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Com barriga aberta, rapaz informou onde estava em Guarapari durante pedido de ajuda

Com barriga aberta, rapaz informou onde estava em Guarapari durante pedido de ajuda

Mãe da namorada do jovem disse em depoimento para a polícia, segundo advogado da família, que ouviu as informações dadas pelo rapaz no momento em que ela ligou para a filha, na madrugada do dia 16

Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 14:04

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Praia do Ermitão, em Guarapari
Praia do Ermitão, em Guarapari, onde os jovens foram socorridos. (Juliana Borges/G1 ES)
Com barriga aberta, rapaz informou onde estava em Guarapari durante pedido de ajuda

Foi o jovem de 21 anos, que foi encontrado em uma praia de Guarapari com a barriga aberta, que informou a localização de onde o casal estava para a mãe de sua namorada. O fato aconteceu, segundo o advogado Lécio Machado, quando a mãe da jovem ligou para a filha, tentando localizá-la, na madrugada do dia 16. O relato foi feito à Polícia Civil, quando os pais da jovem prestaram depoimento na última segunda-feira (31).

“Ela relatou que ligou para a filha por volta das 2 horas do dia 16. A jovem estava muito desesperada, pedindo socorro. Mas a mãe conseguiu ouvir a voz do rapaz, de 21 anos, ao lado da filha, informando que eles estavam no Parque Morro da Pescaria. Ele gritou a localização umas três vezes”, relatou Machado, que representa o casal de jovens.

Na sequência, conta, ainda com a filha ao telefone, a mãe foi ao parque, que estava fechado. No local encontrou alguns jovens e pediu ajuda a eles para tentar localizar a filha. Juntos rodaram nas imediações e laterais do parque, mas sem conseguir localizá-los.

“Como a ligação caiu, a mãe, então, retornou para casa e acordou o marido. Disse que a filha estava pedindo socorro. O pai foi para o parque”, relata Machado

O pai da jovem acaba chegando ao parque por volta das 4h20, quando a jovem aparece na guarita solicitando ajuda. “Junto com um vigia do parque eles vão até a praia dar início ao socorro para o rapaz”, conta, acrescentando que um tio da jovem, que passava férias em Guarapari, também foi ao local ajudar no socorro.

Enquanto isto acontece, Lécio Machado diz que a jovem permaneceu na entrada do parque, com o celular do pai, aguardando o retorno da mãe. “A mãe chega e a leva para o carro. Passam no Batalhão da PM e depois seguem para a casa da família do rapaz para comunicar o que aconteceu”, conta o advogado.

Junto com parentes do rapaz, retornam ao parque, onde o jovem já tinha sido socorrido. “Posteriormente, a garota é levada para a UPA de Guarapari, para atendimento médico, mas diante da demora, eles seguem para o Hospital Maternidade de Anchieta, onde ela passa por uma série de exames”, conta o advogado.

De acordo com Lécio Machado, só a partir das 7h30 é que uma guarnição da PM vai ao parque fazer o registro da ocorrência.

JOVEM CONTINUA INTERNADO EM HOSPITAL

Segundo o advogado, o jovem de 21 anos continua internado. “Não acredito que ele irá receber alta médica ainda esta semana”, observou.

Ele nega que o estudante, em algum momento, tenha afirmado que o corte em sua barriga foi feito pela namorada. “De forma alguma. Isto não foi cogitado em nenhum momento pelas famílias. Nunca ouvimos ele fazer esta afirmação. O que avaliamos que aconteceu foi que houve um ataque promovido por terceiros”, disse Machado.

Segundo Machado, além da portaria principal, o parque tem outros acessos, como a entrada pelo caminho das pedras, por mar e ainda pela Praia da Cerca.  "As câmeras de monitoramento só fiscalizam a entrada do parque e a recepção. Alguém pode ter entrado por outro caminho", explicou.

POLÍCIA PEDE QUE JOVENS FAÇAM EXAMES NO DML

A Polícia Civil já entregou para a família do jovem que foi socorrido após ser encontrado com a barriga aberta e parte do intestino exposto em uma praia de Guarapari, e a de sua namorada, um documento para que eles façam exame dos seus ferimentos no Departamento Médico Legal (DML).

O jovem, de 21 anos, e a namorada, de 20, foram socorridos na madrugada do último dia 16 na Praia do Ermitão, em Guarapari. Ambos estavam feridos, sendo a situação mais grave do rapaz, que estava com o abdômen aberto e o intestino exposto.

Ao pedir o exame, o objetivo é identificar com que tipo de instrumento o corte no abdômen do rapaz foi feito, se foi utilizado um objeto mais amolado, como uma faca ou se optaram, por exemplo, por vidro. Quer ainda saber se o corte foi mais retilíneo e como foi feito.

O relato preliminar dos atendentes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que prestaram socorro ao jovem no local dos fatos, é de que o corte teria sido realizado com vidro, segundo informou a polícia.

O exame poderá ajudar a esclarecer o que aconteceu com o casal de jovens na praia. Embora a família já tenha sido orientada no sentido de que o exame deve ser realizado assim que o jovem receber alta hospitalar, de acordo com a polícia, a vítima pode optar por não fazê-lo.

O advogado Lécio Machado, que representa o casal, confirmou que já recebeu o encaminhamento para que os dois façam o exame e disse que os dois vão se submeter ao teste. Só não informou a data em que isso acontecerá.

Para o DML também foi levado o material encontrado na areia da praia e que supostamente seria uma parte do intestino do rapaz, que está sendo examinado e que pode ser submetido a exame de DNA, para confirmar se, de fato, pertence ao jovem.

DEPOIMENTOS JÁ PRESTADOS

A investigação sobre o caso vem sendo realizada desde o dia 16 de janeiro, quando os jovens foram socorridos em Guarapari. Já prestaram depoimento para a Polícia Civil os dois vigias do parque Morro da Pescaria, que estavam no local no dia dos fatos.

Na tarde desta segunda-feira (31) também foi ouvido o depoimento da jovem, que informou não se recordar do que aconteceu naquela madrugada. 

De acordo com o advogado Lécio Machado, que representa o casal, o depoimento da jovem foi prestado no final da tarde desta segunda-feira (31). “Ela relatou que os dois utilizaram, pela primeira vez, um quadradinho de papel, mas não soube informar mais detalhes, por não se lembrar do que aconteceu após fazer o uso da droga”, disse o advogado, em entrevista para A Gazeta, nesta terça-feira (1º).

Na segunda-feira, antes do depoimento da jovem à polícia, o advogado havia confirmado à reportagem apenas que os jovens fizeram uso de álcool no local. E que teriam sido atacados durante um luau na praia.

Segundo o advogado, a jovem informou para a polícia que eles chegaram ao Parque do Morro da Pescaria, na Praia do Morro, em Guarapari, entre 20h30 e 21h30 do sábado, 15 de janeiro. Acessaram a praia não pela portaria principal, mas pelas pedras à beira-mar. Informou que, assim como eles, vários pescadores passavam pelo local também em direção à praia.

Contou ainda que andaram pela trilha, por cerca de 800 metros, até chegar à praia. Informou que  não estavam sozinhos, que havia pescadores nas pedras, um pouco distante.

“Ouviram música, beberam vinho, entraram no mar e aí fizeram o uso da droga. Diz que foi um quadradinho de papel que usaram pela primeira vez e que não se recorda do nome (da droga). Depois disso ela não se recorda do que aconteceu”, relatou o advogado em entrevista para A Gazeta.

RETOMOU A CONSCIÊNCIA DURANTE A MADRUGADA

De acordo com o advogado Lécio Machado, a jovem retomou a consciência durante a madrugada de domingo (16). “Ela não se recorda direito, mas a mãe dela conta que a jovem atendeu a uma ligação por volta das 2 horas, onde acabou pedindo ajuda. Conta que, ao retomar a consciência, percebeu que o namorado estava com a cabeça em seu colo e que ele sentia dor, mas não conseguia entender o que tinha acontecido”.

A partir de então ela foi até a guarita do parque para pedir ajuda, segundo o advogado. O pai da jovem, que tinha sido acionado pela mãe dela após a ligação, estava chegando ao local. “O pai dela foi o primeiro a prestar socorro aos dois. O rapaz estava com um corte na barriga e ainda outros na orelha, cabeça, perna e sangrando. O pai e o vigia perceberam que ele também estava com o intestino exposto”, relatou Lécio à reportagem de A Gazeta.

A jovem também estava ferida, com a cabeça machucada, corte nas pernas, mãos e hematomas nos braços. “Não foi constatado abuso sexual, mas ela não se recorda como aquilo foi feito”, conta o advogado.

De acordo com Lécio Machado, somente entre 5 horas e 6 horas, após o socorro, é que foi encontrado na praia partes do intestino do jovem. E que foi constatado que o material deles estava revirado e que um celular havia sumido, assim como R$ 80 e cartões de crédito. O celular da namorada foi encontrado por ela na areia.

Material encontrado pela PM na Praia do Ermitão, em Guararari
Material encontrado pela PM na Praia do Ermitão, em Guararari. (Foto leitor de A Gazeta)

PRÓXIMO DEPOIMENTO SERÁ DO RAPAZ

De acordo com a Polícia Civil, o próximo depoimento a ser ouvido será o do rapaz que teve o abdômen aberto, previsto para quando ele receber alta hospitalar.

A polícia também já está com as imagens do videomonitoramento do parque naquela noite. Elas mostram que o casal entrou no parque, que já estava fechado, pela região das pedras, à beira-mar. Pescadores também faziam o mesmo percurso.

Mais tarde, segundo a polícia, pescadores deixaram o local. Algum tempo depois, já na madrugada, aparece a imagem da jovem pedindo ajuda aos vigias do parque. Logo depois o rapaz foi socorrido.

FAMÍLIAS DE CASAL AFIRMAM QUE HOUVE ATAQUE CRIMINOSO

O jovem encontrado com a barriga aberta e parte do intestino exposto, na Praia do Ermitão, em Guarapari e sua namorada sofreram um ataque na madrugada do dia 16 de janeiro. É o que afirma o advogado que representa as famílias do casal, Lécio Machado.

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