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Parque da Prainha amanhece desocupado após 69 dias de acampamento

Parque da Prainha amanhece desocupado após 69 dias de acampamento

Ação da prefeitura e da Polícia Militar retirou entulhos do sítio histórico, palco de atos antidemocráticos desde 1º de novembro. Duas pessoas foram presas

Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 11:42

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Manifestantes saíram da frente do 38 Batalhão do Exército na segunda-feira (9), após decisão do STF
Prainha, em Vila Velha, desocupada pela primeira vez após atos golpistas. (Ricardo Medeiros)
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Após 69 dias de ocupação em frente ao 38º Batalhão de Infantaria no Parque da Prainha, em Vila Velha, a região amanheceu sem nenhum sinal dos atos golpistas nesta terça-feira (9). Isso porque, na tarde de segunda-feira (8), a Polícia Militar cumpriu a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de liberar as áreas próximas aos quartéis que estavam ocupadas pelos movimentos antidemocráticos que questionavam o resultado das eleições de 2022.

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) começaram a ocupar o espaço no dia 1º de novembro, após o segundo turno do pleito e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência. Desde essa época, moradores e comerciantes do sítio histórico já vinham reclamando de prejuízos e transtornos, como queda nas vendas e barulho.

No dia 3 de janeiro, a Prefeitura de Vila Velha já havia iniciado a desmobilização do acampamento, após recomendação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Na manifestação, o órgão ministerial solicitava que a administração pública tomasse providências para desobstruir as vias públicas, calçadas e os demais espaços públicos no sítio histórico, bem como coibisse o estacionamento irregular e adotasse medidas contra poluição sonora.

A desocupação total, no entanto, aconteceu somente na segunda, após a saída dos grupos ter sido determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, um dia depois dos atos terroristas provocados por bolsonaristas radicais nas sedes dos três Poderes, em Brasília. Logo depois, também foi requisitada pelo MPES.

Após a desmobilização do acampamento bolsonarista, a Polícia Militar vai continuar com efetivo no local para impedir o retorno de manifestantes. A Guarda Municipal de Vila Velha também permanecerá na região.

Caso alguém volte para a área para tentar recomeçar a montar barracas, será preso pelos militares, segundo informou o comandante da Polícia Militar, coronel Douglas Caus.

Prainha, em Vila Velha, desocupada pela primeira vez após atos golpistas(Ricardo Medeiros)

Desmobilização na semana passada

No dia 3 de janeiro deste ano, boa parte dos manifestantes desocuparam a área da Prainha. Na ocasião, a Prefeitura de Vila Velha fez uma operação conjunta de recuperação e limpeza do local, quando foram retiradas barracas, paletes e pedaços de madeira.

A prefeitura relatou alguns reparos que deveriam ser feitos na região, como o tratamento do solo e o replantio de mais de 6 mil metros quadrados de grama para devolver o parque à população. O cálculo do custo dessa operação de recuperação do local, que inclui o uso de caminhões para a retirada dos entulhos e o processamentos do lixo gerado, foi solicitado pelo MPES à administração municipal.

Ação após ordem do STF

Na segunda-feira, o acampamento chegou ao fim. Diante da determinação do STF, os grupos começaram a sair pacificamente do local e a tirar barracas, mesas, caixas e freezers do local no final da manhã. O movimento de retirada continuou durante a tarde, quando as forças de segurança chegaram para desmobilizar por completo o ato e desmontar o acampamento.

Durante a ação, dois homens, de 48 e 52 anos, foram presos em flagrante ao questionarem a ação de desocupação e se identificarem como integrantes do movimento bolsonarista.

Segundo a Polícia Federal, os dois foram indiciados por três crimes previstos no Código Penal: associação criminosa, incitar a prática de crimes e tentar, com violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo a atuação dos poderes constituições. Eles foram encaminhados ao sistema prisional, mas não tiveram os nomes divulgados.

Quem paga a conta?

O MPES informou que solicitou à Prefeitura de Vila Velha que comunique, no prazo de cinco dias úteis (desde o dia 3 de janeiro), as providências adotadas para limpeza da Prainha, inclusive apresentando levantamento do gasto despendido pelo poder público, após a saída dos manifestantes que ocupavam o local.

Questionada sobre de quem cobrará os prejuízos no dia 3, a Prefeitura de Vila Velha informou que isso será definido após o levantamento das despesas. O MPES investiga lideranças por trás da organização e do financiamento dos atos, que poderão ter que arcar com os gastos do município.

Nesta terça-feira (10), a reportagem questionou a prefeitura novamente para saber qual o valor do prejuízo deixado na Prainha. A administração municipal, no entanto, respondeu apenas que "ainda está produzindo relatório com os dados solicitados pelo MP, tendo em vista que nessa segunda (9) houve nova operação".

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