Publicado em 22 de agosto de 2020 às 17:13
Máscara no queixo, na orelha ou deixando o nariz de fora. Alguns vereadores da Câmara de Vitória parecem ter dificuldade de utilizar a proteção facial de forma correta, ou de usar o acessório de alguma forma, durante as sessões presenciais, que foram retomadas no dia 13 deste mês. Isso sem falar em episódios de desrespeito ao distanciamento.>
Para que o retorno fosse possível, o presidente da Casa, Cléber Félix (DEM), elaborou um ato, publicado no dia 12, que fixa normas como o uso obrigatório de máscara no plenário e a proibição do uso da tribuna. Na prática, no entanto, a história é outra: vídeos mostram o presidente e alguns parlamentares descumprindo as próprias normas.>
O ato também dispensa do retorno servidores e parlamentares do grupo de risco, possibilitando que a sessão seja feita de forma híbrida, ou seja, em parte virtual. Dois parlamentares até tentaram participar de forma remota da primeira sessão após o retorno. Problemas técnicos, no entanto, dificultaram a comunicação e, assim, eles voltaram a frequentar o plenário, um ambiente fechado com ar condicionado e pouca ventilação.>
Sentados em locais marcados, a maioria dos vereadores se sentiu à vontade para retirar as máscaras quando estavam prestes a falar. O vereador Denninho Silva (Cidadania) chegou a criticar o retorno às sessões presenciais enquanto sua máscara estava no queixo.>
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"Vou tirar a máscara, porque estamos bem longe, né? Estou a mais de dois metros dos meus colegas", diz o vereador Vinícius Simões (Cidadania) antes de tirar a proteção. >
Para especialistas, o uso de máscara é tão importante para prevenir a transmissão do coronavírus que pode evitar uma nova onda da doença. Já se sabe que o vírus viaja pelo ar e estudos mostram que pode percorrer até mais de dois metros, principalmente em lugares fechados. É por isso que infectologistas apontam que o uso do equipamento para proteção deve continuar sendo feito até que se tenha uma vacina para todos e o vírus pare de circular.>
A Câmara de Vitória informou, por nota, que fez "todas as adaptações no plenário para que as sessões sejam realizadas de forma segura para todos os parlamentares e servidores" e que "tirar a máscara ou levantar e usar outro microfone durante a sessão são decisões individuais, já que todos os parlamentares estão cientes do que o Ato preconiza". O texto também afirma que existe cobrança para que as regras sejam cumpridas.>
Além do presidente da Casa, Max da Mata (Avante), Denninho Silva, Neuzinha de Oliveira (PSDB), Vinícius Simões, Luiz Emanuel (Cidadania), Mazinho dos Anjos (PSD) e Leonil (Cidadania) também aparecem nos vídeos dispensando o uso da proteção ou a utilizando de forma inadequada. As imagens podem ser acessadas pelo canal da Câmara no YouTube .>
Procurados pela reportagem, alguns parlamentares não se manifestaram. Max da Mata afirmou que, mesmo já tendo testado positivo para a Covid-19 e se recuperado, segue os protocolos e usa a máscara a todo momento. "Só tiro a máscara para falar porque sinto dificuldade para respirar e falar com certa velocidade, por muito tempo e com alguma contundência. Me sinto seguro em tirar a máscara porque o presidente garantiu fazer a higienização antes e após as sessões", disse.>
Mazinho dos Anjos informou, via assessoria de imprensa, que o motivo para retirar a máscara para falar é simples: para que os óculos não fiquem embaçados. Neuzinha de Oliveira também afirmou que retirou a máscara, em alguns momentos, por considerar que a distância das mesas era segura.>
O vereador Leonil chegou a enviar um requerimento ao presidente da Câmara pedindo que as medidas fossem respeitadas e apontando as irregularidades. Mas o próprio Leonil também está entre os que aparecem sem máscara e próximo a outros parlamentares. Ele afirmou, por meio de nota, o seguinte: >
"Em um plenário há necessidade de deliberar assuntos com os nossos pares. Houve momento de desatenção devido à necessidade de debater projeto de lei em discussão. Este é mais um motivo para voltarmos às sessões remotas enquanto não houver vacina. Se adultos têm dificuldade de seguir protocolos de saúde, imagine crianças nas escolas." >
Em um dos momentos do vídeo é possível ver o parlamentar, sem máscara, conversando bem próximo a outro vereador:>
Outra regra desrespeitada foi a proibição do uso da tribuna, que é o espaço de destaque destinado para parlamentares discursarem no plenário. Na sessão de quarta-feira (19) o vereador Luiz Emanuel e dois convidados usaram o espaço para discursar, todos sem máscara. O parlamentar foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos contatos.>
Em outros Estados, Câmaras municipais que retomaram atividades presenciais tiveram surtos de Covid-19 confirmados neste mês, como Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, onde quatro servidores e vereadores foram infectados de uma vez. >
Em Sorocaba e Alumínio, no interior de São Paulo, pelo menos dois servidores, em cada município, foram contaminados. Em Itajubá, Minas Gerais, o surto foi confirmado pela direção da Casa, mas o número de contaminados não foi divulgado.>
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