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Publicado em 14 de outubro de 2025 às 13:10
A defesa do major do Exército Angelo Martins Denicoli afirmou, na manhã desta terça-feira (14), que o militar não havia presumido que cometeria crime ao participar de uma reunião para elaboração de um relatório feito pelo Instituto Voto Legal (IVL). O documento apontou, falsamente, irregularidades em urnas eletrônicas. O militar da reserva, que é natural do Espírito Santo, e outros seis réus integram o núcleo 4, acusado de tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022 e que começou a ser julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (14).>
“O Angelo teria participado de uma reunião, assim como outras pessoas também participaram e não foram denunciadas. Ele é incluído em um contexto fático de ter participado da produção desse documento. Outra reflexão que faço é que o IVL foi contratado pelo Partido Liberal para realizar um trabalho técnico que seria ou não usado em uma ação judicial. Qualquer pessoa que ouve isso, não é crível, exigível que ela presuma que aquilo seria algo ilícito, ilegal ou criminoso”, ponderou o advogado Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo no STF.>
Ele defendeu que, pelo major ter participado de somente uma reunião, essa atitude não pode ser entendida como criminosa, uma vez que ele não teria contribuído para o resultado do relatório.>
Segundo o relatório feito IVL, teria havido “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento” nas urnas fabricadas antes de 2020. O documento alegou, falsamente, que cinco modelos de urnas “apontaram a repetição de um mesmo número de identificação, quando, na verdade, deveriam apresentar um número individualizado no campo do código de identificação da urna”.>
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O entendimento da Procuradoria Geral da República (PGR) é que o grupo tentava passar a ideia de que com o esgotamento das vias jurisdicionais, seria inevitável tomar medidas extraordinárias. “Mesmo que não obtivessem êxito, estaria dada a mensagem de estarem esgotadas as vias jurisdicionais para questionar o processo eleitoral”, pontuou o procurador Paulo Gonet na denúncia.>
A 1ª Turma do STF iniciou o julgamento do major e de outros seis réus do núcleo 4 da trama golpista na manhã desta terça (14). Em seu relatório lido no começo da sessão, o ministro Alexandre de Moraes destacou que o morador de Colatina, Noroeste do Estado, atuou na criação de fake news sobre as urnas eletrônicas. >
“O réu Angelo Martins Denicoli também teria, segundo a PGR, auxiliado a construção da narrativa sobre fraude nas urnas eletrônicas e contribuído diretamente para a estruturação de documentos absolutamente inverídicos que serviram de base para a propagação e difusão da narrativa enganosa do grupo criminoso”, disse Moraes, relator do caso na Corte.>
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reiterou os principais pontos da denúncia apresentada pela PGR. >
Na ação, os réus foram denunciados por organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.>
De acordo com a denúncia da PGR, os integrantes do núcleo do qual o major do Espírito Santo faria parte seriam responsáveis por espalhar notícias falsas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e atacar instituições e autoridades.>
Denicoli foi ouvido em interrogatório realizado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 25 de julho.>
Durante sua fala no interrogatório, o major negou ter participado da trama golpista, denunciada pela PGR, para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito em 2022, e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.>
Ainda durante seu depoimento, o militar afirmou que desde 2013, quando entrou para a reserva do Exército, não mantinha contato com agentes públicos ou militares de Brasília. Denicoli também assegurou, no interrogatório, que não possui capacidade técnica para emitir parecer sobre a segurança do processo eleitoral brasileiro.>
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