Publicado em 5 de outubro de 2020 às 18:43
As obras do primeiro trecho da Estrada de Ferro Vitória- Rio (EF 118), ligando Cariacica a Anchieta, devem ter início somente em 2022, conforme anunciou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, na manhã desta segunda-feira (5).>
A declaração, que foi dada em vista ao Estado durante evento de inauguração do Cais de Atalaia e de celebração da renovação do contrato do Terminal de Vila Velha (TVV), diverge do que disse, no mês passado, o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, que previa que a conclusão da obra ocorresse no período, ou, no mais tardar, em 2023.>
Segundo o ministro, o projeto executivo para a realização das obras sequer está pronto. >
O projeto executivo deve ficar pronto até 2022, e a obra deve começar no mesmo ano. Acredito que em 2022 teremos a licença e o projeto, e poderemos começar essa primeira perna da EF 118, de Anchieta a Cariacica, disse. >
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A obra é uma das contrapartidas exigidas pelo governo federal para que a Vale prorrogue o contrato de concessão de outra ferrovia, a Vitória a Minas. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que aprovou em julho deste ano a renovação da concessão da mineradora por mais 30 anos, o trecho, de cerca de 90 km, custará R$ 2,5 bilhões.>
Estou bastante confiante nisso. Em novembro, a gente volta ao Estado para assinar o contrato (de prorrogação da concessão), junto com o presidente. E está havendo um engajamento muito grande da Vale nesse sentido. Então, em 2022 a gente deve perceber a obra começando.>
A Vale também ficará responsável por fazer o projeto executivo dos quase 500 km restantes da ferrovia, que passará pelos portos de Ubu (Anchieta), Central (Presidente Kennedy), e do Açu (Norte do Rio de Janeiro) até chegar à capital fluminense.>
Já o segundo trecho do ramal EF 118, também conhecido como Vitória-Rio, ainda não tem previsão para sair do papel. O trecho que vai de Anchieta ao Porto de Açu ainda está em estudo.>
Estamos estudando a melhor maneira de viabilizar a segunda perna (até o Rio), qual o melhor caminho para que o investimento aconteça. Temos várias possibilidades. Novas outorgas, investimentos cruzados, aplicação de recursos da AGU, parceria público-privada. Temos um elenco de modelos diferentes. E a gente vai, até de posse dos projetos, que vão nos dar uma visão melhor dos valores, verificar como a gente vai avançar na EF 118, concluiu o ministro.>
Com a assinatura do contrato de renovação da Vitória a Minas, o Estado deve receber investimentos da ordem de R$ 4,5 bi para melhoria da infraestrutura da atual malha férrea e de localidades próximas. Até Minas, a Vale vai investir R$ 8,5 bilhões na EFVM. >
O valor que será usado em obras predefinidas no acordo foi aprovado pelo TCU. Uma parte significativa do que a Vale aplicará em território capixaba será voltado para a resolução de conflitos urbanos em cidades cortadas pela linha férrea.>
Em toda a ferrovia Vitória a Minas, serão construídos 22 viadutos (com custo estimado em R$ 7 milhões cada), 23 novas passarelas (R$ 927 mil cada), e 5 passagens inferiores em cruzamentos (R$ 6,3 milhões cada). Está prevista ainda a adequação de 23 passarelas existentes, implantação de 114 quilômetros de vedação da linha férrea, e a realocação de parte do ramal no município de Itabira (MG). >
No Espírito Santo, serão sete viadutos: três em Cariacica, dois em Aracruz, e um Colatina e Baixo Guandu. Já as passarelas serão oito novas e sete que vão passar por obras de adequação.>
Além das construções para reduzir o impacto da ferrovia nas cidades, outro investimento previsto para o Estado é a demolição do viaduto de Monte Seco, entre Ibiraçu e João Neiva. Só essa obra deve demandar cerca de R$ 3 milhões. O viaduto terá que ser demolido em até um ano após a assinatura do novo contrato, uma vez que os estudos apontam a possibilidade de ocorrência de acidentes. O viaduto rodoviário passa por cima da linha férrea mas não é mais usado por veículos por apresentar riscos. >
A proposta prevê ainda R$ 2,3 bilhões em investimentos recorrentes ao longo de toda a via para manutenção da superestrutura ferroviária, o que inclui custos com novos trilhos para reposição, dormentes e aparelhos de mudança de via. Só com trilhos, é estimado um investimento de R$ 23 milhões por ano.>
Há também os investimentos em frota. Apenas na renovação de locomotivas e vagões para transporte de minério, a Vale terá que desembolsar cerca de R$ 1 bilhão ao longo da concessão.>
Apesar da proposta inicial da Vale considerar que não deveria haver nos próximos anos aumento da demanda pelo transporte de passageiros na ferrovia que corta Minas e Espírito Santo, após a fase de audiências públicas, a ANTT mudou a proposta por considerar que a demanda tem crescido nos últimos anos. >
Com isso, como o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, já havia antecipado em junho, a Vale terá que ampliar o transporte de passageiros na EFVM. Segundo os estudos, nos últimos anos a Estrada de Ferro transportou, em média, cerca de 1 milhão de passageiros anualmente. O modal, além de mais seguro, é também mais barato para o viajante.>
Ao comentar sobre os investimentos que vão impulsionar a cadeia logística do Espírito Santo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, reforçou que a concessão da BR-262 depende somente da liberação do Tribunal de Contas da União (TCU), e que é uma das prioridades do governo federal.>
"Saindo o ok do TCU, a gente lança o edital". E completou: "O Estado vai ter ferrovia, vai ter rodovia, vai ter aeroporto, ou seja, a infraestrutura vai chegar aqui com força para impulsionar o crescimento do Espírito Santo, que está com contas ajustadas e com potencial enorme para o desenvolvimento.">
* Com informações de Geraldo Campos Jr.>
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