O ataque brutal que resultou na morte da vendedora Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, no Polo de Moda da Glória, em Vila Velha, na tarde de segunda-feira (10), chocou comerciantes e moradores do bairro. O suspeito do crime foi identificado como Wenderson Rodrigues de Souza, de 30 anos, conhecido na região por vender doces vestido de Homem-Aranha.
Após ser golpeada pelo homem (que se passou por cliente), Carla foi internada e chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu. A informação foi confirmada por familiares na manhã desta terça-feira (11) à repórter Pricieli Venturini, da TV Gazeta. A jovem era natural de São Gabriel da Palha e deixa uma filha de apenas dois anos.
Nas redes sociais, Wenderson se apresenta como técnico em Enfermagem, animador de eventos, fotógrafo e poeta. Em outro perfil, ele se descreve como bicampeão estadual de fisiculturismo e coach de emagrecimento e desenvolvimento pessoal. No bairro Glória, ele ficou conhecido por vender doces fantasiado de super-herói. Ele dizia que essas vendas o ajudavam custear seus estudos na área da Saúde.
Wenderson já deu diversas entrevistas contando uma trajetória de altos e baixos. Em 2016, ele participou de uma competição de fisiculturismo, mas, frustrado por não vencer, mergulhou no abuso de álcool e drogas. Em meio a essa fase conturbada, tentou assaltar um carro, foi espancado por populares e passou três meses preso. Na cadeia, afirmou ter se convertido ao cristianismo e decidido mudar de vida.
Uma dessas entrevistas aconteceu em 2023, ao programa Em Movimento, da TV Gazeta, onde ele fala sobre vender doces para pagar curso e também diz ter tido uma infância humilde. Veja, abaixo, trechos dessa reportagem seguidos de vídeos que o próprio Wenderson postou em uma rede social:
Ao sair da prisão, passou a vender doces na ruas de Vitória e Vila Velha como forma de arcar com os custos do curso de técnico em Enfermagem. Em entrevistas concedidas anos antes do crime, o homem relatava sua mudança e demonstrava otimismo sobre o futuro. Nas redes sociais, ele compartilhava imagens com frases motivacionais.
Wenderson também já teve, contra ele, um pedido de medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. O caso, porém, foi arquivado ano passado, segundo texto da decisão judicial, por "ausência de manifestação da requerente".
Conforme boletim de ocorrência da Guarda Municipal de Vila Velha, na tarde de segunda-feira (10) Wenderson entrou em uma loja de eletrônicos no Polo de Moda da Glória e foi flagrado por câmeras de segurança interagindo com a vendedora de 25 anos. Em um determinado momento, ele a conduziu para os fundos do estabelecimento e a esfaqueou no pescoço.
A vítima foi encontrada coberta de sangue por outros lojistas, que rapidamente acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/ 192). Socorristas a levaram ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória. Ela chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu.
Ainda de acordo com o registro da GMVV, após o crime Wenderson fugiu para uma rua próxima. Quando foi encontrado por agentes da Guarda, ele estava se ferindo com a mesma faca usada no crime.
O suspeito foi levado ao Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias para atendimento médico, onde permanece sob escolta policial. Consta no boletim que, durante o atendimento, ele apresentou comportamento agressivo e tentou remover os curativos, sendo necessário o uso de algemas.
Informações preliminares da Guarda indicam que não havia qualquer relação prévia entre Wenderson e a vítima. "Ao que tudo indica, foi uma vítima aleatória. Não foi levado nada dela. Não existe nenhuma relação entre eles, como namorado, marido ou ex-marido", disse o subinspetor Vieira, da GMVV.
O episódio deixou comerciantes e moradores assustados. Testemunhas relataram que, momentos antes do ataque, um homem havia deixado bilhetes ameaçadores em alguns estabelecimentos, mas a Polícia Civil esclareceu que essa ação foi realizada por outra pessoa e não tem ligação com o crime.
"Durante o registro da ocorrência (do ataque à mulher de 25 anos), um homem de 56 anos se apresentou espontaneamente na delegacia, afirmando ser o autor dos bilhetes. Ele relatou que colou os cartazes sem intenção criminosa, apenas para expressar revolta e desespero diante de ameaças de vizinhos, negando vínculo com o autor do crime no Polo da Glória. Após depoimento, foi liberado, pois não há indícios de envolvimento nos fatos", informou a corporação.
Na manhã desta terça-feira (11), a Polícia Civil informou que o suspeito ainda estava internado no hospital sob escolta policial. "O suspeito, de 30 anos, foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio qualificado e permanece sob escolta hospitalar, aguardando alta para ser encaminhado ao presídio", diz a nota da corporação.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta