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Publicado em 27 de abril de 2021 às 17:30
- Atualizado há 5 anos
A possibilidade de arrematar bens como veículos e imóveis até pela metade do valor de mercado atrai milhares de brasileiros para o mundo dos leilões. Sem a opção de realizar os eventos presencialmente em função da pandemia do coronavírus, a saída tem sido disponibilizar as ofertas em sites criados por leiloeiros. No entanto, a facilidade do mundo digital também traz altos riscos de golpe, exigindo atenção redobrada dos compradores. >
O leilão virtual funciona de forma parecida com o presencial. O leiloeiro coloca os bens disponíveis com fotos, valor do lance mínimo e a data em que será realizado o leilão. Geralmente, o interessado tem um tempo determinado para dar o lance e aguardar o resultado. Quem vence recebe uma ordem de compra, efetua o pagamento e a entrega do bem arrematado é acertada com o leiloeiro.>
A facilidade de entrar em contato com os interessados acabou atraindo estelionatários que falsificam sites, simulam os leilões de bens que nunca chegarão às mãos do arrematante e, após receber o depósito do dinheiro, desaparecem.>
Foi o que aconteceu com o músico Júlio Cesar Vésper, de 34 anos. Não era a primeira vez que o capixaba se cadastrava em um site de leilões, mas acabou se cadastrando em um site falso que levava o nome do leiloeiro Alexandre Buaiz. >
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“Eu não estranhei nada, tudo parecia muito real e correto. Entrei e dei um lance em um veículo, só depois que descobri que era golpe”, relata. O falso leilão aconteceu no início de março e Vésper fez o depósito de R$ 16 mil, valor do lance oferecido. Até o momento ele não sabe se vai conseguir recuperar o dinheiro.>
A informação de que tinha arrematado o carro chegou com a pressão para que o depósito fosse feito naquele mesmo dia. Os estelionatários o pressionaram até que o dinheiro estivesse na conta. A entrega, no entanto, não estava acertada. >
Morador de João Neiva, no interior do Espírito Santo, Vésper se ofereceu para ir buscar o veículo, mas os bandidos disseram que levariam em sua casa com um guincho.>
"Eu disse que estava indo para Vitória, mas eles ofereceram levar de guincho. Estava trabalhando no dia e por isso fiz tudo correndo, sem desconfiar de nada. Quando foi no outro dia, começaram a surgir dúvidas", conta. >
Já era tarde demais. O depósito, feito no nome de uma pessoa física que supostamente era “agente fiscal” do governo, já tinha sido sacado. Até o momento, o músico não sabe se vai conseguir recuperar a perda. Fez boletim de ocorrência na delegacia, procurou o Procon e o banco, mas ninguém deu uma solução para o problema ainda. >
“Os bancos falam que não podem questionar as pessoas a motivação de abrir a conta, por isso não tem como impedir que alguém abra. Mas é muito estranho, se você pesquisar o nome e o CPF da pessoa que eu depositei o dinheiro não acha nada. Nem ação na Justiça, nem redes sociais, nada, é como se não existisse”, lamenta.>
Por pouco a empresária Priscila Barboza Gonçalves também ficou no prejuízo. Ela chegou a se cadastrar no site, enviar documentos e fazer um lance, mas por sorte, descobriu que o endereço era falso antes de depositar qualquer valor. >
Despretensiosamente, abiu o site do Tribunal de Justiça do Estado para acompanhar o andamento de outros processos quando se deparou com um aviso de que o site em que havia se cadastrado era uma fraude.>
Os dois registraram boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil, mas não tiveram orientações ou qualquer outra informação sobre o andamento das investigações. Por nota, a polícia afirmou que os casos seguem em investigação e as informações são sigilosas. O site acessado pelos dois capixabas já está fora do ar.>
"A PCES esclarece que o registro do Boletim de Ocorrência é de extrema importância para que todos os casos cheguem ao conhecimento da Polícia e sejam devidamente apurados. O registro da ocorrência pode ser realizado comparecendo pessoalmente a uma delegacia ou, preferencialmente, por meio da Delegacia Online", diz a nota.>
O professor de Direito da Faesa Fábio Bonomo, que é especialista em casos envolvendo leilões, explica que os casos de fraude têm se multiplicado, principalmente durante a pandemia de Covid-19 que suspendeu leilões presenciais. O professor ressalta que leilões se tornam muito atrativos pelos valores baixos, e a empolgação por economizar na aquisição de um bem pode tirar a atenção dos arrematantes. >
“O que as pessoas normalmente precisam fazer é ir fazer um BO na polícia para tentar investigar e encontrar os estelionatários e ter chances de recuperar o dinheiro. O banco não fica responsável porque não é obrigado a saber qual o motivo das contas que são abertas e os estelionatários desaparecem sem deixar vestígios. É muito difícil encontrar, sendo sincero, quase impossível”, analisa.>
Existem, no entanto, ações de prevenções que podem ser tomadas por aqueles que gostam e pretendem continuar participando dos leilões. Bonomo garante que se seguir as recomendações de segurança, a prática se torna segura e confiável. Veja as principais:>
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