Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 17:25
A ONG Transparência Capixaba sugeriu que o conselheiro do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) Luiz Carlos Ciciliotti se declare impedido de ser relator das contas do governador, Renato Casagrande (PSB). Em nota publicada nesta quinta-feira (30), a entidade destaca que Ciciliotti foi filiado ao PSB por 32 anos, assumiu a presidência do partido e ocupou um cargo de confiança no atual mandato do governador. >
Segundo o TCES, o conselheiro foi indicado obedecendo um critério de rodízio e antiguidade, definido pelo regimento interno da Corte. A indicação foi definida na última terça-feira (28). Ciciliotti tomou posse em fevereiro do ano passado, indicado pelo próprio governador. Antes ele ocupava o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo (SEG).>
"A situação que envolve o conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti aponta para um possível conflito de interesses, que, mais que uma questão legal, é, por certo, um princípio ético-político, que devemos lutar para garantir, no intuito de preservar tanto o Tribunal de Contas, quanto a própria figura do cargo de Conselheiro", diz a nota.>
A entidade ainda sugere que o próprio Tribunal de Contas dê início a um debate sobre a formulação de uma lei estadual de conflito de interesses que envolva todos os Poderes e órgãos.>
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O conflito, segundo a legislação, está previsto em situações em que "o confronto de interesses públicos e privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o desempenho da função pública". Na lei orgânica do Tribunal de Contas consta que é vedado aos conselheiros intervir no julgamento de processo que envolva interesses próprios ou de cônjuge, parente consanguíneo ou afim até o terceiro grau.>
Para o professor universitário e mestre em administração pública Hugo Junior Brandião, a indicação de Ciciliotti não é adequada. Ele acredita que, por mais que o conselheiro queira ser isento em seu relatório, não conseguiria, já que participou do processo de construção do mandato.>
"É impossível fazer essa desassociação. Uma pessoa não pode se dissociar de um fenômeno do qual ela teve participação. Ele foi apoiador do governo, assumiu um posto nele, é um risco grande. Não é conveniente e nem adequado, ainda mais implicando a utilização de recursos públicos. É preciso ter uma isenção crítica extrema para a análise das contas. O Tribunal de Contas deveria ter um rito interno para vedar este tipo de análise", afirmou.>
Caso Ciciliotti se declare impedido, o relatório das contas do governo passaria para outro conselheiro e ele ficaria, também, impossibilitado de votar as contas em plenário, sendo substituído, nesta votação, por um dos auditores.>
Questionado sobre a situação, o governador Renato Casagrande disse que este assunto cabe ao Tribunal de Contas. A reportagem também procurou o conselheiro Ciciliotti, mas não obteve retorno.>
O Tribunal de Contas disse que a distribuição ao conselheiro respeita esses critérios e foi aprovada pelo colegiado do plenário à unanimidade. >
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