Repórter / [email protected]
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 19:29
Apontado como chefe do tráfico de drogas em bairros da Serra, Alisson Lemos Rocha, de 27 anos, conhecido como “Russo” ou “Gordinho do Valão”, participou de um homicídio em abril deste ano antes de fugir para o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O criminoso, que continuava comandando o tráfico à distância, foi morto em confronto com policiais durante uma megaoperação nas comunidades do Alemão e da Penha nesta terça-feira (28).
>
Segundo o delegado Pedro Henrique, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, Alisson deixou o Espírito Santo logo após o assassinato de Rafael Alexandre da Cruz, de 25 anos, no dia 12 de abril. O crime aconteceu na Avenida Salvador, em Parque Residencial Mestre Álvaro, e teria sido motivado por desavenças pessoais ligadas ao tráfico. “Ele fugiu para o Rio logo depois do homicídio porque sabia que seria preso”, explicou o delegado.>
O corpo de Rafael foi encontrado no dia seguinte em um imóvel, com um tiro no ombro. De acordo com as investigações, o crime foi cometido por Alisson, Júlio Cesar Lima Anatório Vieira Cabidelle, o “Juninho Capeta”, de 19 anos, e Hérick Vicente Souza, o “Da Roça”, de 26 anos.>
As câmeras de segurança da região (veja acima) registraram o momento em que o grupo perseguiu a vítima. Segundo o delegado, Rafael percebeu que estava sendo seguido, correu em direção à praça do Mestre Álvaro, mas foi atingido. “A praça estava cheia era um sábado à noite, e o crime colocou várias pessoas em risco. A perícia constatou um único disparo de arma de fogo. Provavelmente, ele agonizou durante a noite”, destacou Pedro Henrique.>
>
O delegado detalhou ainda que, no local do crime, estavam Alisson, vulgo Russo, chefe do tráfico em Barro Branco; Hérick Vicente Souza; e Júlio César, o atirador. Ao reconhecer o Rafael, com quem tinha desavenças antigas relacionadas ao tráfico, Alisson ordenou que Juninho e Da Roça o acompanhassem para matar a vítima. “Foi então que ele ordenou, não pediu, ordenou, que o Juninho entrasse no carro com uma submetralhadora caseira, e que o Da Roça o acompanhasse. O Alisson assumiu a direção do veículo, foi até a vítima e iniciou a perseguição”, disse Pedro Henrique.>
Segundo a Polícia, o crime teve motivação ligada ao tráfico, e não apenas desavenças pessoais. Durante as investigações, conforme informado pelo delegado, surgiu uma versão de que o crime teria sido motivado por rixa antiga, porque a vítima teria matado um amigo próximo do Alisson. “No entanto, essa versão não se sustenta diante dos elementos apurados. Acreditamos que isso foi usado como plano de fundo para esconder a motivação real, que foi o tráfico de drogas, caracterizando o crime com motivação torpe”, concluiu o delegado,>
Alisson exercia liderança local no tráfico de drogas em Barro Branco e Parque Residencial Mestre Álvaro. Segundo o delegado, ele era um indivíduo extremamente perigoso. Embora ele não exercesse a cadeia mais alta de comando do Primeiro Comando de Vitória (PCV) ou do Comando Vermelho, ele tinha uma atuação muito constante no bairro Barro Branco, que, por sua vez, tem conexão direta com a região de Nova Carapina, considerada uma das mais fortes no tráfico de drogas no município da Serra. >
Mesmo foragido, o traficante continuava comandando o tráfico de drogas em Barro Branco. De lá do Rio, ele dava ordens por meio do Hérick, um dos executores do homicídio. “Nós tivemos essa confirmação quando o Hérick foi preso, em 10 de agosto deste ano, por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Durante o interrogatório, ele confirmou que seguia ordens diretas do Alisson”, afirmou o delegado. Conforme explicou o delegado, a fuga para o Estado do Rio de Janeiro tem sido uma prática cada vez mais comum, pois as lideranças do tráfico buscam refúgio para escapar da prisão.>
Depois do crime, os três seguiram caminhos diferentes. “O Juninho morreu em confronto com a Polícia Militar em maio deste ano, cerca de um mês depois do homicídio. O Da Roça foi preso em agosto, em Barro Branco, com uma arma de fogo e uma grande quantidade de maconha. A arma foi apreendida pela PM na semana do homicídio e deu positiva na perícia balística como sendo a usada no crime”, esclareceu Pedro Henrique.>
De acordo com a polícia, na época da fuga, Alisson ainda não tinha mandado de prisão em aberto, mas isso mudou depois da conclusão do inquérito. “Ele não tinha prisão em aberto quando fugiu pro Rio, mas lá houve a conclusão do inquérito, e aí ele passou a ter mandado de prisão em aberto”, finalizou o delegado.>
Segundo o delegado Pedro Henrique, Alisson nunca deixou de ser monitorado pela polícia. A morte dele aconteceu nesta terça-feira (28) durante megaoperação realizada no Rio de Janeiro. Conforme divulgado pela jornalista Vilmara Fernandes, até o início da tarde, 60 pessoas tinham morrido – 4 delas policiais – e 81 foram presas.>
Cerca de 2.500 agentes das forças de segurança do RJ participam de mais uma fase da Operação Contenção, que visa combater o avanço do CV por territórios do Rio. As ações foram concentradas nos complexos do Alemão e da Penha, um conjunto de 26 comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta