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PM que matou universitário no dia de Natal em Vila Velha vai a júri popular

PM que matou universitário no dia de Natal em Vila Velha vai a júri popular

Na próxima quinta-feira (17), Igor Moreira da Silva será julgado pela morte do estudante Jean Pierre Otero Lazzarini, na época com 27 anos, no bairro Araças, em Vila Velha, no Natal de 2017. O policial militar está preso no quartel de Maruípe

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 13:58- Atualizado há 3 anos

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Jean Pierre morreu com três tiros nas costas ma manhã do Natal de 2017
Jean Pierre morreu com três tiros nas costas ma manhã do Natal de 2017. (Acervo pessoal)

A Justiça marcou para a próxima quinta-feira (17) o julgamento do policial Igor Moreira da Silva, acusado de matar com três tiros nas costas o estudante Jean Pierre Otero Lazzarini, na época com 27 anos, no Natal de 2017. O militar, que está preso no quartel da corporação em Maruípe, em Vitória, irá a júri popular.

Igor foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, e uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima e fraude processual. As investigações do caso foram concluídas em julho do ano passado pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vila Velha e enviadas à Justiça, que aceitou a denúncia proposta pelo Ministério Público Estadual.

Na data do crime, o policial se apresentou à delegacia e disse ter feito os disparos contra Jean, pois o estudante estaria portando arma e feito menção de sacar o objeto da cintura. O PM entregou uma pistola calibre 380 com numeração adulterada e que teria sido apreendida com Jean. Esta versão, entretanto, foi questionada pela família da vítima, que contesta a posse da arma em poder do universitário

Jean Pierre Otero Lazzarini, assassinado em Vila Velha em dezembro de 2017
Jean Pierre morreu com três tiros nas costas ma manhã do Natal de 2017. (Carlos Alberto Silva )

Há praticamente três anos convivendo com a dolorosa ausência diária do filho, a empresária Simone Otero Lazzarini, mãe de Jean Pierre, mostrou-se mais aliviada e disse aguardar ansiosamente por uma definição.

"Tenho certeza que a Justiça será feita e ele será condenado. Só de saber que será julgado já me conforta um pouco mais, pois com a condenação ficarei tranquila porque ele não poderá mais tirar a vida de mais ninguém. Meu filho nunca mais irá voltar, mas agora vai descansar em paz", disse.

DESEJO DO FILHO

A proximidade com a data da perda do filho faz com que Simone se recorde ainda mais de Jean. Esperançosa em uma condenação do policial militar, ela espera conseguir realizar a vontade de Jean Pierre, que era ser cremado.

Simone Otero Lazarini, 51 anos, mãe de Jean Pierre Oero Lazarini, assassinado  no Natal de 2017
Simone Otero Lazarini é mãe de Jean Pierre Otero Lazarini, assassinado no Natal de 2017. (Vitor Jubini)

"Assim que sair a sentença, nosso advogado já entrará com um pedido de exumação do corpo para que possamos cremar os restos mortais, como era a própria vontade do meu filho. O avô dele foi cremado e ela também já havia dito isso. Então se era a vontade dele, agora poderemos realizar. Na época que tiraram a vida do meu filho, isso não foi possível porque foi uma execução, então poderia ter a necessidade de uma nova perícia e a Justiça não autorizou a cremação. Preciso que isso acabe de uma vez. Às vezes tenho a impressão de que não vou aguentar, mas sigo forte pelo meu filho", contou.

A saudade pelo filho é tanta que ela e a família se mudaram para uma casa praticamente em frente ao cemitério em Ponta da Fruta, em Vila Velha, para que ficassem mais próximos do jovem, que sonhava se tornar médico como o pai. Além de Jean, Simone é mãe de outros dois filhos. Quase que diariamente, ela vai ao túmulo para conversar com o filho e buscar um pouco de alívio para a alma, como dito pela própria.

EXPECTATIVA

A definição da data do julgamento para a próxima quinta-feira também foi recebida positivamente para a defesa de Igor. O advogado do policial militar, Marcos Farizel, contou que acredita em uma absolvição do júri diante das provas e contradições que ele afirma que serão apresentadas.

"Já era nossa expectativa e queríamos uma definição da data, pois o Igor está preso há quase um ano e meio. Temos contundência na argumentação e contradições nos depoimentos que irão auxiliar na decisão do júri. O Igor está ansioso e esperançoso em obter uma sentença favorável. Sempre foi um policial de boa conduta e comportamento. O ocorrido naquele dia foi uma condição de momento, do calor que uma situação policial envolve", destacou.

O advogado salientou ainda que o acusado já foi intimado e a família dele também demonstra confiança na absolvição. Devido à pandemia, os familiares da vítima e do militar não poderão acompanhar presencialmente o julgamento. Apenas os advogados, o réu e as pessoas que formam o júri estarão presentes.

POLÍCIA MILITAR

A reportagem de A Gazeta também entrou em contato com a Polícia Militar sobre o caso e questionou o andamento do processo interno que corre na Corregedoria. 

A Polícia Militar informou, por nota, que "a condenação judicial não gera a exclusão automática do militar da corporação, visto que na justiça criminal será julgado a culpabilidade ou não do militar. A permanência deste na corporação será decidida via procedimento demissionário que ocorre na esfera do Direito Administrativo, que já se encontra em andamento na Corregedoria-Geral. Em caso de absolvição na justiça, o militar ainda continuará afastado das funções até a definição do mencionado processo demissionário. O militar está detido no Presídio Militar".

Errata Atualização
11 de dezembro de 2020 às 16:54

A Polícia Militar respondeu após a publicação desta matéria. A nota foi inserida no texto.

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