equipe técnica da empresa com o propósito de relacionar as características e o estado de conservação das áreas comuns e unidades privativas, quando será produzido amplo registro fotográfico das condições atuais e o estado de conservação dos imóveis, visando à produção de documentação cautelar, com objetivo de resguardar as características dos imóveis, em caso de interferências causadas pela obra", diz trecho do comunicado enviado pela empresa responsável pela vistoria nos imóveis.
A reportagem de A Gazeta procurou a Prefeitura de Vitória em busca de informações sobre o número de imóveis, o raio de avaliação desde o canteiro central de obras e a data prevista para as intervenções. A gestão municipal, porém, apenas confirmou as avaliações e o que será feito nos imóveis.
O projeto para a construção do Mergulhão de Camburi ainda vai demandar alterações no trânsito durante as obras, o que já é estudado pelos responsáveis pela execução do projeto. A intenção, de acordo com o secretário de Obras de Vitória, é que pelo menos duas pistas fiquem liberadas em cada via, no período de intervenção na avenida.
“Então, se o motorista está saindo da Norte Sul sentido Mata da Praia, Jardim da Penha e Praia do Canto, por exemplo, vai se deparar com duas faixas e depois volta a ter três faixas mais à frente na Dante Michelini”, como detalhou Gustavo Perin, secretário de Obras da Capital em entrevista à Rádio CBN Vitória em 27 de janeiro.
O secretário também explicou que o estacionamento próximo ao antigo Hotel Canto do Sol deve ser inutilizado, abrindo assim mais uma pista para melhorar o fluxo do trânsito na região durante as obras. Já em relação à ciclovia que acompanha o fluxo da Norte Sul, o secretário explica que os ciclistas terão que usar, provisoriamente, o lado oposto da via para seguir em direção à Serra, já que a pista atual fica próximo à área de instalação do canteiro de obras.
Antes de iniciar a construção propriamente dita do mergulhão, a Prefeitura de Vitória ainda precisará realocar redes de água e de gás para que as escavações possam avançar.
A obra deve custar R$ 77,5 milhões aos cofres da prefeitura e, com o investimento, a previsão é que a construção do mergulhão reduza o tempo de travessia da interseção, que hoje é de 88 segundos, para 10 segundos.
Quando questionada sobre opções mais baratas, a gestão municipal afirmou que existem, sim, ações que custariam menos, como agentes de trânsito em horários de pico ou semáforos inteligentes. Entretanto, para justificar a necessidade do mergulhão, Gustavo Perin disse que foram feitos estudos projetando o aumento no fluxo de pessoas e carros na região nos próximos dez anos.
“Tudo foi estudado para validar ou não a viabilidade dessa intervenção e notamos que já havia uma saturação. Numa escala que vai de A até F, essa região está no nível E, quase no pior nível de serviço. Ou seja, devido ao aumento do fluxo vindo da Serra, Vitória está absorvendo um trânsito metropolitano e, como consequência, tem sua mobilidade comprometida. Por isso o mergulhão seria a melhor opção”, ponderou Perin.
O objetivo do mergulhão, que deve ser concluído em 24 meses, é melhorar a circulação, a mobilidade e a fluidez do bairro Jardim Camburi com uma livre passagem na região, extinguindo os semáforos.
O estudo feito pela Secretaria de Obras de Vitória (Semob) apontou que a velocidade média dos veículos que transitam pelo trecho — parando nos semáforos e enfrentando as retenções — hoje é de 2 km/h e vai passar para 33 km/h com os dois mergulhões. No planejamento da prefeitura, o projeto pode ser definido como uma interseção em dois níveis com duas passagens inferiores (mergulhões). O percurso pela Avenida Dante Michelini seguirá no mesmo nível em ambos os sentidos.
Uma das pistas que vão passar por baixo da Dante Michelini será para quem sai da Norte Sul em direção à Vale. E a outra será de quem vem de Jardim da Penha e precisa acessar a Norte Sul em direção à Serra. Todos as pistas vão ter três faixas de rolamento.
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