Publicado em 1 de fevereiro de 2020 às 15:07
Após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (1º), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que não se sente esvaziado no cargo. Ele disse que permanece na pasta e representará Bolsonaro na sessão solene de abertura do ano legislativo no Congresso nesta segunda-feira (3).>
"As coisas vão continuar a seguir seu rumo normal. Falamos muito e revisamos a mensagem presidencial (ao Congresso). Eu vou levar na segunda-feira porque ele (Bolsonaro) vai estar em São Paulo", afirmou.>
Onyx disse ainda que não discutiu com Bolsonaro sua possível saída da Casa Civil. A reunião entre eles durou cerca de uma hora e 20 minutos. "Nós nem conversamos sobre isso, nós conversamos sobre as tarefas do ministro da Casa Civil a partir já agora do meu retorno das férias. Hoje já conversamos sobre a rotina normal, então, fica tudo igual, não mudou nada", afirmou.>
Bolsonaro tem buscado uma saída para a crise política protagonizada pelo ministro da Casa Civil. O auxiliar, por sua vez, trabalha para se manter no cargo.>
>
A Casa Civil foi esvaziada quando o presidente decidiu retirar da pasta o PPI (Programa de Parceira de Investimentos) após demissão, recontratação e nova demissão de Vicente Santini, então secretário-executivo de Onyx.>
Santini foi destituído do cargo por Bolsonaro após viajar com duas assessoras em um voo exclusivo da FAB (Força Aérea Brasil) de Brasília para Davos (Suíça), e de lá para Déli (Índia), episódio que foi classificado de imoral pelo presidente.>
O secretário chegou a ser realocado na pasta, mas, após repercussão negativa, Bolsonaro decidiu demiti-lo novamente. Segundo Onyx, o assunto é "página virada".>
Onyx Lorenzoni
Chefe da Casa CivilO ministro buscou minimizar a perda do PPI para a Economia. "Nós, já lá atrás, quando fizemos o programa de governo, de julho de 2018, lá está o PPI na Economia, é uma demanda antiga da Economia. Acabou ficando um período na Secretaria Geral, depois veio para a Casa Civil, e o presidente tomou a decisão de mandar para a Economia, assim como isso já aconteceu com a Cultura, que estava na Cidadania e foi para o Ministério do Turismo. Faz parte de decisões de governo e a gente acata", disse.>
Sobre a mensagem que será lida no Congresso, Onyx disse que o texto vai reafirmar o norte do governo: "a redução do tamanho do Estado, a agilização e a ampliação da capacidade de comunicação com o cidadão".>
"Quando a gente entrou (no governo), tinha 20 ou 30 serviços digitalizados. Hoje nós já contabilizamos mais de 500. O cidadão pega seu celular e fala com o governo. Queremos chegar até o final do governo com mais de 2.000 serviços digitalizados", disse.>
Questionado especificamente sobre a reforma administrativa, Onyx afirmou que é claro que ela também constará da mensagem aos parlamentares. "Na mensagem está o quê? Que o governo continuará fazendo as reformas que o Brasil precisa", respondeu.>
"Este é um governo que vem fazendo uma série de reformas, começamos com a Previdenciária. Nós estamos trabalhando agora com a reforma do pacto federativo. Durante décadas vocês (jornalistas) escreveram que os prefeitos e governadores vinham a Brasília apenas de pires na mão. Nós mandamos ainda no ano passado uma reforma do Estado que vai permitir a reformulação do pacto federativo.">
Onyx montou uma articulação para tentar arregimentar apoio pela sua permanência na Casa Civil. Ele conversou com deputados bolsonaristas e com militares governistas, como Heleno. Deputado federal licenciado pelo DEM-RS, Onyx é um dos ministros da chamada ala ideológica do governo.>
Segundo auxiliares presidenciais, Bolsonaro avalia três hipóteses para Onyx caso sua permanência na Casa Civil fique inviável. Entre as possibilidades estão os Ministérios do Desenvolvimento Regional, o da Cidadania e o da Educação.>
As duas últimas pastas já são comandadas por aliados do ministro gaúcho -Osmar Terra e Abraham Weintraub, respectivamente. Essa saída, na visão do Palácio do Planalto, seria a menos traumática.>
Caso opte por alocar Onyx na Educação, Bolsonaro atenderá ainda à ala do governo e a congressistas que cobram a demissão de Weintraub. O MEC está no meio de uma crise decorrente de problemas nas notas do Enem, o que afetou também o sistema de seleção para instituições de ensino superior, o Sisu.>
Weintraub ainda tem sido criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o chamou de desastre. Para o deputado, o ministro "atrapalha o Brasil". Gustavo Canuto, do Desenvolvimento, é outro ministro que também está desgastado com Bolsonaro. Desde o ano passado, o presidente tem se queixado de seu desempenho e cogitado retirá-lo da pasta.>
Para conseguir fechar a equação, Bolsonaro tem buscado um nome para o comando da Casa Civil. O favorito é Jorge Oliveira, mas o ministro tem demonstrado resistência. O plano estudado por Bolsonaro é fundir a Casa Civil com a Secretaria-Geral da Presidência.>
Um plano B seria a nomeação de um dos líderes do governo para comandar a articulação política, como Fernando Bezerra (MDB-PE), do Senado, e Eduardo Gomes (MDB-TO), do Congresso.>
A indicação de Bezerra, no entanto, enfrenta um empecilho. Ela pode inviabilizar que seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (DEM-PE), assuma Minas e Energia em maio, quando o ministro Bento Albuquerque deverá ser indicado para uma vaga destinada à Marinha no STM (Superior Tribunal Militar).>
Pai e filho são alvo de investigação da Polícia Federal sobre desvio de verbas em obras no Nordeste. Além do mais, articuladores políticos de Bolsonaro consideram que trazer um parlamentar para o Planalto, neste momento, pode ser contraproducente.>
Eles argumentam que prestigiar o MDB poderia desencadear um movimento por mais espaço na Esplanada vindo de partidos que votam com o governo.>
Outro nome ainda é cotado para a Casa Civil: o do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Ele foi o articulador da reforma da Previdência no Congresso, aprovada no ano passado.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta