Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 06:01
O desembargador Álvaro Bourguignon pediu aposentadoria ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), assim mais uma vaga será aberta no Pleno da Corte. Isso aproxima, também, a largada oficial para a disputa pelo preenchimento da cadeira. A vaga de Bourguignon deve ser destinada a um advogado entre os apontados pela Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Espírito Santo (OAB-ES). >
Mas, de acordo com o presidente do TJES, Ronaldo Gonçalves de Sousa, a formalização da aposentadoria do desembargador, o que acontecerá somente depois de trâmites burocráticos, não garante que a indicação do substituto ocorra logo em seguida.>
Já há outras duas vagas de desembargador em aberto no TJES e pode haver a preferência por preenchê-las primeiro. Essas vagas são destinadas a juízes de carreira: uma pelo critério de antiguidade e outra por merecimento.>
"Aí vai depender do tribunal (o preenchimento da vaga da OAB), porque nós já temos duas vagas a serem preenchidas na frente dessa aí. Pela lógica, primeiro preencheria as vagas dos desembargadores de carreira", afirmou o presidente do TJES à reportagem de A Gazeta nesta quinta-feira (30).>
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Ronaldo Gonçalves de Sousa diz que não há previsão para que seja publicado o edital para inscrições às duas vagas de desembargador dos juízes de carreira. >
Essas cadeiras estão em aberto desde 2015. Naquele ano, a promoção de juízes a desembargadores chegou a ser suspensa. A medida foi anunciada pelo próprio TJES para conter despesas, uma vez que o Judiciário Estadual já estava à beira do limite de gastos com pessoal. O máximo é de 6% da receita corrente líquida do Estado e o tribunal já chegava a 5,95%.>
Hoje a situação é mais confortável. De acordo com dados do Tribunal de Contas (TCES), o Judiciário estadual gastou, de janeiro a dezembro de 2019, R$ 790,3 milhões com pessoal, o equivalente a 5,3% da receita corrente líquida. Mas ainda há preocupação. "Estamos pensando, não temos previsão de nada", respondeu o presidente do TJES quando questionado sobre a previsão de abertura do processo de escolha dos dois desembargadores de carreira. >
Dessa forma, ficaria ainda mais distante o preenchimento da vaga destinada à OAB, se as demais forem priorizadas. Ao todo, o TJES tem 30 cadeiras de desembargador, mas desde 2015 funciona apenas com 28.>
A reportagem de A Gazeta apurou que Álvaro Bourguignon pediu aposentadoria em dezembro do ano passado, após uma série de licenças para tratamento de saúde nos últimos anos. O presidente da Corte confirmou que o TJES recebeu o pedido no mês passado, mas para passar a ter efeitos a partir de janeiro de 2020. >
"O trâmite não é tão rápido. Precisamos primeiro da chancela do IPAJM (o instituto de Previdência do Espírito Santo), aí o processo volta, o setor administrativo do Tribunal vai apreciar e aí se coloca em pauta para julgamento", elenca. Também não há datas definidas para essas etapas.>
Mesmo antes do pedido de aposentadoria, advogados já se movimentavam nos bastidores de olho na cadeira de Bourguignon. Durante as licenças do desembargador, o juiz Raimundo Siqueira Ribeiro o substitui no Pleno. "É uma vaga da OAB ocupada por um juiz", reclama um advogado. A Ordem chegou a protocolar, no ano passado, um ofício no TJES pedindo dados sobre licenças de desembargadores, sem citar nomes. >
A OAB-ES, após a abertura oficial da vaga e de inscrições de interessados, elege seis nomes. A lista sêxtupla é enviada ao TJES. Os desembargadores votam e elegem três nomes entre esses seis. A lista tríplice é enviada ao governador do Estado, que escolhe um e o nomeia desembargador. Essa é uma das vagas do chamado Quinto Constitucional. Um quinto das vagas do Tribunal deve ser destinada a membros da OAB e do Ministério Público. No caso do TJES, são três vagas para cada instituição. >
A reportagem de A Gazeta procurou nesta quinta a OAB-ES, que ainda não se manifestou sobre o assunto. >
Álvaro Bourguignon tornou-se desembargador em 1997, aos 40 anos, nomeado pelo então governador Vitor Buaiz. Presidiu o TJES em um mandato-tampão em um momento delicado, após a Operação Naufrágio, que levou o presidente anterior, Frederico Pimentel à prisão. Também já presidiu o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES). >
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