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Pai diz que deu sedativo e depois matou filho asfixiado em Vila Velha

Pai diz que deu sedativo e depois matou filho asfixiado em Vila Velha

Bernardo Souza Nascimento, de 6 anos, encontrado morto dentro de apartamento no último dia 30; Polícia Civil falou sobre as investigações após pai ser preso e confessar crime

Felipe Sena

Repórter / [email protected]

Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 13:38

Bernardo Souza Nasicmento, de 6 anos, foi encontrado morto em Vila Velha
Bernardo Souza Nasicmento, de 6 anos, foi encontrado morto em Vila Velha Crédito: Reprodução Redes Sociais

A Polícia Civil divulgou, nesta segunda-feira (3), detalhes das investigações sobre a morte de Bernardo Souza Nascimento, de 6 anos, encontrado sem vida no último dia 30 em um apartamento no bairro Jabaeté, em Vila Velha. O pai da criança, Fernando Nelson Neves Nascimento, de 37 anos, confessou o homicídio após ser preso no sábado (1º), em Vitória. Segundo a corporação, ele afirmou, em depoimento, que deu ao filho um sedativo misturado a um achocolatado e depois asfixiou o menino.

No dia do crime, Fernando pegou o filho para dar um passeio na praia e, ao retornarem para casa, a criança mencionou que a mãe planejava se mudar com os três filhos. Segundo o delegado Adriano Fernandes, titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, esse foi o possível gatilho para a decisão de Fernando de cometer o homicídio: a intenção de atingir a ex-esposa. Ele disse que o homem confessou à polícia que teria misturado um sedativo a um achocolatado e deu para o menino beber. Depois, segundo o pai, quando o filho já estava dormindo, ele esganou Bernardo.

"O pai, que tem o dever legal de proteger e cuidar do filho, matou Bernardo em uma tentativa de atingir a ex-companheira"

Delegado Adriano Fernandes

Adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha

Segundo o delegado, Fernando revelou que passou o dia com o filho na praia. "No dia 30, Fernando ligou para a ex-companheira e pediu para visitar o Bernardo, demonstrando o seu interesse de prestar assistência como pai. Eles (Fernando e Bernardo) foram à praia e passaram o dia lá. Quando estavam retornando para casa, o Bernardo, de forma inocente, falou que a mãe, juntamente com as crianças, iria se mudar", disse o delegado, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3).

A polícia investiga se a morte do menino foi premeditada ou se Fernando decidiu matá-lo após a notícia da mudança. "Quando o casal terminava, ele passava a perseguir a ex-companheira. Tinha uma violência psicológica. Ele passava a procurá-la no local de trabalho dela, até em igreja", disse o delegado ao descrever o comportamento de Fernando.

Após o assassinato, ele ainda publicou um vídeo íntimo da ex-companheira nas redes sociais, reforçando, segundo a polícia, a hipótese de que ele tinha a intenção de causar a ela dano emocional. Fernando foi preso em flagrante no sábado (1º) no bairro República, em Vitória, após buscas policiais

Causa exata da morte ainda é investigada

O perito oficial criminal Gabriel Alipio, da Seção de Perícia em Crimes Contra a Pessoa (SECPE) da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES, disse que a corporação coletou material para investigar o que, exatamente, o menino ingeriu antes de ser morto. “Começamos a coletar vestígios que pudessem levar à hipótese de intoxicação. Na cozinha, em cima da pia, tinha uma caneca contendo um pó semelhante a um achocolatado com a colação compatível com a que nós também achamos proveniente do escorrimento da boca da criança”, afirmou.

A médica-legista Jeane Pissarra Teixeira Monteiro, da PCIES, disse que a polícia ainda busca por elementos para determinar com precisão a causa da morte, mas os indícios apontam para a possibilidade de envenenamento ou asfixia.

“O achado principal no exame externo foi a presença de um cogumelo de espuma, que é a formação de espuma esbranquiçada, e esponjosa, que é comumente encontrada em casos de afogamento e em casos de envenenamentos por alguns agentes específicos que causam o encharcamento dos pulmões”, explicou.

Ainda segundo a médica, uma asfixia também poderia causar o encharcamento (presença de muito líquido nos pulmões), mesmo sem lesões aparentes já que o menino poderia estar sedado na hora em que morreu.

A hipótese de que o pai teria misturado alguma substância em um chocolate e dado ao menino Bernardo também é a suspeita da família. Em entrevista à TV Gazeta, na sexta-feira (31), (veja abaixo) Thales Souza Ramos, 26 anos, irmão do menino de 6 anos, contou que Bernando era apegado ao pai, mas que os outros irmãos já haviam se afastado devido ao comportamento do homem.

Thales Souza Ramos, 26 anos, Irmão do menino encontrado morto deu entrevista à TV Gazeta na manhã desta sexta (31).

Captura de Fernando Nelson

Após cometer o crime, Fernando fugiu de motocicleta e seguiu para a região de Vitória. A polícia conseguiu rastrear a moto através do cerco eletrônico. No sábado (1º), ele foi localizado perambulando pelo bairro República e preso. Na delegacia, confessou o crime, alegando estar em depressão e não aceitar o fim do relacionamento com a ex-companheira.

Segundo o delegado, na sexta-feira (31), uma equipe foi até a casa da mãe de Fernando Nelson. Enquanto os agentes estavam lá, ele tentou contato com ela por telefone. Os agentes conversaram com ele e pediram para que ele se entregasse. 

"Tentamos conversar, pedir para ele se entregar, até por causa da repercussão do crime. Nas redes sociais, haviam pessoas dizendo que iriam matá-lo caso o encontrasse. Mesmo assim, ele desligou o telefone", contou o delegado Adriano. 

Depois, os agentes tornaram a ligar para o mesmo número em que ele havia feito contato com a mãe. Quem atendeu, foi um morador de Bairro República, que informou aos policiais que só havia emprestado o aparelho. Com as coordenadas, a polícia passou a fazer buscas nos bairros República e Mata da Praia até que o localizaram no sábado (1º). 

Possível histórico de comportamento violento

Fernando já tinha um histórico de ameaças contra a ex-mulher. Segundo a polícia, foram registrados boletins de ocorrência em 2018, 2022 e 2024. Em dezembro do ano passado, a vítima solicitou medida protetiva, relatando que ele ameaçava tanto ela quanto os filhos.

"Quando o casal terminava, ele passava a perseguir a ex-companheira. Tinha uma violência psicológica. Ele passava a procurá-la no local de trabalho dela, até em igreja", disse o delegado ao descrever o comportamento de Fernando. Após o assassinato, ele ainda publicou um vídeo íntimo da ex-companheira nas redes sociais, reforçando, segundo a polícia, a hipótese de que ele tinha a intenção de causar a ela dano emocional.

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