Repórter / [email protected]
Publicado em 9 de novembro de 2023 às 12:07
O texto que busca simplificar o sistema tributário brasileiro foi aprovado em primeiro e segundo turnos no Senado Federal, no início da noite de quarta-feira (8). A proposta da reforma tributária, que retorna à Câmara dos Deputados após ajustes feitos pelos senadores, impacta tudo o que é vendido, comprado ou consumido pelos capixabas e afeta ainda as contas públicas do Espírito Santo e de municípios.>
A reforma mexe com os mais diferentes segmentos e prevê uma série de produtos e serviços com imposto reduzido ou zerado, além de benefícios fiscais, como cashback para gás e incentivo à produção de carro a álcool. Confira:>
Uma das principais mudanças é a extinção de cinco tributos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) — todos administrados pelo União —, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, estadual) e o Imposto Sobre Serviços (ISS, municipal). >
No lugar, serão criados dois tributos, que compõem o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). São eles: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que unificará o IPI, o PIS e a Cofins; e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que unificará o ICMS e o ISS.>
>
Haverá uma alíquota padrão, uma reduzida (em 60%, que atenderá transporte público, serviços de saúde, serviços de educação, produtos agropecuários, cesta básica, atividades artísticas e culturais e parte dos medicamentos, por exemplo) e uma alíquota zero (para segmentos específicos). >
Percentuais e outros detalhes serão discutidos em lei complementar. Entretanto, com o fim da diferenciação entre tributos sobre bens e serviços, a existência de poucas alíquotas e exceções e a desoneração, haverá mudanças de preços.>
A reforma prevê, por exemplo, a criação de uma Cesta Básica Nacional de Alimentos, cujos itens — como arroz, feijão, entre outros produtos — serão isentos de impostos, beneficiando as famílias como um todo. O que vai entrar na composição da cesta será definida por lei complementar. >
Para compensar os mais pobres pela carga tributária existente no país, haverá ainda um sistema de reembolso, em que haverá devolução de parte do CBS (contribuições federais) e do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) — que ocupará o lugar do ICMS e do ISS. >
A ideia geral, entretanto, é que o consumidor que tem menor poder aquisitivo seja reembolsado dos tributos incidentes sobre as compras de produtos como carnes e itens de higiene pessoal e limpeza, de modo que o impacto da carga fiscal do consumo seja minimizado. Esse “desconto” deve ser de 60%. >
A população de baixa renda também deve ter direito à devolução de parte do imposto cobrado na conta de luz e no gás de cozinha, pela proposta do relator no Senado.>
Por outro lado, alguns produtos, como bebidas alcoólicas e cigarros, terão uma carga tributária maior, pois farão parte da lista do "imposto do pecado". Por meio do Imposto Seletivo, que substituirá o IPI, haverá um desincentivo à produção, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.>
Os senadores também aprovaram a obrigatoriedade do Imposto Seletivo (IS) sobre armas e munições (exceto para a administração pública).>
A indústria, especificamente, deve ser um dos setores mais beneficiados. Em julho, após a aprovação do texto na Câmara, a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, pontuou que, ao longo dos anos, as empresas da área foram penalizadas pela complexidade dos tributos incidentes sobre o que é produzido e que havia uma grande necessidade de simplificação. >
“Temos uma necessidade grande de simplificação, transparência e isonomia. Hoje, a indústria já perde competitividade”, declarou na ocasião.>
A última etapa da reforma, que incide, sobretudo, sobre o consumo de bens e serviços, será a mudança no local de cobrança dos impostos. Atualmente, os tributos são cobrados onde os bens são fabricados (origem). Após a transição, o pagamento ocorrerá no destino, ou seja, onde são consumidos.>
Por ser um Estado pequeno, com número menor de consumidores, mas com muitas empresas que produzem localmente e vendem para outros locais, o Espírito Santo tende a ser prejudicado pela mudança.>
A PEC, porém, estabelece um prazo de cinquenta anos para que todas as mudanças entrem em vigor, de forma que Estado e municípios ganham tempo para organizar as contas.>
Uma nota técnica elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulada Impactos redistributivos da reforma tributária, aponta que, com as mudanças provocadas pela reforma, em um cenário em que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 1,5% ao ano, por exemplo, as receitas do Espírito Santo podem, na realidade, avançar 0,9%, considerando a transição.>
O texto proposto pelo relator da PEC no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), prevê uma "trava de referência” para a cobrança dos impostos sobre consumo. >
Esse limite, que não poderá ser ultrapassado, será a carga tributária como proporção do PIB (Produto Interno Bruto), na média para o período de 2012 a 2021 — o que seria equivalente a 12,5% do PIB, segundo a Secretaria Extraordinária de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta