Repórter / [email protected]
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 17:07
Encontrar duas pessoas à deriva no mar, à noite, sem saber exatamente onde elas estavam, parece tarefa quase impossível. Entretanto, a utilização de uma tecnologia capaz de “enxergar” o calor do corpo humano permitiu localizar o casal que desapareceu na Baía de Vitória após perder o controle de uma moto aquática, no último sábado (13).>
O resgate só foi possível graças ao imageador térmico, equipamento acoplado ao helicóptero do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar (Notaer). A câmera com sensor de calor identificou a presença das vítimas em uma boia de sinalização náutica, na direção da Ilha do Boi, mesmo em um cenário de total escuridão.>
Segundo o Notaer, o casal realizava um passeio quando caiu no mar. Após cerca de duas horas sem contato e sem informações sobre a rota seguida, a empresa responsável pela moto aquática acionou o Notaer. Em cerca de 20 minutos de buscas aéreas, o equipamento conseguiu apontar exatamente onde estavam.>
O tenente Cristian Knaip, do Notaer, explica que o funcionamento da tecnologia é baseado no contraste de temperatura. “O mar tem uma temperatura mais baixa. Qualquer corpo que emita um calor diferente disso aparece na imagem. Mesmo sem visibilidade nenhuma, a câmera consegue identificar esses pontos”, afirmou.>
>
Os operadores ficam na parte traseira da aeronave, escaneando grandes áreas. Ao detectar um ponto de calor, o sistema permite ampliar a imagem até confirmar se tratar de uma pessoa. No caso da Baía de Vitória, a câmera flagrou a mulher sentada sobre a boia e o homem ainda na água, agarrado à estrutura.>
Após a localização, a equipe do Notaer repassou as coordenadas geográficas para a Marinha, que acionou embarcações próximas. Um barco de pesca conseguiu fazer o resgate e entregou as vítimas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192). O estado de saúde do casal não foi divulgado.>
Adquirido em 2022 e colocado em uso pleno a partir de 2025, o imageador térmico vem sendo utilizado em operações policiais, buscas por pessoas desaparecidas, apoio ao Corpo de Bombeiros e salvamentos em áreas de difícil acesso. “À noite, sem esse tipo de recurso, a busca praticamente não acontece. A tecnologia faz toda a diferença”, destacou Knaip.>
Além do mar, o equipamento também é empregado em áreas urbanas e rurais, permitindo que o helicóptero atue como uma plataforma de observação, reunindo informações em tempo real e compartilhando dados com outras forças de segurança e resgate.>
A capacidade de identificação térmica do equipamento é o maior diferencial em relação a outras ferramentas testadas e utilizadas no Estado. Isso significa, que, durante o uso, mesmo à noite, os operadores de voo conseguem identificar alvos a partir da temperatura deles. >
"Uma arma que acabou de ser utilizada fica aquecida, ou seja, é possível identificar um armamento recém-utilizado e abandonado por criminosos, jogado em uma mata, ou ainda nas mãos de alguém", disse o Major Wellington Luiz Kunsch, piloto do Notaer, em entrevista ao G1 ES, no ano passado.>
O imageador térmico é utilizado em outros países por equipes policiais, como nos Estados Unidos. "Precisamos olhar para outros países e entender como foi a evolução. Em Los Angeles, a polícia voa horas seguidas só com o imageador e a porta fechada. Quem vai atuar é a tropa que está no chão", contou Kunsch.>
Na imagem acima, a luz flagrada na mão de um homem, que é levada à boca e depois passada para a outra mão, indica um cigarro aceso.>
O mesmo monitoramento realizado por um drone em um dia pode ser feito pelo helicóptero com o Imageador Térmico em duas horas. Entretanto, a ideia não é substituir um pelo outro, mas complementar, mantendo o drone em atividades pontuais, voos de observação rápidos, com altitude determinada e tempo de operação reduzido.>
Em relação à segurança de operadores, pilotos e aeronaves, a câmera térmica consegue trabalhar a uma distância muito além de 1.500 metros. Atualmente, nenhum calibre de armamento que já se viu operar no Brasil tem capacidade de chegar a essa distância, atirando para cima. Ou seja, o helicóptero fica longe o suficiente do ponto de atuação, dependendo do caso, de maneira discreta e não identificada.>
*Com informações da repórter Ana Elisa Bassi, do g1 Espírito Santo>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta