"Piada", diz leitor sobre sugestão do governo de não pegar ônibus cheio

"Se o ônibus estiver cheio, não entre e espere o próximo", disse Fábio Damasceno, secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Estado

Publicado em 20/05/2020 às 17h00
Atualizado em 20/05/2020 às 17h05
Movimentação de usuários do Transcol no Terminal do Ibes. A grande maioria dos passageiros está usando máscaras de proteção contra o coronavírus. Mas ainda é possível ver alguns sem ela.
Movimentação de usuários do Transcol no Terminal do Ibes. Crédito: Carlos Alberto Silva

O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), Fábio Damasceno,  alertou para a necessidade de se evitar aglomerações no interior dos ônibus nesta quarta-feira (20). A recomendação é adequada, neste contexto de pandemia do novo coronavírus. Mas a sugestão do representante do governo do Estado para os passageiros causou revolta entre trabalhadores que são obrigados a utilizar o transporte público diariamente. 

Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, Damasceno aconselhou que, caso o ônibus esteja lotado, o passageiro deve esperar o próximo. Ou seja, facultou à população a responsabilidade de entrar ou não em um coletivo cheio, colocando-se em uma situação de maior risco de contágio para a Covid-19.

"Não deve entrar, pois a prevenção começa conosco. É um ato coletivo. Quando ocorrer essa situação (superlotação), o recomendado é não entrar e esperar pelo próximo. Se o ônibus estiver cheio, não entre e espere o próximo", disse o secretário.

Segundo ele, a frota em circulação é suficiente para atender a demanda. "Transportávamos mais de 600 mil passageiros por dia antes da pandemia e atualmente são cerca de 250 mil. Ou seja, uma redução de cerca de 60%. Estamos operando com mais de 90% da capacidade do sistema, com 100% da frota e lugares disponíveis", complementou.

Na entrevista, afirmou que atrasos podem acontecer, mas o momento exige compreensão da população. "Estamos em uma pandemia e as pessoas precisam estar isoladas ou evitar sair de casa. Esse é a primeira determinação. Precisou sair? Evite aglomeração. No transporte público isso pode ocorrer, portanto, espere pelo próximo. A pessoa precisa ter esse ato consciente para não termos mais contaminação."

As declarações de Fabio Damasceno foram bastante criticadas pelos leitores de A Gazeta. Muitos rebateram a informação de que a frota tem dado conta da demanda, ao alegarem que os ônibus passam sempre lotados.

"Secretário, não dá. Os ônibus já saem cheios dos terminais ou as pessoas entram num ônibus vazio e alguns pontos depois ele enche. A gente faz o quê? Desce e espera outro? Chegaremos ao local desejado quando?", escreveu Neide Oliveira. Confira outros comentários:

Toma vergonha, secretário! Se quer flexibilizar comércio, tem que garantir transporte seguro para a população. Se não tem como, para tudo de novo. O ES está batendo recorde negativo todo dia, e a UTIs já estão sobrecarregadas! (Junior Klippel)

Os gestores não conseguem dar conta das demandas de suas pastas e, como sempre, jogam a responsabilidade para a população resolver e pagar o preço da falta de investimento no setor. Lamentável e infeliz a fala do secretário. (Vitor Santos)

Tem ônibus que passa de uma em uma hora... que cara infeliz. (Ricardo Paulo dos Santos)

Ao invés de exigir das empresas que disponibilizem mais coletivos, pedem ao povo que espere o próximo. Políticos terceirizando a responsabilidade. O coitado do usuário paga a conta. Vergonha dessa corja! (Dunni TD)

O secretário anda de carro e nunca ficou às 20hs no Centro de Vitória. Tá de brincadeira. Só pode. (Flavio Diogo)

Lindo, né? Quantos próximos ônibus terei que esperar? E o relógio do ponto? Vai esperar também? (Daniel Braga)

Depois vocês me pagam as horas atrasadas no trabalho, né?! (Gislaine Amorim)

Que piada, esse secretário de Infraestrutura. Pela solução dada (“espere o próximo”), nota-se que esse cidadão nunca nem deve ter andado de ônibus. Quanta falta de senso. É esta a justificativa de atraso que darei para o meu chefe? É essa a justificativa que você ou um familiar aceitariam ao necessitar de um atendimento médico e não ter, pois o profissional não estava lá para atendê-lo porque estava esperando o próximo ônibus? E se o próximo, como quase sempre, também vier cheio? Continua esperando o próximo? As pessoas viajam espremidinhas ali na porta por horas porque precisam. Por terem o alimento para pôr à mesa! Isso sem contar na segurança do coletivo, que não existe. Esperar o próximo também resolveria? Falta de empatia! (Thaís Costa)

Ah, tá! E as pessoas que vão trabalhar e batem cartão, como ficam? Todo dia vão chegar atrasadas porque estão esperando o próximo ônibus? Então avise para os empresários que os funcionários vão chegar na hora que der. (Karla Oliveira)

Queria ver esse pessoal tendo que depender de ônibus para chegar no horário no trabalho. Até parece que iria preferir perder um para pegar outro vazio. Fora que Transcol está sempre cheio. (Renata Stein)

Falta de respeito com o trabalhador que depende de ônibus e tem horário para chegar ao serviço. (Manu Loss)

Fala para ele deixar o carrinho dele em casa e fazer o teste uma semana. (Alessandra Costa)

O trabalhador pagando uma passagem cara, rala o dia inteiro para ficar no ponto, debaixo de sol e chuva, esperando ônibus vazio. Fala isso porque não é a família dele que passa por isso. (Daniela Vieira dos Santos)

Queria ser inteligente como esse excelentíssimo secretário. Esperar o próximo até que o próximo esteja vazio. Melhor sorrir para não chorar. (Paulo De Tarso)

Bom, cadê a multa para as empresas de ônibus? Pois os ônibus estão sempre com passageiros em pé! Imagine: um comércio é multado em quase dois mil reais, já pensou essa multa por cada ônibus lotado! (Alessandro Freire)

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