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Givaldo, Freixo e Dino filiam-se ao PSB com críticas a Bolsonaro

Givaldo, Freixo e Dino filiam-se ao PSB com críticas a Bolsonaro

Chegada de ex-membros de siglas mais à esquerda alimenta discussão no partido de Casagrande, que está dividido entre o apoio a Lula em 2022 ou a um candidato de centro

Publicado em 22 de junho de 2021 às 16:10

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Givaldo Vieira e Marcelo Freixo, no canto esquerdo, acompanham discurso de Flávio Dino. No canto esquerdo, de costas, o governador Renato Casagrande
Givaldo Vieira e Marcelo Freixo, no canto esquerdo, acompanham discurso de Flávio Dino. No canto esquerdo, de costas, o governador Renato Casagrande. (Divulgação)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

O PSB, partido do governador Renato Casagrande, reuniu em Brasília nesta terça-feira (22) suas principais lideranças para a filiação do governador do Maranhão, Flávio Dino (que deixou o PCdoB), do deputado federal Marcelo Freixo (eleito pelo PSOL-RJ) e o diretor-geral do Detran-ES, Givaldo Vieira (que também estava no PCdoB). Os discursos durante o evento ficaram marcados pelas críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com a preocupação com as eleições presidenciais de 2022.

O partido, atualmente, está dividido entre lideranças que defendem o apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os que preferem uma candidatura de centro, que una o "campo democrático progressista", como tem sustentado o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.

Nos bastidores, a chegada de três filiados oriundos de partidos mais à esquerda, como o PCdoB e o PSOL, foi vista como um ponto favorável para os que defendem uma aproximação dos socialistas a Lula. Givaldo, inclusive, deixou o PT em 2018, em meio à eleição interna do diretório capixaba do partido, em que era candidato para comandar a sigla no Espírito Santo e foi derrotado. Apesar disso, ele mantém boa relação com o partido e com o governador, de quem foi vice no primeiro mandato de Casagrande.

Internamente, o diretor-geral do Detran é visto como alguém que pode reforçar a ponte entre o PT e Casagrande, que corre o risco de desmoronar em 2022, caso os dois partidos caminhem em direções diferentes na eleição presidencial.

Se isso acontecer, o PT já ensaia uma candidatura própria ao Palácio Anchieta. O senador Fabiano Contarato (Rede) tem se aproximado dos petistas e é a principal aposta do PT para a disputa. O parlamentar foi convidado por Lula para se candidatar à vaga, o que teria desagradado aliados de Casagrande.

CASAGRANDE: "UNIFICAR FORÇAS"

O governador Renato Casagrande, secretário-geral do PSB nacional, é um dos membros do partido que sinalizam para uma candidatura fora da polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022. O socialista defendeu, em entrevista à A Gazeta em dezembro, uma união em torno de um governo “transitório”, que possa reconstruir as instituições democráticas, que ele afirma terem sido desgastadas por Bolsonaro.

No sábado (19), inclusive, ele recebeu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também cotado para ser candidato à presidência em 2022. O encontro com o gaúcho foi compartilhado nas redes de Casagrande, minutos após o encontro. 

Em discurso durante o evento, Casagrande elogiou o governo de Flávio Dino no Maranhão, a luta pelos direitos humanos encampada por Freixo e o trabalho de Givaldo no governo estadual. Ele destacou que a atuação do PSB deve se pautar pelo fortalecimento da democracia.

"Estamos vivenciando uma prática de ruptura política e de desrespeito às instituições. Vivemos um momento de enfraquecimento das instituições democráticas do país. Mais do que nunca é muito importante que nós estejamos juntos, agregando lideranças e instituições partidárias do campo democrático progressista para que a gente possa unificar nossas forças em torno de um projeto para o Brasil e para as eleições do ano que vem", afirmou.

Givaldo fez críticas mais duras a Bolsonaro, a quem chamou de "genocida" e "desastroso", e destacou o papel do PSB para defender a democracia e "aqueles que defendem a vida". Pré-candidato a deputado federal, o diretor-geral destacou que está comprometido com o papel que o partido definir em âmbito nacional.

"Me sinto em casa neste partido, capaz de acolher defensores de democracias e direitos. Fico honrado de estar do mesmo lado que Renato Casagrande, que da metade para baixo do mapa do Brasil é o governador que mais exibe a defesa da democracia no país. Precisamos de grandes líderes e o PSB, com Dino e Freixo, está se fortalecendo com lideranças de grande respeito nacional, que nos motiva para o papel difícil que teremos em 2022", destacou.

Freixo, Dino e Carlos Siqueira, que é presidente nacional do PSB, comemoram filiação
Freixo, Dino e Carlos Siqueira, que é presidente nacional do PSB, comemoram filiação. (Divulgação)

FREIXO: "ELEIÇÃO DE 2022 SERÁ A MAIS IMPORTANTE. ATÉ PORQUE PODE SER A ÚLTIMA"

Ex-PSOL, que o liberou para deixar o partido e se filiar ao PSB (caso contrário, só poderia se filiar na janela partidária do ano que vem), Marcelo Freixo apontou que as eleições de 2022 vão ser o pleito mais importante da história do país. Para ele, que é cotado para ser candidato a governador pelo Rio de Janeiro pelo partido no próximo ano, Bolsonaro tem feito movimentos cada vez mais autoritários, que podem colocar em risco a continuidade da democracia se for reeleito.

"A eleição de 2022 vai ser a eleição mais importante da nossa história. Até porque pode ser a última. Não é para ser dramático o que estou dizendo. A democracia está em risco e a gente precisa admitir o tamanho deste risco e precisa ser compatível com o tamanho da nossa responsabilidade. Não podemos deixar a democracia escapar dos nossos dedos. O medo já se estabeleceu no país e a coragem é a forma que temos para derrotar o medo", discursou.

Flávio Dino colocou panos quentes sobre a possibilidade de que a ida dele e de Freixo para o PSB faça parte de uma articulação para o PSB apoiar Lula. Apesar de defender a candidatura do petista, ele disse que o apoio partidário é uma questão a ser debatida.

"A conjuntura exige que nós consigamos nos unir, quebrar arestas, quebrar resistência e preconceitos para que a democracia possa vencer. Especularam que minha entrada no PSB corresponderia a um plano mirabolante para dominar o partido e forçá-lo a apoiar Lula. Pura fantasia, embora todos saibam da minha posição, que, por sinal, me orgulho dela. Jamais teria a pretensão a interesses imediatistas. Faremos o bom debate", pontuou.

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