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Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 13:36
- Atualizado há 5 anos
Adversários políticos dos candidatos que foram beneficiados pela atuação de uma rede de perfis falsos na internet durante a campanha eleitoral de 2020 no Espírito Santo querem que o caso vá para a Justiça. O uso das contas nas redes sociais para aumentar a popularidade de Sergio Vidigal (PDT), Euclério Sampaio (DEM) e Fabrício Gandini (Cidadania) foi revelado em um relatório global elaborado pelo Facebook e divulgado na última terça-feira (12).>
Célia Tavares (PT), que disputou o segundo turno da Prefeitura de Cariacica contra Euclério Sampaio, disse que vai acionar o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para que haja uma investigação e, se for o caso, a proposição de ação à Justiça. A Rede, partido que teve o candidato Fábio Duarte concorrendo na Serra contra o agora prefeito Sergio Vidigal, estuda adotar a mesma atitude.>
Euclério e Vidigal são citados no relatório elaborado pelo Facebook como candidatos que contavam com curtidas, comentários elogiosos e compartilhamentos feitos por perfis inautênticos. Os dois saíram vitoriosos das urnas.>
Para Célia, "não há dúvidas que houve desequilíbrio no pleito eleitoral". >
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O MPES informou que tomou conhecimento do relatório e analisa as medidas a serem tomadas.>
O deputado estadual Fabrício Gandini, que concorreu ao cargo de prefeito de Vitória, também é citado no relatório. Gandini, contudo, não se elegeu, sendo derrotado ainda no primeiro turno.>
A atuação de uma rede de perfis falsos no Facebook e no Instagram foi divulgada na terça-feira pelo Relatório de Comportamento Inautêntico Coordenado do Facebook, um documento de alcance global publicado em português e inglês.>
Ao todo, 52 perfis falsos foram removidos das plataformas no Espírito Santo, em dezembro, por violarem a política do Facebook. Segundo o relatório, as contas foram criadas para aumentar a popularidade de Gandini, Vidigal e Euclério durante o processo eleitoral. >
Os perfis falsos agiam comentando, curtindo e compartilhando conteúdos dos três candidatos. Não há indícios de que eles compartilhavam desinformação.>
Ainda de acordo com o Facebook, a empresa AP Exata, que tem sede em Vitória, estaria por trás da criação das contas. A companhia tem como CEO o capixaba Sergio Denicoli. >
Denicoli prestou serviços para a campanha de Vidigal, conforme consta na prestação de contas da Justiça Eleitoral, mas por meio de uma outra empresa, a Exata Comunicação Digital. Foram pagos R$ 37 mil para monitoramento de redes sociais.>
Não consta na prestação de contas das campanhas de Euclério e Gandini pagamentos para nenhuma das empresas de Denicoli.>
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), disse que já havia acionado a Justiça denunciando a atuação da empresa Exata na campanha de Fabrício Gandini, por meio de contratos estabelecidos com a Prefeitura de Vitória.>
Gandini foi o candidato apoiado pelo ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende (Cidadania). Durante o processo eleitoral, a Polícia Federal chegou a fazer uma operação na Prefeitura de Vitória para apurar denúncias de uso da máquina pública na campanha de Gandini.>
Segundo Pazolini, a Exata era responsável pelas mídias sociais do ex-prefeito e teria beneficiado, de forma indireta, Fabrício Gandini. Denicoli, contudo, nega que isso tenha ocorrido. >
"Muito antes das medidas adotadas pelo Facebook, a Coligação Vitória Unida é Vitória de Todos, que elegeu o atual prefeito Lorenzo Pazolini, já havia obtido provas, por meio de quebras de sigilo autorizadas pela Justiça Eleitoral, de que a empresa Exata e seu proprietário, Sergio Denicoli, estavam atuando na campanha eleitoral em favor do candidato Fabrício Gandini", afirmou Pazolini por meio de nota. >
A Exata não tinha contratos diretos firmados com a Prefeitura de Vitória em 2020, mas foi terceirizada por uma agência de publicidade com contrato com a administração da Capital para Publicidade Institucional. Em agosto, por exemplo, foi pago um valor de R$ 41.420 para a Exata, por meio dessa agência de publicidade, para realizar pesquisas para a prefeitura. Há pagamentos também nos meses de julho, maio e abril. >
O CEO da AP Exata, Sergio Denicoli, negou a criação de contas falsas e disse que a empresa citada pelo Facebook não presta serviços eleitorais. >
Já a Exata, outra empresa da qual ele é proprietário, foi contratada por Sergio Vidigal para fazer monitoramento das redes sociais, mas trabalhou, segundo Denicoli, de maneira idônea. >
Sobre as acusações do prefeito Lorenzo Pazolini, Denicoli disse que "a Exata jamais administrou a conta pessoal do ex-prefeito de Vitória e jamais cometeu irregularidades". Questionado se possuía contrato com a Prefeitura de Vitória, Denicoli disse que, "por questões de compliance, a Exata não comenta sobre contratos".>
Ele disse ainda que a empresa está apta a esclarecer qualquer questionamento jurídico. >
Questionados sobre o relatório do Facebook na terça-feira, os políticos disseram não ter conhecimento sobre a criação de contas falsas em redes sociais para beneficiá-los. >
Sergio Vidigal, que foi eleito prefeito da Serra nas eleições de 2020, disse, por meio do advogado eleitoral Altamiro Thadeu Sobreiro, que os serviços de gestão de mídia e análise de redes sociais da empresa citada foram contratados regularmente durante a eleição e declarados à Justiça Eleitoral. "Qualquer outra atividade fora dessa finalidade é desconhecida e, portanto, está fora da responsabilidade da campanha de Vidigal", afirmou. >
O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, informou que desconhece e não compactua com a criação de contas falsas nas redes sociais. O prefeito afirmou que "não houve qualquer contrato entre sua campanha e a empresa citada no relatório do Facebook".>
O deputado estadual Fabrício Gandini disse que a empresa contratada por ele para realizar a campanha digital no período eleitoral não é a citada pelo relatório do Facebook. "Não coaduno com a criação de contas falsas nas redes sociais, sejam elas utilizadas para qualquer interesse. Além disso, a empresa que foi contratada pela campanha digital não foi citada em nenhum momento pelo Facebook", declarou. >
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