> >
"Bolsonaro jogou fora personagens que criou", diz Eliane Cantanhêde no Vitória Summit

"Bolsonaro jogou fora personagens que criou", diz Eliane Cantanhêde no Vitória Summit

Analista da Globo News participou de evento promovido pela Rede Gazeta e fez análise do quadro político nacional, com uma retrospectiva desde a gestão de FHC

Publicado em 24 de novembro de 2021 às 11:22

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Vitória Summit – Encontro de Líderes 2021, promovido pela Rede Gazeta
Eliane Cantanhêde, analista da Globo News. (Vítor Jubini)

O debate sobre o cenário político nacional e do Espírito Santo marcou o início do Vitória Summit, evento organizado pela Rede Gazeta, nesta quarta-feira (24). No primeiro painel, a jornalista Eliane Cantanhêde, analista da Globo News, fez uma breve retrospectiva da atuação presidencial, desde a era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e culminou com projeções para as eleições de 2022. Para ela, o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), jogou fora os personagens que criou para sua última candidatura e, agora, se vê num ponto da disputa para o próximo ano sem os elementos que sustentaram sua vitória no passado. 

Cantanhêde observou que entre as pautas de Bolsonaro, para a campanha de 2018, estava o combate à corrupção. Ele também se mostrava crítico à chamada "velha política."

Vitória Summit – Encontro de Líderes 2021, promovido pela Rede Gazeta(Vítor Jubini)

"Quando olhamos 2022, partimos de Bolsonaro. É preciso olhar sobretudo o Jair Bolsonaro. Ele jogou fora todo o discurso de 2018 de combate à corrupção, jogou fora o Moro (ex-ministro Sergio Moro), não endossou nenhum projeto de combate à corrupção. Falou contra a velha política, mas está abraçado ao Centrão. Ele disse que entregou a alma ao Centrão", pontuou a jornalista. 

Do ponto de vista econômico, na análise de Cantanhêde, o presidente também deixou de cumprir o que havia prometido em campanha, de promover uma política liberal, abrindo a economia, incentivando privatizações e induzindo reformas estruturais. Ela atesta, entretanto, que não foi isso o que aconteceu.

"Pegou a reforma administrativa e trancou na gaveta, a reforma tributária, trancou na gaveta, a da Previdência, lavou as mãos. Ele jogou fora a persona Bolsonaro de 2018. Não tem economia, meio ambiente, não tem social, cultura. E já ia me esquecendo da política externa brasileira", relacionou a comentarista política.

Cantanhêde também analisou o histórico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, hoje, lidera as pesquisas de opinião para a presidência. A jornalista considera que o petista adotou uma boa estratégia em sua recente visita a países europeus, reconhecido por diversas lideranças, demonstrando a falta de articulação do atual presidente na política externa. Mas a jornalista avalia que, se confirmada sua candidatura, a campanha não será fácil também para ele. 

"O Lula está em primeiro em todas as pesquisas, mas a campanha não começou. Quando começar, ele vai sair da zona de conforto. Em qualquer lugar que ele vá, será confrontado sobre Mensalão, Petrolão, Odebrecht. A campanha vai ser difícil para ele também", estima. 

Outro provável candidato que mereceu a atenção da jornalista no debate foi Ciro Gomes (PDT) que, para ela, não tem a força necessária para o enfrentamento das eleições em 2022. Em sua avaliação, dificilmente o pedetista conseguirá passar de dois dígitos na votação. 

Na análise de Cantanhêde, agora com a filiação de Sergio Moro ao Podemos, a próxima pesquisa de intenção de voto já deverá trazer o ex-ministro de Bolsonaro e ex-juiz com um apoio similar ao que vem sendo dado atualmente para Ciro. A jornalista acredita que será Moro a fazer o contraponto entre Lula e o atual pesidente na disputa de 2022. 

"Ele fez um discurso que encontra eco na sociedade brasileira sobre o combate à corrupção. Mas terá dificuldades, que são os dois extremos", opina. 

Ainda sobre as eleições de 2022, aponta que a população deve estar atenta às pesquisas qualitativas. Em 2018, a palavra-chave foi "novo", na disputa de 2020, foi a "experiência." 

"Qual vai ser a palavra-chave qualificativa de 2022? Acho que ninguém vai querer fazer teste de novo."

A jornalista Letícia Gonçalves, colunista política de A Gazeta, fez uma análise do cenário local, apresentando possíveis candidatos para o governo do  Estado e o Senado Federal. Na disputa ao Palácio Anchieta, o atual governador Renato Casagrande (PSB) é o que figura, na avaliação da articulista, como o nome mais provável a ingressar nesse processo. Contudo, ela evidenciou que o mercado político discute inúmeras outras opções, da ala de apoio a Bolsonaro, como o ex-deputado Carlos Manato (sem partido),  a parlamentares hoje no mesmo partido de Casagrande, como Sergio Majeski e Felipe Rigoni

O evento foi aberto pelo presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg, que  destacou a importância do debate de ideias diante do momento de desafios enormes da economia e política nacional. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais