Ao longo de 2024, o Espírito Santo exportou US$ 1,8 bilhão em produtos do aço (ferro fundido, ferro e aço). O total enviado ao exterior por entidades capixabas representou mais de 15% do montante exportado pelo país, que somou US$ 11.908.089.794 no período, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz).
E os Estados Unidos – que acabaram de anunciar uma taxação de 25% na importação dos produtos do aço – foram o destino final de 63% do total exportado em 2024 por empresas do Estado, o que representa uma movimentação de US$ 1.140.513.608 nesses produtos.
Na sequência, como maiores importadores de ferro fundido, ferro e aço por empresas estabelecidas no Espírito Santo, aparecem Canadá (US$ 236.475.182), México (US$ 79.959.521) e Alemanha (US$ 55.709.067).
"Além de se avaliar o montante exportado por empresas capixabas, é relevante analisarmos quanto dos produtos classificados em ferro fundido, ferro e aço são exportados do Brasil pelo nosso Estado. Assim, desse montante em 2024, US$ 3.130.877.347 saíram do país pelos portos do Espírito Santo. Desse total, US$ 1.592.861.288 tiveram como destino os Estados Unidos", analisa a Sefaz, por nota.
De acordo com dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em 2024, foram exportados 2,79 bilhões de quilogramas líquidos de produtos do aço. O total em dólares respondeu por 16,37% do valor exportado pelo Espírito Santo e 8,46% do peso, em 2024.
A movimentação, em dólares, apresenta uma pequena diferença em relação aos dados da Sefaz. De acordo com o Instituto Jones, o Espírito Santo exportou US$ 1,75 bilhão em produtos do aço no ano passado. Desse total, US$ 1,09 bilhão foram para os Estados Unidos (confira os números na tabela abaixo).
Ao longo de 2024, ainda segundo informações do IJSN, em sete dos 12 meses do ano, o que foi mais exportado para os Estados Unidos estava na categoria de produtos do aço.
Os principais destinos dessas exportações em 2024 foram: Estados Unidos (62,38%), Canadá (13,46%) e México (4,45%).
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) afirmam que a taxação imposta pelos Estados Unidos atinge diretamente a indústria brasileira e acrescentam que os possíveis impactos dela decorrentes causam enorme preocupação ao país. Segundo as entidades, o Brasil é o quarto maior fornecedor de ferro e aço aos EUA, sendo 54% das exportações brasileiras desses produtos destinada ao país.
A CNI informou que está atenta à implementação das taxas e, junto ao governo brasileiro, buscará diálogo com os EUA na tentativa de reverter a decisão. Ainda segundo a CNI, os produtos citados no decreto presidencial correspondem a 10,4% do valor exportado brasileiro para os Estados Unidos em 2024.
"É importante destacar que o Brasil não representa uma ameaça comercial para os Estados Unidos. A balança comercial entre os países é, desde 2008, favorável aos americanos, ao contrário do que ocorre entre os EUA e Canadá, China e México. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões e importou US$ 40,7 bilhões. Outro ponto que precisa ser levado em consideração é que as exportações brasileiras, em especial no caso do aço, são complementares à cadeia produtiva lá existente. Os produtos exportados pelo Brasil não são concorrentes com a produção norte-americana", complementou a entidade.
O estabelecimento da alíquota de importação do aço em 25% derruba, segundo o Instituto Aço Brasil, um acordo firmado no primeiro mandato do presidente Donald Trump, em 2018, para importação do aço brasileiro.
Naquela ocasião, segundo a entidade, os governos de Estados Unidos e Brasil negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados.
"Tal medida flexibilizou decisão anterior do presidente Donald Trump, que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%. Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras", detalha.
As exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de “hard quota”, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semiacabados como para produtos laminados.
Já o Sindiex informou que tem acompanhado de perto o cenário econômico internacional, observando as mudanças globais que impactam diretamente o comércio exterior capixaba. "Mesmo diante das incertezas geradas por medidas protecionistas nos Estados Unidos e outras variáveis geopolíticas, seguimos otimistas com as perspectivas para este ano de 2025. Vale destacar que o Espírito Santo possui uma posição estratégica e registrou crescimento expressivo do comércio exterior em 2024."
"No entanto, avaliamos ser fundamental que o Brasil e o Espírito Santo se mantenham atentos às oportunidades e desafios comerciais que possam surgir nesses momentos desafiadores. Esse cenário de mudanças nas relações internacionais oferecem novas possibilidades para diversificação de mercados e expansão do comércio exterior. Acreditamos que, com diálogo e parcerias estratégicas, vamos avançar ainda mais, aproveitando, além da nossa posição geográfica privilegiada, a infraestrutura crescente para alcançar novos destinos e consolidar o estado como um player importante no comércio internacional", completou o Sindiex.
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