Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 05:00
O Espírito Santo precisará dobrar o valor investido anualmente em saneamento básico para conseguir fornecer água potável e esgoto tratado para toda a população até 2033. A informação faz parte de um estudo feito pela GO Associados a pedido da ONG Trata Brasil. >
O novo marco legal do saneamento, sancionado pelo governo federal em julho deste ano, determina que Estados e municípios providenciem a universalização do serviço nos próximos treze anos. >
Segundo o levantamento, 88% da população capixaba têm acesso à água e 55% à rede de esgoto (dados de 2018). Os pesquisadores analisaram o valor médio investido pelo poder público e privado - incluindo a Cesan, governo estadual, sistemas autônomos municipais, PPPs e concessão - entre os anos de 2014 e 2018 e fizeram uma projeção do quanto custaria atender a pelo menos 90% dos moradores do Estado até 2033.>
Os resultados mostram que, no período analisado, os provedores desse serviço investiram, em média, R$ 288 milhões por ano (em preços corrigidos para 2018). Contudo, eles estimam que seriam necessários mais R$ 20 bilhões para universalizar o saneamento, o que equivale a R$ 699 milhões anuais durante 15 anos (entre 2019 e 2033). >
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Os dados utilizados no estudo são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), do governo federal, que é defasado em dois anos. Por isso, não são contabilizados os anos de 2019 e 2020 na análise. >
Embora o Espírito Santo precise dobrar o investimento em saneamento para alcançar a meta, ele figura entre as unidades da federação com melhor desempenho nesse setor. >
O Amapá, por exemplo, precisa investir 18 vezes mais nos próximo anos do que fez anteriormente. Goiás e Bahia, precisam triplicar o valor. Minas Gerais e Rio de Janeiro estão em um patamar próximo ao do Espírito Santo. >
Já São Paulo, Paraná e o Distrito Federal, obterão a universalização no prazo previsto pela lei mesmo se mantiverem os patamares atuais de investimento. >
Dos 78 municípios do Estado, 53 são atendidos pela Cesan. Desses, três têm contratos de Parceria Público-Privada (PPP) com a mesma empresa, a Aegea Saneamento. Na Serra, a parceria ocorre desde 2015 e em Vila Velha, desde 2017. Em Cariacica, o leilão foi concluído este ano. >
Já nos outros 25 municípios, a gestão do serviço de água e esgoto é feita pela própria prefeitura. A exceção é Cachoeiro de Itapemirim, onde o saneamento já é concedido a uma empresa privada. >
O marco legal do setor determinou que essas cidades que ainda não têm contratos precisam conceder ou privatizar os serviços de água e esgoto ou poderão perder preferência na obtenção de recursos federais. >
Para que municípios menores sejam atrativos aos investidores, a lei prevê que eles sejam organizados em blocos, que combinem cidades grandes e pequenas, e leiloados em conjunto. Os integrantes de cada bloco serão determinados pelo governo do Estado no prazo de um ano após a publicação da lei. Caso o ente estadual não faça a escolha, ela será determinada pelo governo federal. A adesão por parte do município, contudo, é voluntária. >
O governador Renato Casagrande já confirmou que pretende unir cidades do litoral Sul do Estado como Guarapari, Anchieta e Piúma (operadas pela Cesan) com Marataízes e Itapemirim (que hoje têm o serviço comandado por autarquias municipais) em um bloco que vai à leilão. >
A disputa deverá ser aberta para participação de empresas públicas e privadas. Para o governador, a expectativa é que a PPP do Sul capixaba se viabilize em cerca de dois anos.>
Em nota, a Cesan afirmou que investiu R$ 245,2 milhões em 2019 e deve fechar mais R$ 250 milhões em 2020. A companhia garantiu que alcançará a cobertura de 90% em todas as cidades onde atua até 2033, prazo previsto em lei. >
A aplicação dos recursos próprios mais os contratados junto o Banco do Nordeste, Caixa, BNDES, Banco Mundial, OGU, Funasa, Recursos do Tesouro Estadual (lucro reinvestido), totalizam um montante na ordem de R$ 2,5 bilhões para os próximos cinco anos, que elevarão a cobertura de 69% (set/2020) para 85% em dez/2025. Até 2030, alcançaremos a cobertura de 90%, considerado universalizado pelo novo marco do setor. Destaca-se ainda, a ampla capacidade de endividamento da companhia que permite, se necessário, a captação de recursos complementares para alavancar investimentos que assegurem o alcance da universalização, diz a nota (veja na íntegra embaixo).>
Nota da Cesan
O Governo do Espírito Santo, por meio da Cesan Companhia Espírito-Santense de Saneamento investiu R$ 245,2 milhões em 2019 e deve fechar mais R$ 250 milhões em 2020, totalizando cerca de R$ 500 milhões em dois anos, no aumento de infraestrutura e na qualidade dos serviços prestados nos 52 municípios onde está presente.
O maior plano ambiental do Estado, o Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, que vai beneficiar cerca de 1,7 milhão de habitantes, foi reestruturado e alavancado no ano passado, garantindo o financiamento junto ao Banco Mundial (Bird) de US$ 323 milhões em obras estruturantes de saneamento básico, ratificando o compromisso do Governo do Espírito Santo com o desenvolvimento social, ambiental e de saúde pública com a população capixaba.
Outro passo importante foi a assinatura dos contratos na modalidade Turnkey para as obras dos sistemas de esgotamento sanitário em 23 bairros de Cariacica e Viana, municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), onde serão aplicados R$ 180 milhões.
As obras já foram iniciadas. Dessa forma, associadas às Parcerias Públicos-Privadas em andamento nos dois municípios mais populosos do estado, Serra desde 2015, Vila Velha desde 2017 e agora, a recém licitada PPP para Cariacica, temos um cenário favorável e real a universalização antes 2033, como prevê a legislação vigente.
A aplicação dos recursos próprios mais os contratados junto o Banco do Nordeste, CAIXA, BNDES, Banco Mundial, OGU, Funasa, Recursos do Tesouro Estadual (lucro reinvestido), totalizam um montante na ordem de R$ 2,5 bilhões para os próximos cinco anos, que elevarão a cobertura de 69% (set/2020) para 85% em dez/2025.
Até 2030, alcançaremos a cobertura de 90%, considerado universalizado pelo novo marco do setor. Destaca-se ainda, a ampla capacidade de endividamento da companhia que permite, se necessário, a captação de recursos complementares para alavancar investimentos que assegurem o alcance da universalização.
É possível afirmar que o Espírito Santo está, na prática, priorizando o saneamento e a transformação efetiva da realidade de mais de 2,7 milhões de capixabas que estão nas 53 cidades atendidas pela companhia. A partir deste ano, a empresa assumiu a prestação de serviços da Orla de Aracruz, balneário da região norte do Estado.
Outro lado
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