Publicado em 8 de novembro de 2019 às 06:00
A eleição de 2020 não é para deputados, é para prefeitos e vereadores. Mesmo assim, efeitos colaterais do pleito que se aproxima começam a surgir na Assembleia Legislativa. É que os parlamentares pré-candidatos às prefeituras são quase dois terços do plenário. Caso sejam eleitos prefeitos, a configuração da Casa Legislativa sofrerá alterações. >
Dos 30 deputados estaduais, os que podem entrar na disputa pelas prefeituras se aproximam dos 20. Nem todos têm chances claras de vitórias. Qualquer que seja o total de eleitos, todos os novos prefeitos serão substituídos por deputados suplentes, que podem ser ou não provenientes dos mesmos grupos e partidos políticos.>
Nesse contexto, uma proposta está sendo articulada nos bastidores: a apresentação de uma PEC que permitirá antecipar a eleição da Mesa Diretora da Assembleia, prevista para fevereiro de 2021. E ideia não é nova. Como o colunista Vitor Vogas publicou em junho, a discussão já vinha sendo feita por aliados do atual presidente, Erick Musso (Republicanos). Além disso, a ideia guarda fortes semelhanças com proposta aprovada em 2000, no auge da Era Gratz.>
Na quarta-feira (06), Erick recolheu assinaturas em apoio à PEC, segundo deputados que falaram sob anonimato. O documento teria recebido assinaturas da expressiva maioria da Casa. Não há nada formalmente protocolado, porém. O deputado líder do governo, Enivaldo dos Anjos (PSD), confirmou que assinou.>
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"A PEC trata não de reeleição do Erick, mas de antecipação da eleição. Poderá ser feita antes do prazo marcado. É manifestação do desejo de grande número de deputados. Sempre tem movimentos na Assembleia para mudar a data da posse, mudar o mandato de presidente para um ano, para quatro. E essa acabou saindo", disse.>
Quem elege o presidente da Assembleia são os 30 deputados. Caso uma parte deles seja eleita para prefeituras, mudam os eleitores. Com a escolha antecipada do próximo presidente, quem votaria seriam os atuais deputados. Logo, a "campanha" de Erick Musso à reeleição deveria ser feita entre os que ele já conhece. Mais jovem da Assembleia, com 32 anos, Erick, com seu grupo político, tem pretensões políticas que passam por manter o comando do Poder Legislativo.>
"(A PEC) é para termos um ano de 2020 mais tranquilo por causa das eleições, para que não sirva moeda de troca. Sabemos que o governo pode jogar pesado. Vemos no Erick essa independência que a Casa precisa", disse um deputado oposicionista.>
Mas por que agora uma proposta arquitetada há muitos meses começa a ser destravada? Alguns deputados dizem que o grupo mais arredio ao Palácio Anchieta identificou movimentos do governo para testar alguns possíveis substitutos de Erick na presidência. Dary Pagung (PSB) e Bruno Lamas (PSB), por exemplo. A PEC viria como reação. >
O líder do governo rechaça essa versão. "Nunca vi comentar nada sobre isso. O governador, na eleição atual da Mesa, teve a garantia do Erick, na minha presença, de que seria dada governabilidade durante os quatro anos de governo", frisou Enivaldo dos Anjos.>
Coincidência ou não, a reação mais forte ao rascunho da PEC partiu de Dary Pagung. "É muito provável que o quadro de parlamentares seja alterado com as eleições municipais e nada mais justo que a votação da Mesa seja feita por aqueles que deverão participar das futuras decisões. A quem realmente interessa a antecipação da eleição? Acredito que não é à sociedade capixaba", disse, em nota. Procurado pela reportagem, a Casa Civil do Poder Executivo não se manifestou. >
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