Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 16:35
BRASÍLIA - Medalhista olímpica nos Jogos de Atlanta-1996, Ana Moser tomou posse nesta quarta-feira (4) como ministra do Esporte e prometeu implementar uma política de esporte para todos.>
"[Vamos] fazer uma revolução e inverter a lógica que sempre colocou como prioridade o alto rendimento, o topo da pirâmide de uma estrutura que deveria ser garantidora do esporte para todos, como previsto na Constituição", afirmou.>
"Já ouvimos esse discurso milhares de vezes, mas dessa vez a janela de oportunidade é única, porque há entendimento com o presidente Lula. Diria mesmo que é um milagre que aconteceu nessa área, para quem defende o esporte como direito de todos. Não seria eu nessa cadeira se não fosse essa a intenção", disse.>
Ela também anunciou os nomes que vão ocupar postos na pasta: Marta Sobral, ex-jogadora de basquete, para a secretaria de alto rendimento; Jorge Luis Ferrarezi, ex-vereador de São Bernardo, para secretaria de futebol e torcida; e Diogo Silva, ex-lutador de taekwondo, que ainda não teve seu papel detalhado pela ministra.>
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A ministra admite, no entanto, que o orçamento da pasta é insuficiente para promover todas as mudanças que ela pretende implementar — cerca de R$ 2 bilhões, valor já bem mais alto que os menos de R$ 200 milhões propostos inicialmente pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). A saída será buscar parcerias com outras instâncias.>
"Não vamos fazer atendimento em esporte com o orçamento do ministério. O orçamento do ministério é para fazer política, para desenhar política, sensibilizar outras pastas e incrementar os atendimentos de educação, de saúde, no esporte, áreas que tem orçamento muito maior", afirmou.>
Moser é a primeira mulher ministra do Esporte do Brasil e o primeiro nome a chefiar a pasta em um governo petista que não é ligado diretamente a um partido político. Desde o primeiro governo Lula, a pasta foi ocupada por integrantes do próprio PT, do PC do B e também já ficou nas mãos do PRB (hoje, Republicanos).>
Nas quadras, Moser foi bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) — a primeira medalha olímpica do vôlei feminino brasileiro. Aposentou-se três anos depois e passou a se dedicar a projetos sociais.>
Fundou o Instituto Esporte e Educação e, mais recentemente, dirigiu a organização Atletas Pelo Brasil. À frente da entidade, a ex-jogadora de vôlei foi uma das articuladoras da sociedade civil em prol da Lei Geral do Esporte e do Plano Nacional do Desporto. Na equipe de transição do governo Lula, Moser integrou o grupo de trabalho do esporte.>
A atuação com foco no aspecto educacional, de saúde e social da prática esportiva contrasta com a marca dos primeiros governos petistas, os megaecentos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio, que depois acabaram criticados por seu legado inócuo.>
Segundo ela, inclusive, foi um pedido de Lula que sua gestão foque no esporte para todos. "Esse esporte presente na vida das pessoas, o esporte de cada um em diferentes fases da vida. É esse esporte que ele quer", afirmou à Folha de S.Paulo no dia de seu anúncio oficial para a pasta.>
Foi esse perfil — que mistura a experiência como atleta de alto rendimento com a gestão social —, dizem pessoas do setor, que a cacifou para o cargo. Ela é vista com bons olhos por ONGs, atletas e também por confederações, e o anúncio deverá acontecer nesta semana, junto com o restante dos ministros do futuro governo.>
Um dos principais desafios da futura ministra será reconduzir a pasta ao status de ministério — o Esporte foi rebaixado a secretaria especial pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Apesar de anos de trabalho na gestão esportiva e no debate sobre políticas públicas, Moser pouco atuou dentro do Estado. Foi nomeada diretora do Centro Olímpico do Parque do Ibirapuera, dentro da estrutura da Secretaria de Esportes de São Paulo, e integrou o Conselho Nacional do Esporte, do Ministério do Esporte, ambos cargos não tão centrais dentro das respectivas pastas.>
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